terça-feira, 10 de abril de 2018

Coração de estudante

A verdade é que a vida as vezes é meio engraçada. Mesmo passados quase 25 anos, o que - convenhamos - é um bocado de tempo, ainda lembro com certa precisão do meu primeiro dia de aula lá no "prézinho" da Escola Industrial, em São Chico. Era um dia de sol, fui apresentado a 'profe' Cleusa, e ali, naquela sala ao fundo do refeitório, comecei minha caminhada escolar.

Recordo-me que no início, e por um bom tempo, a vó Frida fazia questão de me levar pra Escola, preservando minha segurança pelas cerca de quatro quadras que separavam o colégio de sua casa. Até que em um belo dia, outro de sol, quem deveria buscar eu eu meu grande amigo Duda na aula de inglês não o fez, voltamos sozinhos - sãos e salvos, e ela finalmente se deu conta que eu havia crescido, e tinha o direito e o dever de poder ir e voltar sozinho da aula. Era parte do meu crescimento, afinal.

Muitos anos depois, já morando em Novo Hamburgo, vivenciei novamente a questão da importância do primeiro dia de aula, desta vez para o Arthur, meu irmão. Outro bocado de tempo, já que o antigo bebê da casa esta semana completa 19 anos de vida. É tempo, poxa! Fecho os olhos e lembro daquele pequeno toco de gente, vestindo o uniforme - cuja bermuda parecia uma calça, sorrindo feliz com sua mochila nas costas. A fotografia daquele momento se perdeu na mão de sua fisioterapeuta, que nunca mais a devolveu, mas a imagem daquele momento é eterna em minha mente.

Aí, passou mais um pouco do tempo, e chegou o meu primeiro dia de aula na faculdade. Mas desse dia, em específico, não recordo muito bem. Ao chegar na fase adulta, talvez entendesse aquela ideia de seguir a vida de estudante como um fardo. Uma pena! Hoje, ouso dizer que os tempos de estudante são os melhores das nossas vidas!

Por falar em vida, ela ainda reservaria outro momento ímpar na minha, na da Mariana e na do Bernardo: o primeiro dia de aula do meu biscoito (nunca haverá de perder este conceito, ao menos em meu coração).

Ninguém precisa me dizer que isso é importante para uma criança, qual seja, ir para a escola, fazer amigos, aprender a dividir e se tornar um ser humano melhor. Mas, apesar de tudo isso, quando é o filho da gente, pensar em situações do gênero é coisa para um segundo plano. Logo, nada fácil foi ouvir e ver o choro do meu Bêzinho, que não queria deixar o colo da mãe. Que queria voltar pra casa, coisa que ele fez questão de repetir algumas vezes naquele momento.

Pois, hoje, já faz uma semana que ele está indo para escola, melenas presas num calor de abril, e somente hoje ele deixou eu tirar as fotos que ilustram este momento ímpar na sua vidinha e torturam os seus pais, que ainda teimam em pensar que seu bebê é de cristal. E apenas hoje eu criei coragem para falar desse momento que o Bernardo vive, assim como eu e a Mariana.

Ainda não me acostumei, admito. Mas terei de fazê-lo, pois, assim como eu precisava me libertar quando a Vó Frida foi convencida de que eu tinha o direito e o dever de ir sozinho para a escola, o Bê precisa exercitar dentro de si mesmo o seu coração de estudante.

O meu, pelo que se percebe, segue batendo dentro de mim. E o mesmo haverá de acontecer com ele a partir de agora. A cada dia batendo mais forte!


Que tu se divirta na escola, meu filho. E acima de tudo, seja feliz, sempre!

Papai e mamãe te amam!

PS.: se na posterioridade tu ler isso e achar teu pai careta, não tem problema. Haverei de suportar a crítica, biscoitinho eterno do papai!!! Hahahaha.

Um comentário:

suzy disse...

"Que momento", como tu mesmo dirias, meu amigo querido. Um momento único e eterno na nossa memória, sem dúvida. E a cada conquista do teu filhote, mais alegrias vai te trazer. Aproveita cada um, pois o tempo não passa, ele voa. beijos nos três.