Este espaço é o palco para minhas manifestações de todos os gêneros, e não só do gauchismo. A cada nova temporada vou mudando a minha forma de abordagem, basta ver e reler publicações mais antigas, pois, não fosse assim, talvez já tivesse posto um ponto final neste projeto que muito me orgulha, mas as vezes parece um fardo. Não é simples, como parece, escrever semanalmente. Dois textos ainda por cima... é como parir bigorna, em uma porção de vezes.
Gosto de falar do cotidiano e de coisas normais de vida, que aconteceram ou acontecem a cada novo tempo. Um ano novo é um novo tempo e me parece que nada será como antes...
Ano passado me dei conta que nunca havia falado sobre finados, fazendo uma referência dias depois a isso. Não que seja um tema de imperiosa relevância para este espaço. É mais pela mística mesmo e é disso que optei por falar, hoje, no dia de finados.
Cresci com a ideia de que finados é sempre um dia de fortes ventos. De quando lembro, dirigindo-me à Cazuza Ferreira, onde lá se encontravam os entes que já partiram, um dia bonito de sol, daqueles com o céu chamado de brigadeiro, e vento. Um vento implacável.
Seria a manifestação dos mortos de que por ali estavam?
Não sou muito adepto a questões que ultrapassam a realidade concreta. Não duvido da vida abstrata, respeito, só que não penso muito nisso.
Nunca mais fui à Cazuza no dia de finados. Nunca fui no cemitério de São Chico em dia de finados, ainda que lá esteja repousando o querido Vô Netto.
A bem da verdade não sou apegado a crenças e religiões. Tenho as minhas, é claro, mas são tão particulares que não se apegam as que por aí estão e são reconhecidas. Já fui diferente, como talvez o seja ali na frente. O barato da vida está justamente em não criar muitos estigmas. Certo? Não sei, mas foi o que me veio a cabeça neste momento. Cada um deve falar por si e viver da mesma fora, talvez.
Agora, no que tange ao vento de finados, este parece que tem sempre. Semana passada alguns dias pareciam finados: bonitos e ventosos. O grande e imortal Érico Veríssimo falou do vento de finados em alguma das obras da saga "O Tempo e o Vento". Ninguém como ele retratava passagens do tipo com tamanha precisão e comedimento, ao mesmo tempo. Um Mestre!
Me encanta a vida do interior e suas particularidades. Não consigo, pois, pensar em viver isso mais de perto. A ideia de sociedade subjetiva que existe em Novo Hamburgo e cidades de maior porte me instiga bem mais. Tento sair daqui, mas sempre retorno.
Seria um carma? É carma o vendaval de finados?
Não gosto de vento, logo, não gosto de finados. Simples assim. A razão? Não sei.
Basta ver e reler os texto que aqui já publiquei para ver que minha vida é feita de dúvidas.
Muitas, aliás.
2 comentários:
Gostei de ler!!
Parece com meu marido.
Não gosta de ventos.
Eu amo vento!!! Sair ao vento é como limpar a alma, não sei nem explicar, tamanha fascinação!
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