sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Ronco do Bugio

Os festivais nativistas já tiveram seu auge, admito, mas feliz de nós, gaúchos e gaúchas de todas as querências, que muitos ainda mantêm acesa, firme e forte, a chama da tradição. Um deles, o Ronco do Bugio, tem significado ainda maior, afinal, é o único que aceita apenas um ritmo; além do mais é cria da minha terra, São Francisco de Paula.

Pois, hoje, a gaita vai roncar mais forte nas dependências do CTG Rodeio Serrano, pois o 25º Ronco do Bugio acontece com a mesma fama e galhardia que já tinha há quase três décadas atrás, quando iniciou embaixo de um lonão de circo.

De lá pá cá, ao longo das edições anteriores, grande nomes da nossa música regional se consagram no palco do Ronco do Bugio. Do primeiro, vencido pelo grande Leonardo acompanhado pelo conjunto Os Monarcas, até o último vencido por Jorge Freitas e Érlon Péricles, o troféu já passou pelas mãos de Elton Saldanha, Gonzaga dos Reis, Antoninho Duarte, Adair de Freitas, José Claro, o Zezinho, Pedro Neves, os sempre inesquecíveis Rui Biriva e Edson Otto, além de outros tantos músicos de qualidade indiscutível, cuja lembrança a memória agora me trai.

Nunca me esquecerei do 10º Ronco do Bugio, o Ronco dos Roncos, uma ideia brilhante de reunir os 10 vencedores anteriores disputando um novo troféu, vencido pelo grande Leonardo, desta vez acompanhado pelo grupo Rodeio. Sem medo de errar, a sua “Levanta Bugio” é o maior ícone do festival, já que levou dois troféus e nunca sai da cabeça daqueles que gostam do velho e bom tranco macio:

 “Destapei o caixão e o danado sorriu
   O Bugio não tá morto, levanta bugio.
   Não te finge de morto, levanta bugio
   Que o bugio é serrano e não morre de frio”
 
Eu estava lá, num ginásio municipal lotado como nunca mais vi. Impressionante!

Embora tenham se passados alguns anos sem a realização do festival, felizmente o caminho foi retomado e grandes artistas da nova geração, além dos já consagrados, tem passado por lá nos últimos tempos.

Não conheço gaúcho que vá num fandango e consiga sair sem dançar um bugio. No dois para lá e dois para cá o coração vai pegando o ritmo do embalo e pulsa como se fosse o ronco do bicho ou da baixaria de uma cordeona serrana e campeira.

A história da música gaúcha estará sendo ampliada de hoje até domingo, nos campos dobrados de São Chico de Paula. Além das músicas concorrentes, teremos no palco Os Monarcas, Os Serranos, Elton Saldanha e Cezar Oliveira & Rogério Melo.

Dúvida do sucesso? Nenhuma!

E é no sucesso d’Os Mirins que encerro, pois to boleando a perna no rumo da minha terra:

“É no ronco do bugio na serra que foi meu ventre
Que o crioulismo floresce e desce pro continente”

Grande abraço a todos.

PS.: Para quem quer passar o final de semana em São Chico fandangueando, no domingo tem bailanta com Os Mateadores, na Sociedade 9 de Julho. Pobre da sola da minha bota...
 
Texto publicado concomitantemente com a coluna CHARLA DO CAMPEIRO, no sítio da http://www.radiocampanha.com/. Ouça a RÁDIO CAMPANHA e aproveite o melhor tranco do bugio!

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