sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Tributo ao Mestre


No quase longínquo ano de 2010, quando lastimavelmente tive de noticiar o falecimento do imortal Leonardo, referi que perdíamos o Jader Moreci Teixeira, mas seu legado e sua história construída junto a nossa música não morreria jamais! Pois para minha felicidade, no ano de 2013 o amigo Régis Marques, a saber um dos grandes acordeonistas deste nosso Rio Grande, juntamente com seu Grupo Rodeio, lançou um disco em homenagem ao grande Leonardo, com um título que trás a essência da realidade: "Tributo ao Mestre".

 Um disco em quantia, Senhoras e Senhores. Um belíssimo trabalho que obrigatoriamente deve estar na estante das pessoas ou no cd player de seus carros. Sucessos como "Tertúlia", "Viva a Bombacha", "Gaúcho Macho", "Morocha Não", "Céu, Sol, Sul, Terra e Cor" e muito mais. Destaco também "Levanta Bugio", com a qual, juntamente com Os Monarcas, Leonardo venceu a primeira edição do Ronco do Bugio, lá na minha querida São Chico de Paula. É só sucessos!

Além dum belo encarte, que trás a qualidade Acit de sempre, uma história contada por Régis Marques me chamou muito atenção. Escreveu o gaiteiro que quando no início de sua carreira, teve sua gaita roubada. Então, juntamente com sua mãe, dirigiu-se à galeria do Rosário, em Porto Alegre, onde boa parte dos músicos e conjuntos tinham escritório na época, fins de buscar um auxílio para comprar um novo instrumento. Ao bater na porta de Leonardo, o mesmo disse que já conhecia o trabalho do Régis e, na mesma hora, pegou o telefone e comprou uma nova gaita e lhe deu de presente. A partir dali, nasceu uma grande amizade e uma parceria de palco de mais de vinte anos.

Por tudo isso, agregado a qualidade indiscutível de Régis Marques e Grupo Rodeio, é que não tenho dúvida que um trabalho de tributo ao mestre Leonardo ficou em boas mãos. Um disco em quantia, repiso. Devido aos grandes sucessos do Mestre, que não cabem num só disco, ficamos agora na espera de um segundo volume. 

Parabéns Grupo Rodeio pela iniciativa e pela qualidade do trabalho.

O lançamento é da gravadora Acit (www.acit.com.br).

Abraço e bom final de semana a todos.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Os homens não perdoam

A chegada do amigo Rodrigo de Bem Nunes como novo colaborador deste blogue não está diretamente ligada ao meu abandono de temas mais polêmicos do cotidiano, mas confesso que é uma tendência natural que eu volte a me dedicar mais para aquilo que fez surgir este espaço, qual seja, o tradicionalismo gaúcho. Aos poucos o Rodrigo anda recebendo mais elogios e trazendo novos leitores, a ponto de eu já ter pensado que chegará o dia que me mandarão embora daqui (risos). Brincadeiras à parte, fico muito feliz com o sucesso do meu amigo algo, aliás, que vem desde os tempos em que estudávamos juntos no Colégio Santa Catarina. O assunto que abordarei hoje será um dos últimos textos em que escreverei sobre assunto com relativa polêmica. E terá, como de costume, opinião. Falarei sobre o transcurso de 1 ano da tragédia de Santa Maria.

Inegavelmente este é um tema que mexe com todas as pessoas, pois causou tamanha repercussão e comoção social. Não sei o que passa na cabeça dos familiares das vítimas e espero nunca ter de saber. Entendo que a dor e necessidade de se fazer justiça é algo que se perpetuará no tempo e se manterá nos corações desta gente. Logo, não creio que devemos esquecer tudo que ocorreu, mas é preciso dar um passo a frente. Do contrário, nunca seremos pessoas mais evoluídas e tragédias como a ocorrida a exatos 365 dias haverão de ocorrer novamente.

Jornais e periódicos da capital e interior deste estado tiraram o dia de ontem para remoer a tragédia em detalhes. Não estão errados, afinal, o negócio deles é vender e obter lucro, como toda e qualquer negócio. Mas é melhor relembrar ou tentar esquecer? Se por um lado a relembrança nos trás a tona a necessidade de se fazer justiça e encontrar algum (ou alguns) culpado e que estes sejam punidos, bem como que o poder público e nossos legisladores hajam para o fim de coibir novas catástrofes do gênero, acho que a alma das vítimas e as próprias famílias precisam serem respeitadas e o esquecimento relativo do fato tem de ser construído. Quando falo em esquecimento não pugno pela impunidade de nada e nem ninguém, mas sim na continuidade da vida. Por isso, a relativização. 

Se me perguntassem o que imagino pensarem os familiares, certamente falaria que, para eles, o papel da imprensa é fundamental, pois não deixam o povo transformar o fato em mais um infortúnio da vida. Mas é preciso ter cuidado. Tanto os donos da Kiss quanto os músicos da banda que se apresentava no local já estão condenados pela mídia. Basta definir a pena. Divirjo e muito nisso tudo. Há muito mais gente envolvida que fora isentada de culpa preliminarmente. E desde o dia do fato não creio que os acusados tenham agido com dolo, de modo que em sendo processados, assim deveriam por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar.

E para aqueles que acham que a nossa legislação é branda, falha e que o Código Penal é bonzinho demais para os bandidos, quero que saibam que as leis penais foram feitas para a proteção dos inocentes e não a dos culpados. A julgar as falhas e dificuldades que temos na condução de um processo criminal, dar munição para os inocentes é sinal de asseguramento da não perpetuação da injustiça.

Em suma, no tocante ao episódio de Santa Maria, é preciso conter a emoção e conduzir a instrução processual de forma inidônea, sob pena, não raro, de cometermos mais injustiça ainda. Encerro este com as palavras magistrais de Francesco Carnelutti, em As Misérias do Processo Penal (p.77):

"Nem aqui seja dito, ainda uma vez, contra a realidade que se quer de fato  protestar. Basta conhece-la. A conclusão de havê-la conhecido é esta: as pessoas crêem que o processo penal termina com a condenação e não é verdade; as pessoas crêem que a pena termina com a saída do cárcere, e não é verdade; as pessoas crêem que o cárcere perpétuo seja a única pena perpétua; e não é verdade: A pena, se não mesmo sempre, nove vezes em dez não termina nunca. Quem em pecado está perdido, Cristo perdoa, mas os homens não".

Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Interpretam Sucessos Gaúchos Vol. 3


No fechar das porteiras do século passado, precisamente no ano de 1999, Os Serranos lançaram um novo trabalho na praça em alusão aos grandes sucessos gaúchos da nossa música, com novos arranjos e a qualidade característica do grupo de Bom Jesus, liderado pelos irmãos Dutra. Em 2003 veio o segundo volume do projeto e 10 (dez) anos depois, em 2013, surgiu o terceiro disco do tema.

Mais uma vez, Os Serranos fazem um apanhado de grandes sucessos da música gaudéria, alguns mais antigos e outros mais atuais. Como o próprio título do disco já diz, "Os Serranos: Interpretam Sucessos Gaúchos Vol. 3"; logo, é difícil destacar alguma composição ou outra, uma vez que estamos diante só de coisa boa. Entretanto, para não me furtar, farei destaque algumas que muito agradam a este que vos escreve:

- Cantador de Campanha, Batendo Água, Coplas de um Viramundo, Barranca e Fronteira, Casamento da Doralice e Sentimento. Mas impossível não destacar também: Todo Mundo Veio Pro Rodeio; Vaneira Grossa, Fandango em Soledade, Bugio Novo e Do fundo da Grota.

Enfim, é só filé! Ademais, afora o belo repertório, a qualidade dos arranjos padrão Os Serranos, que dispensa comentários. Depois, é de fazer referência também que este é o primeiro disco com a participação do Madruga nos vocais, o que foi um acréscimo de fundamento.

Belo trabalho. Parabéns Os Serranos!

O lançamento é da USA Discos (http://www.usadiscos.com.br/).

Abraço e bom final de semana a todos.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

O inferno e as boas intenções

Há um ponto de convergência entre um manifestante, um salvador de Beagles, um mensaleiro, um ativista global e alguém que defende um “rolezinho” de 5000 jovens num shopping: Este ponto é a boa intenção que justifica meios deploráveis. Leia, se puder:


● O manifestante: Tão útil como gritar “Corrupção nunca mais” é gritar “Tempestades nunca mais”. Mas pegava muito mal falar isso enquanto o Anonymus consertava o Brasil trancando uma via expressa para protestar. Ele tinha a intenção de melhorar o país. Danem-se ambulâncias ou a liberdade de ir e vir de quem não faz parte da manifestação. Esse papo é coisa de chato que não tira a bunda do sofá.

● O salvador de Beagles: Resgatam cachorrinhos de raça, mas deixam ratinhos para trás. Usaram métodos criminosos, como invasão e depredação, mas foram defendidos por muita gente, pois a intenção deles era nobre; acabar com o sofrimento dos animais (mas apenas cães de raça).

● Mensaleiros: Corruptos e condenados, eles pedem doações de dentro da suas celas diferenciadas para pagar as multas por seus crimes e o que recebem da população? Dinheiro vivo, lógico. O mensalão teria sido um mal necessário para cumprir com plano maior que acabou não dando tão certo. Mas não se desespere Dirceu, o povo está lá, sempre disposto a ajudar, seja dando dinheiro, seja votando.

● A ativista ambiental: Um carroceiro recicla mais lixo em 1 dia do que a ativista do Greenpeace em 80 anos. Mas ela muda o mundo lá do mar da Rússia, onde convenhamos, é muito mais glamouroso. Esculhambar com uma plataforma de petróleo é entendível, pois isso foi para criação de uma reserva natural no Ártico. E defender o Ártico é aquela coisa... valida transgressões e te coloca acima do bem e do mal.

● Os rolezeiros: Eles são jovens que foram dar um “role” no shopping para protestar contra o preconceito social, vestidos com as roupas que compraram no shopping há alguns dias atrás. Bem, quem aprovaria bagunça, correria e gritos não só num shopping, mas em qualquer lugar? Tem gente que aprova. Geralmente quem tem a intenção de praticar o esporte favorito da esquerda: posar de vítima.


Como se pode ver estes personagens são contraditórios, mas ganham muita aprovação. Porque?

Não raro, a pessoa que discorda destes personagens é rotulada de “polêmica” ou “do contra”, o que resulta numa certa intimidação. Um desinformado, com mais pavor de ser ridicularizado do que disposição para pensar, acaba optando pelo caminho que rende mais curtidas: Valoriza a boa intenção em detrimento do resultado causado ou do meio utilizado. Mas é bom ter cuidado... O lugar mais cheio de boas intenções que se tem notícia não é muito agradável.

Por Rodrigo de Bem Nunes

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Meu Chão Gaúcho


Representante legítimo da música serrana do Rio Grande do Sul, o conjunto Os Tiranos, patrícios de São Chico de Paula, já está consolidado no cenário musical sul-riograndense e já nos brindou com inúmeros sucessos, dos quais destaco Gaúchos do Litoral, De um Canto Saudade, Brasil de Bombacha, Querência Vazia e etc.

Pois nos brinda com mais um belo trabalho, "Meu Chão Gaúcho", que trás um apanhado dos tradicionais ritmos da nossa música gaúcha, como vaneira, chamamé, milonga, rancheira e, é claro, o bom e velho bugio. Um disco em quantia, daqueles que não pode faltar no porta luvas de carro algum. 

Recheado de músicas boas, ouso destacar algumas: a música de trabalho "Meu Chão Gaúcho", mais uma baita composição do grande Luiz Cláudio, dos Garotos de Ouro, que faz uma participação especial na faixa; "Meu mundo, Gaita e Cavalo", de Thunão Pereira e do Madruga, dos Serranos; o chamamé "Hoje Vim Pro Amor", também do Luiz Cláudio; a milonga "Serenata", do grande Telmo de Lima Freitas, sucesso na voz de Porca Véia e um baita bugio, que merece parágrafo especial.

Falo-lhes de "Tipo Bicho", letra do meu amigo e patrício Léo Ribeiro, com melodia de Angelo e Ricardo Marques. Uma preciosidade, amigos e amigas. É daqueles de dançar meio de lado e que tem uma letra com fundamento e tradição: "Eu sou o que sobra de um tempo que foi, garrão encardido da curva da espora, me sinto à vontade no meio dos bois, meio tipo bicho pras coisas de agora", diz a primeira parte do refrão. É um bugio de quatro costados!

Inicio esta maratona de indicações de discos regionalistas para os amigos e amigos por este, d'Os Tiranos, porque, para mim, foi o melhor disco lançado no ano de 2013. Por isto repiso, é daqueles que não podem faltar no porta luvas do carro.

Mesmo para aqueles como eu, "meio tipo bicho pras coisas de agora". 

O lançamento é da Gravadora Vertical (http://gravadoravertical.com.br/).

Forte abraço e bom final de semana a todos.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Expectativa do brasileiro

Na segunda-feira passada, ouvia o rádio enquanto dirigia e me chamou atenção um e-mail lido pelo apresentador, sob as expectativas do brasileiro para o ano de 2014: 

- De janeiro a março: esperar o carnaval, que este ano será no terceiro mês;

- abril: a grande quantidade de feriados;

- maio: fase pré Copa do Mundo;

- junho e julho: Copa do Mundo;

- agosto: pós Copa do Mundo e esquenta para eleição presidencial;

- setembro: eleição presidencial fervilhando;

- outubro: 1º e 2º turnos da eleição presidencial;

- novembro: diante da falta de feriados, de repente o ano começa!;

- dezembro: preparação para as festas de final de ano.


Cousa louca, vai dizer! Por este ponto de vista, não dá nem para sonhar que o Brasil é um país sério; tampouco que o tal de BBB é o culpado dessa chinelagem toda (a respeito do texto compartilhado no facebook pelo meu amigo Antônio, que ousei discordar, talvez num momento de devaneio inoportuno - risos). Como disseste bem o amigo, o buraco é mais embaixo. Embora, aqui, eu faça uma ressalva para reforçar que continuo achando a tal "atração" o supra sumo do lixo. Mas, não vem ao caso.

Fico me perguntando se fosse um empresário estrangeiro, de qualquer país, ao consultar alguém sobre investimentos no Brasil e essa pessoa, de forma sincera, alertasse para tal circunstância. Eu investiria no Brasil? Óbvio que não! E assim começa (na verdade já começou faz tempo) o desalento das pessoas com a máquina toda e, por derradeiro, com a política. No fim das contas, o Brasil nada difere daqueles países mequetrefes que aparecem nos filmes americanos, recheados de corrupção e subversão do povo. Isso porque, por aqui, a maquiagem é tão bem feita que até parece que estamos no caminho certo.

Mas, fazer o que... Aliás, nem sei porque sigo falando sobre este tipo de tema. O povo, na sua maioria, não quer saber disso. O importante é o carnaval, os feriados, copa do mundo, ceia de natal e etc. e tal.

Boa semana a todos.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Chasque de verão

Num dia como hoje, em que o mormaço toma conta do Vale do Sinos e a chuva, pasmem, não vem, até os argumentos se tornam escassos. Por falar em chuva, vale frisar que ela tem contornado Novo Hamburgo e caído noutras moradas. Assim, vamos de chasque de verão:

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Ando cada vez mais desiludido com a política brasileira e com os políticos, por consequência. Os episódios ocorridos no Maranhão e as desculpas esfarrapadas do clã Sarney só corroboram com isso. De fato, num país como este, a esperança não é a última que morre, pois, se olharmos as coisas com vistas abertas, veremos que sequer existe.

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Começou ontem o Rodeio de Canela, tradicional evento dos inícios de janeiro. Para coroar, com grande baile animado pelo grupo Rodeio. Hoje, tem fandango macanudo com Os Tiranos e amanhã com os Mateadores. Perguntinha: choverá as pencas no Saiqui como ocorre todo ano no rodeio?

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No fechar das porteiras do já finado 2013, adquiri 3 (três) dos cinco melhores lançamentos musicais gaúchos de 2013. A partir da próxima sexta-feira, a princípio, traçarei comentários sobre as obras por aqui.

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Falando em rodeio, tá chegando mais uma edição do grandioso Rodeio da Vacaria, o maior do Rio Grande. Também teremos mais uma edição do já consolidado festival "Cante uma Canção para Vacaria". As letras das músicas concorrentes estão disponíveis no sítio do evento (www.rodeiodevacaria.net).  Acesse e confira!

Aliás, falando nisso, mais uma vez a querida São Chico estará bem representada no festival. Desta vez com "O Último Vacariano", dos amigos Léo Ribeiro e Volnei Gomes. A interpretação será autêntica e campeira no vozeirão de Volnei Gomes.


Abraço e bom final de semana a todos.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Doce ilusão?

Quando se vive num país como o Brasil é preciso ter a cristalina consciência de que o que está ruim sempre tende a piorar. Vejamos o caso do ato político que devolveu ao poder público a administração dos pedágios, por exemplo. Data máxima vênia, não há motivo algum para comemorar. Senão vejamos.

Embora eu detestasse ter de pagar o preço abusivo na praça de pedágio existente entre Canela e São Francisco de Paula, tenho que admitir que após a concessão a estrada sempre esteve em boas condições de trafegabilidade, quer na ERS 235 ou na trecho Três Coroas/ São Francisco da ERS 020. Antes do pedágio, Senhoras e Senhores, chamar, principalmente o trecho da ERS 020 mencionado de lixo era elogio, acreditem.

Pois agora, o nosso Estado do Rio Grande do Sul apresenta com pompa a EGR – Empresa Gaúcha de Rodovias, um ente público que fará as vezes de concessionária e será responsável por nossas estradas. Oremos! Por que digo isso? A praça de Campo Bom fora assumida pela EGR desde sua fundação, há alguns meses. De lá para cá, o que se viu foram muitas propagandas e uma “remodelação” das cabines de cobrança do pedágio. Para não dizer que só critico, começaram a pintar as faixas da pista, há não mais que um mês. Já os buracos que surgiram continuam no mesmo lugar e, pasmem, intocáveis!

Louvável a ideia da administração de Tarso Genro. De fato, na teoria, reassumir as praças de pedágio é favorecer o povo, que já paga impostos a perder de vista. Ocorre, porém, que na prática é uma doce ilusão. A EGR depende de licitação para tudo e isso engessa o serviço público. Sou daqueles que acham que o processo licitatório, em muitas circunstâncias, é um bem dispensável e digo por que: a uma, que a corrupção corre livre e bem solta com licitação ou sem ela; a duas, que o processo licitatório é interminável e só burocratiza a resolução das mazelas que afetam a população em seu dia a dia. Assim, pode ter certeza que logo a buraqueira tomará conta da ERS 020, a julgar pelo transito pesado que tem passado por lá. A propósito: quando o poder público vai dar uma fiscalizada mais intensiva nos bitrens que diariamente tem tomado conta da estrada citada?

Nas praças de pedágio encampadas pela EGR ouve redução de R$ 2 na tarifa. Ótimo. Entretanto, só poderemos comemorar se a coisa realmente funcionar. Se houver a conservação da estrada em boas condições; se mantiverem o serviço de ambulância e guincho (estes são os primeiros a pular da barca) e etc. Do contrário, a julgar que um bom pneu custa mais de R$ 200, este desconto se transformará em prejuízo rapidinho.

Eu nunca fui favorável às privatizações. Entretanto não sou hipócrita em achar que o serviço público no Brasil seja bom. Ouso dizer que no Brasil o serviço público é um desastre, como um todo. Assim, tenho que esperar para ver. Tomara que as linhas acima descritas sejam devaneios de um cético. Ou, a julgar pelos incontáveis exemplos que temos, dá para afirmar que, de fato, neste caso, a a ilusão é adocicada?



Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Tréplica ao Observador

Vou destacar algumas passagens do bom texto escrito pelo Bruno, intitulado “O observador”, em vermelho. A minha singela tréplica está em azul.

“Me imaginava como um militante da esquerda, nos primórdios da minha luta política. [...]Com o passar do tempo e o meu amadurecimento como pessoa, cheguei a clara conclusão que de esquerda eu nunca fui. Mas também não podia me considerar de direita. Logo, sou do centro? [...] Não posso ficar em cima do muro. Sou do que então, afinal?”

Há uma citação espetacular atribuída por alguns a Clemenceau e por outros a Churchill, que diz o seguinte: "Um homem que não seja socialista aos 20 anos não tem coração; um homem que permaneça socialista aos 40 não tem cabeça". Nada mais natural então que considerar-se de esquerda quando jovem. Esquerda é a ideologia que abraça causas utópicas e é na tenra juventude que geralmente se quer mudar o mundo. Mas à medida que crescemos, percebemos que antes de mudar o mundo temos de arrumar o quarto e antes de gritar por justiça social, temos de procurar um emprego para poder se sustentar. Tu perguntas “sou do que”? Não se preocupe com isso. Para fazer e acontecer não há necessidade de pertencer a um grupo ou a uma categoria. Basta ser um indivíduo de princípios coesos e ideais realistas.

[...] em um país livre, tal qual o nosso, as pessoas podem (e devem) ter o direito de simplesmente não querer saber de política.[...] Eu jamais deixarei de gostar da política, aquela tradicional fomentadora do debate. Mas não gosto da política apresentada hoje em dia. [...] Desta forma, sou um dos tantos que, hoje, não estaria disposto a abraçar o teu exemplo de partido. Fugindo da raia? Não, apenas esperando e observando.

A primeira questão aqui é sobre a própria definição de política, que geralmente é confundida com partidarismo. Não pensemos que alguém politicamente atuante precisa ter filiação ou ser um militante. No meu entender, acompanhar o noticiário, interpretar notícias, debater fatos respeitosamente e ter opinião própria já são grandiosos atos políticos. Por isso eu evito falar que “não me interesso e todos tem liberdade para não se interessar”; frases assim, apesar de estarem baseadas num direito, apenas estimulam votos alienados que cairão no colo de algum candidato duvidoso. Aqueles que não se interessam por política são geralmente governados por aqueles que se interessam.

Poderia eu entender que esperar e observar seriam atitudes neutras? Há de se estar atento. Colocar-se como neutro é ficar sempre do lado de quem é mais poderoso. Explico: Se alguém vê um menino de 15 anos disputando uma bala com um menino de 5 anos e diz “Não vou me meter”, bem já se meteu. Porque ficar omisso é ficar do lado de quem vai ganhar e é claro, no exemplo dado, o de 15 anos ganhará do menino de 5.


Esta tréplica não tem como intenção causar polêmica ou ganhar uma discussão. Obviamente sou firme nos meus pontos de vista, e o leitor decide o melhor argumento. Mas meu objetivo aqui é mostrar que a amizade e o companheirismo convivem com a divergência de ideias. Ganham o blog e acredite.... o país!

Por Rodrigo de Bem Nunes

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Beira mar

Diretamente de Rainha do Mar, no nosso aconchegante litoral norte gaúcho, passei uma bela virada do ano, sob vistas duma bateria de fogos de artifício de dar inveja. Por mais de dez minutos, o céu fora abrilhantado por um bonito show de fogos, tornando o reveillon de 2014 inesquecível.

A julgar pelo que dizem, que o que acontece na virada representa o resto do ano, ouso dizer que o meu será brilhante. Tomara que tal profecia se concretize! 

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Por falar em profecia, disse a Mariana que Iemanjá está feliz. Concordo plenamente, uma vez que o mar neste primeiro dia do iniciado 2014 nunca esteve tão limpo, bonito e com temperatura agradável como a de hoje. Ao menos desde sábado, quando por aqui cheguei.

Nos dias anteriores, a orla bombava mas a quantidade de pessoas que se banhavam não representava um décimo das pessoas que estavam frequentavam a planície de areia do nosso litoral. Hoje, já foi bem diferente.

Começar o ano podendo se banhar num mar limpo, de água quente e verde não tem preço. Foi para purificar a alma. De parceria, um solzão para não botar defeito!

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A briosa Brigada Militar sempre mereceu o meu respeito e não tem me decepcionando nesses últimos dias. Para variar, não faltam espertos que acham que tem o direito de colocar seus carros à beira mar, chafurdando o espaço de veranistas e banhistas.

Mas aí, passa o helicóptero da Brigada num voo rasante. Os mais descolados entendem o recado e já tiram seus carros. Os demais, se achando espertos, logo são surpreendidos por uma viatura da Brigada que encosta e acaba com a festa. Hahahahahaha. Chega ser cômico ver a fila de carros saindo as pressas e ... atolando na areia.

Parabéns Brigada Militar!

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Por aqui, seguimos a base de caipirinha, cerveja gelada e uma churrascada (na verdade, várias!) bem gaúcha. Hoje mesmo assei um carrézinho de ovelha para lá de especial. Oh coisa boa!

No mais, tudo tranquilo pelo remanso do Senador.

Abraço e bom ano a todos.