Hoje pela manhã andava pela rua
quando, passando em frente a uma obra civil, ouvi um rádio a
todo volume tocando musica gaudéria. Por coincidência,
não é a primeira vez que passo em uma obra e ouço
música alta; é bem comum, por sinal. O que não
é, de fato, é a música gaúcha ser a privilegiada.
Como está cada vez mais raro ouvir música gaúcha
nas rádios aqui do Rio Grande, cheguei a diminuir o passo para
ver se descobria qual estação os trabalhadores da
construção civil escutavam. Por sorte, acabou a música
(“Sobrancelha de Jacaré” – do Beto Caetano) e constatei
que o rádio sintonizava a Liberdade; uma das últimas,
ao menos na região metropolitana, que mantém
programação tradicionalista exclusiva. Mas nem tudo são
flores, infelizmente.
Pois para minha surpresa, dia desses,
sintonizei o '95.9', que há décadas acompanhava a
Liberdade FM, e fiquei parecendo barata tonta, eis que só
falavam de futebol. Logo imaginei que tinham dado fim na nossa Liberdade mas, indo atrás da notícia, descobri que a
Rede Pampa, detentora do prefixo, fez uma permuta com o '101.9', da
qual também é proprietária. Desde o início
deste mês quase findo, a Liberdade passou a usar o prefixo da
tal rádio grenal e vice e versa. Embora, ache um desprestígio
com a Liberdade, ao menos não se encerrou o canal
tradicionalista, tal qual o grupo RBS fará com a Rádio
Rural, que já não tem mais programação ao
vivo e, ao cabo de 2013, encerá suas atividades dando lugar a
programação exclusiva para a Copa do Mundo de 2014.
Lamentável!
Nesse sentido cumpre referir que a
Liberdade, praticamente, já não possui mais programação
ao vivo, salvo um programa no fim da madrugada comandado diretamente
dos estúdios da antiga Universal FM (também da rede
Pampa), direto da minha querida São Chico. Isso poderia me
levar a crer que a tradição gaúcha estaria
descendo a ladeira, principalmente no quesito comercial. Mas não
sei. A poucos dias atrás o ENART mostrou exatamente o
contrário, tanto que a TVCOM (do grupo RBS) transmitiu ao
vivo. Seria a música então?
Como músico que sou, sinto-me
no direito de traçar algumas críticas, principalmente
no tocante a qualidade da sonoridade atual. Vejo alguns grupos
gravando trabalhos medianos, com músicas do estilo “mais do
mesmo” e que já não empolgam os colegas de profissão
e o público em geral. Já não se formam mais
“hits” gaudérios, do tipo que todos os grupos se obrigam a
tocar porque o estado inteiro não para de ouvir. Há dez
anos atrás, “Batendo Água” estourou com Luiz
Marenco e hoje é obrigatória nos bailes. Logo depois, a
regravação de Os Serranos da música “Nossa
Vaneira” fez todo o estado conhecer e gostar da música e ela
também é peça obrigatória em qualquer
fandango. Agora, do início da década para cá,
não lembro de nenhuma música que tenha virado
unanimidade. Uma pena! Mas boto fé em “Floreando a Cordeona”
do grupo Os 4 Gaudérios, uma vaneira à moda antiga
daquelas de dançar de lado, tal qual preconiza o Porca Véia.
Parafraseando a música do Grupo
Rodeio, te pergunto: me dia aí, qual a rádio que tu
escuita?
Abraço e bom final de semana a
todos.
Ps.: como esperado, já é
sucesso a colaboração do Rodrigo de Bem Nunes. Se eu
não tomar cuidado, daqui a pouco me expulsam daqui (hehehe).