segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Carga pesada

Com razão os caminhoneiros de São Chico que na última quinta-feira trancaram a RS 020, pleiteando o reparo da rodovia que, pasmem, já está a mais de 30 dias intransitável. Criticava o governo estadual anterior, diante da buraqueira de nossas estradas, e para meu infortúnio este está caminhando no mesmo sentido. O fato de concordar com a atitude dos motoristas, não quer dizer que sou solidários aos mesmos de forma ampla, isso porque, continuo achando que são bastante perigosos os ditos caminhões bi-trens (popularmente "romeu e julieta") que descem a serra carregados até "as buias" de madeira, muitas vezes com velocidade incompatível com a via. 

Sim, as nossas estradas são muito prejudicadas pelo excesso de carga dos caminhões. Mas de quem é a culpa? Os madeireiros tem sua parcela de culpa, é inegável; agora, é preciso lembrar que, no caso de São Chico, a madeira ainda representa bastante para a economia, de modo que culpa-los, exclusivamente, chega a ser leviano.

Também não dá para empurrar para a gestão anterior, como muitos governantes atuais gostam de fazer. O mal teve início quando resolveram fazer lobby com as grandes montadoras, privilegiando o transporte terrestre em detrimento do rodoviário. Desde então, estamos pagando (e caro) pela má qualidade do serviço, em razão de estradas com péssima qualidade, e com a vida de milhares que todos os anos são ceifadas pelo nosso trânsito.  O que prefeitos, secretários e o governador tem de para de fazer é jogar para a torcida, tomando atitudes paliativas só para o povo achar que alguma coisa está sendo feita, e culpando, no resto, os que os antecederam.

Ademais, é preciso reforçar a fiscalização, evitando com que caminhões e carretas andem com excesso de carga, contribuindo para o "desmanche" das nossas estradas. Por isso, apoio o movimento dos madeireiros de São Chico com ressalva, mesmo porque eles são parte negativa, também, em todo este processo.

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Não gosto de falar de futebol por aqui, mas vamos lá. Meu time, do qual sou sócio e pago rigorosamente em dia, o Sport Club Internacional, faz uma campanha pífia no campeonato nacional, embora a folha salarial dos jogadores, dizem, bata na casa dos 10 milhões de reais, por causa de alguns fatores claros: o Presidente no futebol já demonstrou que é muito fraco. Basta lembrar quando foi Vice-Presidente de futebol e, logo depois, foi rebaixado a condição de diretor; os nossos atuais diretores, já que Vice de Futebol não tem, falam bastante, mas de futebol mesmo, a se ver, pouco entendem. Basta ver que não foram capazes de contratar jogadores para o sistema defensivo e por acharem que do jeito que está, está bom; por fim, nosso treinador que, faltando somente 3 meses para acabou o ano, sequer decidiu quem é a dupla titular de volantes, quiçá o restante do time. 
Não gosto de corneta, mas olha, tá difícil. Me sinto motivo de piada por estes que comandam, já que, como referido, pago minha mensalidade de sócio rigorosamente em dia.

Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A mudança

A história até parece coisa de novela, mas, acreditem, me garantiram que é verdade. Ao certo, é que a mudança definitiva para o litoral já estava encaminhada. Ela, percebera a oportunidade de sua vida, quando uma colega resolvera assumir um cargo público e seu lugar ficara vago. Logo, tinha a certeza que era a chance de ouro. Faltava, contudo, convencer o marido de que a ideia era boa. Poderiam, ao fim e ao cabo, descansar; ainda que a ida para a  praia não fosse uma aposentadoria por completo.

O marido não discutiu muito. Aparentemente, até mesmo gostou da ideia, tanto que fora atrás da viabilidade de eventual transferência. Estava dando tudo certo. Tudo certo mesmo. A transferência parecia ser vista com bons olhos pelo patrão. Assim, restava apenas bater o martelo e fazer a mudança, certo? Pois é.

Mas, e sempre tem um mas atravessando o caminho das pessoas, algumas coisas malucas sempre aparecem em meio a estrada. Nesse caso, era a gaita (cordeona, ou acordeom, como queiram). Ninguém sabe como, nem por que, mas aquela Todeschinni Super 8, relíquia de colecionador, apareceu e o marido, que já estava pronto para ir para o litoral satisfazer o sonho da esposa, teve optar pela emoção e comprou a gaita dos sonhos. Não havia mais o dinheiro para a mudança para o litoral. 

Contudo, a gaita anda roncando grosso pela casa, fazendo a alegria de amigos, familiares, vizinhos e mais uma porção de gaudérios. Até a esposa parece estar feliz. É o poder que uma gaita tem de semear a união e a alegria para toda a gauchada.

No tocante as mudanças que a vida nos proporciona, o certo é ter coragem para tomar as decisões. Por mais loucas que possam parecer.

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Hoje é dia do cantor e eu me pego a pensar no tempo em que cantei este nosso Rio Grande, levando a musica campeira e tradicional aos mais longínquos rincões deste nosso pago. A vida de cantoria, muitas vezes, aperta a saudade. Tempo bom era aquele.
Mas quem sabe ela não volte? Quem sabe.

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Amanhã pego o rumo dos campos dobrados de São Chico, para matar um pouco da saudade das coisas da minha gente. Que momento!

Abraço e bom final de semana a todos.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Não estou sozinho!

Para minha felicidade, e não esperava outra repercussão, senão de que não estou sozinho em defender a história riograndense daqueles que, por qual motivo não sei, se acham entendidos e ainda estão vivendo por aqui (já que dizem que vivemos num estado de história mentirosa). Com a propriedade de sempre, o amigo e patrício Léo Ribeiro de Souza, grande poeta, compositor e escritor do Rio Grande, no festejado Blog do Léo Ribeiro, trás no seu ponto de vista ponderações lúcidas acerca, nas suas palavras, das "diarréias verbais" profanadas por estes pseudos sei lá o que.
Com a devida vênia (e referência) ouso transcrever o texto na íntegra:

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TERÇA-FEIRA, 24 DE SETEMBRO DE 2013

ATÉ QUANDO ESTE "CHORORÔ"?


(EM CONTRAPONTO A UNS E OUTROS...)

Todos os anos, por essa época, é a mesma ladainha, e eu me pergunto: Até quando?

Até quando teremos que ver em nossos periódicos meia dúzia de “jornalistas, historiadores, pesquisadores”, buscarem seus minutos de fama na forma de contraponto ao entusiasmo esfuziante de milhões de gaúchos ao comemorarem os Festejos Farroupilhas?

Até quando pseudos intelectuais que se doutoraram a luz da doutrina de Max e Stalin, se alçarão a condição de críticos contumazes de Bento Gonçalves e Antônio de Souza Netto?  E se, como eles mesmo apregoam  “...outros líderes  - La Fayette, Bolívar, Rivera – outros países – Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia – e outras rebeliões brasileiras – A Balaiada, no Maranhão, por exemplo – foram mais progressistas...” que estes povos vibrem, decantem, festejem seus feitos, mas que nossas comemorações não sirvam de alimento a rancorosos, desenraizados e que saem do ostracismo a cada vinte de setembro, a custa do contraditório.

TODAS as guerras e revoluções da história tiveram fortes motivações políticas ou econômicas e tênues ideologias. A nossa não foi diferente, mas os ideais republicanos, a partir da grande vitória na Batalha do Seival, em 1836, floresceu como fator que alavancou, e motiva até hoje, o atavismo da grande maioria do povo gaúcho.

Contudo, em suas pregações, que graças a Deus encontram pouco eco por aí, estes escritores sonegam fatos heroicos como a citada batalha que deu origem a Proclamação da República Rio-grandense, a travessia por terra dos lanchões de Garibaldi na tomada de Laguna, a fuga de Bento Gonçalves do Forte do Mar, na Bahia, a bravura dos soldados farroupilhas reconhecida pelo próprio Garibaldi, já na Itália... Chega ao ponto de, pelos poros da raiva e do despeito, expelirem impropérios como “...até quando adularemos os admiradores de um passado que não existiu...” Como não existiu? Então TUDO o que se transmitiu de geração para geração é mentira, é ficção?

Claro que não! Só o que ELES acreditam e lhes serve de munição é verídico. Como: “...houve degolas, seqüestros, apropriação de bens alheios, execuções sumárias, saques, desvio de dinheiro, estupros...” Embora não haja provas de tudo isto, vamos concordar que seja verdade, mas aproveito a vasa parta perguntar: A Guerra dos Farrapos foi constituída de homens contra homens, soldados contra soldados, ou foi uma guerra de travesseiros de freiras contra freiras em algum convento por aí?  

Nossos símbolos, nossa bandeira, nosso hino (que nenhum Estado do País canta com tanto entusiasmo) são oriundos desta epopeia que hoje é difamada, esculachada, tratada como infâmia por estes...

Tivemos largas derrotas, como a Batalha do Fanfa e não se pode negar pontos obscuros da guerra, tal qual a Batalha dos Porongos, onde cerca de cem lanceiros negros, desarmados, foram mortos já quase no fim do conflito. Entretanto, a guerra de versões é tão grande que se eu fosse advogar em favor dos que não compactuam que houve um massacre, teria fortes argumentos.

Vejam, por exemplo, o que diz a conceituada REVISTA ELETRÔNICA DE JORNALISMO INVESTIGATIVO DA UFRGS

Apesar de os revoltosos compartilharem um mesmo ideal principal - um modelo de Estado com maior autonomia às províncias - os líderes divergiam em vários pontos. Entre os mais polêmicos estava a sua posição frente à escravidão. A resposta à pergunta “os farrapos eram ou não abolicionistas?” não pode ser respondida com um simples “sim” ou “não”. Ainda que boa parte de seus líderes fosse favorável à abolição da escravidão, as premências da guerra não permitiram a sua aprovação. As lideranças farroupilhas tiveram posições conflitantes frente à questão servil. De um lado, a chamada “maioria” – formada por Bento Gonçalves, Domingos José de Almeida, Mariano de Mattos, Antônio Souza Neto e outros – assumiu uma postura claramente abolicionista. De outro, a “minoria” – Vicente da Fontoura, David Canabarro e outros chefes farrapos – aceitou a libertação dos escravos que se engajassem na luta contra o império, mas opôs-se tenazmente a qualquer tentativa de libertação geral dos escravos. A resultante dessa contradição foi a não inclusão no projeto de Constituição da República Rio-Grandense da liberdade para os escravos e a Batalha de Porongos, em 14 de novembro de 1844, quando os Lanceiros Negros foram massacrados em um episódio muito controvertido, envolvendo suspeitas de traição e cartas cuja autenticidade ainda é questionada, que mudaria os rumos da revolução.

O fato é que a alegria, a mobilização, o culto a um passado grandioso que poucos povos tiveram, incomoda àqueles contrários as nossas tradições por defenderem que as mesmas estagnam, travam, engessam o Rio Grande do Sul quando na verdade nossos costumes são motivos de admiração e de respeito.

Chegam ao ponto de, no seu corporativismo anti-comemorações farroupilhas, dizerem-se “marginalizados” e que os jornais sonegam informações. Mas onde foi então que estes apologistas da derrota encontraram vasa para escrever tanta bobagem? Em que espaço um jornalista “gaúcho” chegou ao ponto de pedir desculpas em nome daqueles que não são daqui, apenas porque festejamos nossa data magna? Todos sabem da hospitalidade, da cordialidade, da receptividade de nossa gente, mas até isto é jogado por terra em meio a um punhado de mal escritos que os jornais, por imparcialidade, acolherem em suas colunas.

Ainda bem que, por um ano, ficaremos livres destas diarréias verbais e que a identidade nativa daquele glorioso tempo continuará incólume ante as futuras gerações dos que veem na reverência aos farroupilhas uma forma de louvor ao legado histórico deixado a todo o rio-grandense que não se envergonha de dizer: Sirvam nossas façanhas de modelo a toda a terra!

Léo Ribeiro
Disponível em http://blogdoleoribeiro.blogspot.com.br/

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Abraço a todos e boa semana.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O 20 de Setembro

"Não basta para ser livre, ser forte, aguerrido e bravo. Povo que não tem virtude, acaba por ser escravo"

Me criei de bota, bombacha e lenço no pescoço. Sempre me orgulhei de viver (e ter nascido) num estado que sabe de onde veio e para onde quer ir. Eu não me envergonho da história farrapa, mesmo sabendo que nem tudo foram flores e bravura. Eu não zombo da história farrapa, mesmo sabendo que a história nem sempre tem um final feliz.

Eu me orgulho em ser gaúcho e de fazer parte da nossa história. Eu acredito, e morrerei em defesa disso, que não seríamos nada; repito, nada, não fosse por aqueles que lutaram por nossa independência e combateram o açoite imperial. Engraçado que os "pseudos pensadores" (que tem me decepcionado bastante!) não lembraram, ou esquecem, de dizer que o açoite de outrora é o mesmo de agora e a população só reagiu porque o Rio Grande ousou berrar primeiro! Esquecem de mencionar que foram os grande proprietários de terra que fizeram a economia deste Rio Grande crescer e que é o agronegócio que nos sustenta até hoje!

Eu me orgulho em ser gaúcho, pois sei que o meu povo tem cultura, ainda que saiba que a mesma não surgiu totalmente aqui; aperfeiçoamos-a, contudo, com galhardia. Não há qualquer lugar do Brasil por onde já passei, que não ouvi elogios ao nosso povo e a nossa cultura. Mas, os "pseudos pensadores" acham que nada presta aqui. Acham bonito a revolução francesa, que não foi mais bonita que a nossa, mas criticam a história farrapa. Hipócritas!

Eu sou gaúcho e com orgulho. Orgulho da cordeona roncando um bugio grosso de São Chico; da chaleira chiando num braseiro para uma roda de um amargo bem cevado; dum pinho dedilhando ao pé do fogo alguns acordes de milonga; das bombachas, com pouco ou bastante pano, que são nossas, afinal, mãe é quem cria; do lenço tremulando no pescoço, quer chimango ou maragato; do laço de couro cru trançado a mão; dos peões de estãncia; da minha serra, fronteira, campanha e do nosso pampa. Ohh meu Rio Grande!

Só por isso (só?) é que eu tenho orgulho de ser gaúcho, de viver no Rio Grande e do que representa o 20 de Setembro, senhoras e senhores. Quem não gosta de tudo isso e não reconhece aquilo que a nossa história representa, quero que saibam que somos um povo (nós, tradicionalistas) sem luxo e sem frescura logo, as porteiras do Rio Grande não tem tramela e estão sempre abertas para quem quiser ir embora (deve ter paraíso por aí afora) e se aprochegar

Até quando seguiremos vangloriando os nossos dias de luta? SEMPRE!
Até quando seguiremos comemorando os nossos dias de luta? SEMPRE!
Até quando teremos orgulho de onde viemos? SEMPRE!

Ó meu Rio Grande do Sul, céu, sol, sul, terra e cor. Amo-te!

E não "podemo se entrega pros home" jamais! 

Abraço a todos.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Sentimento Gaúcho

Todo início de semana me paro a pensar no que escrever por aqui. Algumas vezes, diante de fatos ocorrentes na nossa vida cotidiana, fica mais fácil. Contudo, há os dias como hoje: assuntos até existem, mas não motivam uma nova discussão. Poderia estar falando do tempo. Na semana que passou, a temperatura bateu na casa dos 40 ºC; agora, nesta corrente, promete, inclusive, geada para a quarta-feira. Fora o aguaceiro do 20 de Setembro.

Pois bem, estamos na Semana Farroupilha.

Nos meus tempos de fandango, não tinha dúvida de que a Semana Farroupilha era a melhor do ano. Um baile atrás do outro e certeza de casa cheia. Hoje, vendo de fora, me pergunto qual é o real sentido da Semana Farroupilha.

Certa feita, antes de começar a animar um baile em um CTG da região, onde toquei memoráveis fandangos e comi alguma churrascada, ouvi de um patrão que a Semana Farroupilha representava muito mais do que uma simples data, mas sim um sentimento; que ao cabo da mesma, parecia que todos estavam abichornados, lamentando o seu fim.

Em verdade, o certo que a Semana Farroupilha representa bem mais que um punhado de dias. A questão versa, de fato, acerca do sentimento que nós, amantes do tradicionalismo, nutrimos pela história gaúcha. E é por este motivo, que muita gente não entende e até mesmo não gosta das coisas do pago. Quem não está imbuído no sentimento gaúcho, sequer deve vestir uma bombacha, pois, acima de tudo, é preciso respeitar a nossa bandeira farrapa e as coisas da nossa terra.

A Semana Farroupilha representa, então, um sentimento por tudo aquilo que este pago já vivenciou; pelo sangue derramado por tantos e em prol de alguma coisa maior; pela liderança de Bento Gonçalves, a bravura de Antônio Neto; pelo respeito aos lanceiros negros e tantos outros peleadores.

Coisa de sentimento é abstrata. Não tem soma, nem multiplicação que demonstra como funciona e porquê funciona. A gente sente simplesmente. A Semana Farroupilha é, pois, simplesmente sentir tudo aquilo que nossa história representa. 

E viver essa emoção única.

Abraço e boa Semana Farroupilha a todos.  

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O custo de ser gaúcho

Com o chegar dos dias, ou seja, com a proximidade do 20 de Setembro, afloram-se as manifestações de tradicionalismo e respeito a nossa tradição. Fico feliz, em parte, com esta circunstância. Por que? Bueno, a uma que o respeito a nossa tradição não dever ser mensurado tão somente às vésperas do 20 de setembro, mas sim, o ano inteiro. A duas, que se trata, muitas vezes, de uma tradição maquiada, que busca somente "fazer média" com nossa história. Nesse segundo caso, por favor, não falo das pessoas mas sim de algumas "entidades" e etc.

Dia desses, falando com um velho conhecido, indaguei-o-o acerca do seu piquete, tradicionalmente montado junto ao Acampamento Farroupilha, na Capital. Me disse que, pela primeira vez em muitos anos, desistiram de montar a estrutura, pois, nas suas palavras "aquilo lá tá virado num comércio; tem gente investindo R$ 70 mil pra montar". Logo, me veio à tona uma realidade: como é caro andar pilchado. Foi-se o tempo em que uma bombacha a gente comprava por R$ 20. A última que comprei, e nem era muito "afrescalhada" paguei R$ 65. Um par de botas nas lojas da região custam quase R$ 200. Somado ai isso, o lenço, a guaiaca e um chapéu e um chapéu, bueno, é de quebrar a banca.

A julgar que o gaúcho, na sua essência, é um homem rude, xucro e sem muito luxo, não se pode aceitar, sem reclamar muito, acerca dos preços praticados pelo comércio. Uma calça de brim (sou desse tempo!) custa menos que uma bombacha, pasmem! Claro que muitos hão de falar que calça jeans vende muito mais, se produz em escala maior e isso, aquilo e aquele outro. É um ponto de vista. Entretanto, fosse a bombacha mais barata, talvez aquele vivente que gosta do CTG mas anda com os pilas escassos (e tem muita gente nessa situação), pudesse andar pilchadito no más. São estes mesmos que se sentem mal adentrando num CTG à paisana. Eu sei porque é assim que me sinto!

Por falar nisso, sou um dos últimos que ainda compro CD nas lojas. Gosto de valorizar o que é nosso, além de pensar como antigamente, ainda. Todavia, tá ficando difícil. Um disco gaúcho já está sendo cobrado R$ 18 nas lojas especializadas. Eu tenho uma lista de 5 que já queria ter comprado e ainda não consegui. Dessa forma, não se pode reclamar da pirataria. É brabo viver num país como o nosso. Bah tchê!

E sigo sem ouvir a boa música já que, como um músico que respeita seus colegas, nego-me a comprar disco que não seja original e que não renda direito autoral aos patrícios. Esperar pelas rádios é dormir de em pé; só sobrou uma que toca música gaúcha e olhe lá.
Que cousa! É, que custo ser gaúcho!

Abraço e bom final de semana a todos. 

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Vida fandangueira. De volta!

Voltar à lida fandangueira com O Monarcas é sucesso na certa e certeza de motivação para mais bailes que estão por vir. O grupo de Erechim continua o mesmo, no seu velho tranco. O que chama atenção, é que um baile dos Monarcas começa e termina no mesmo compasso e o povo não se cansa. Não tem como cansar ao som de Os Monarcas. Mas alguns outros pontos marcaram a noite.

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Primeiro a participação da dupla mirim Thomaz e Eduardo Machado, que fizeram uma participação muito especial e cativaram toda a gauchada que estava presente na Lomba Grande.

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Depois, a participação de Joca Martins cantando junto com Os Monarcas, mostrando que o seu talento também serve para tocar baile. Encerrou com o sucesso "Eu Sou Bagual".

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Afora isso, no galpão ao lado, tinha Tchê Guri e Balanço do Tchê. Minha percepção: quando cheguei no galpão alternativo, o Tchê Guri tocava um trancão daqueles de dançar de lado. Depois deu uma "apressadinha" mas mesmo assim segui gauchão. Destaco o talento do Zé Leandro (ex Tchê Barbaridade e Garotos de Ouro) que sabe cantar numa linha campeira muito bem, Gostei bastante também do baterista, que não consegui descobrir o nome, mas que também tem muito talento. Comandado por Edson Machado (ex Tchê Barbaridade), o Balanço do Tchê é outro. Também numa linha bem fandangueira, tem o seu repertório recheado de sucessos dos "Tchês" antes da debandada pro Tchê Music.

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O episódio de terça-feira me mostrou que sempre há espaço para música boa; que Os Monarcas ainda é, com folga, o melhor conjunto de baile do sul do Brasil; que os amigos ainda tem certa simpatia por este que vos escreve; que a música ainda está latente dentro de mim; quem sempre tem lugar pra mais um que gosta de fandango, voltar aos palcos dos CTG's.

O engraçado é que terça, na Lomba, me senti em casa. Como se nunca tivesse deixado a minha vida fandangueira... 

Abraço e bom final de semana a todos.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

As querências do Rio Grande

Já estamos sob vigência do mês mais importante para nós, Gaúchos, ou, ao menos, para quem se identifica com a história do nosso povo e o legado da nossa tradição. Na Capital, o Acampamento Farroupilha já está montado, a chama crioula já cortou nosso Estado de frente a fundo e agora, é só comemorar mais uma passagem do Mês Farroupilha, engrandecendo tudo aquilo que faz parte da nossa cultura pátria. Sim, vivemos na Pátria Gaúcha! Lembro-me, com boa saudade, dos tempos em que tocava baile e chegava esta época. Os compromissos eram abastados e dava gosto de ver os CTG's da mesma forma, lotados de gaúchos e gaúchas de todas as Querências.

Pode-se afirmar, por isso o faço, que dentro de nosso próprio Rio Grande existem muitas querências. Algumas adeptas ao nosso tradicionalismo e outras que consideram tudo isso uma grossura e um bairrismo. Que fazer? Somos todos gaúcho e não podemos expulsar aqueles que discordam da nossa cultura. Logo, o que de melhor podíamos fazer é promover uma união um pouco mais fraterna, senão para fomentar os gostos de cada um, mas, ao menos, para não diminuir ainda mais. 

Lamentavelmente, enxergo muitos CTG's vivendo da Semana Farroupilha. Fechando suas portas para os anseios da comunidade e os interesses da nossa cultura, no resto do ano. Digo com propriedade: montar banda de baile, hoje em dia, serve tão somente para satisfação de gosto (paixão) pessoal. Não há como pensar em fazer isso como um negócio, já que o cachê artístico oferecido pelas patronagens da região beiram o ridículo. Sei que não dá para generalizar e, tampouco, achar que tudo está perdido. Mas que falta um pouco mais de comprometimento, não tenho dúvida.

A meu ver, o Movimento Tradicionalista Gaúcho definha a luz dos novos tempos. Não soube preparar a casa para a modernidade e, aos poucos vai tornando a nossa tradição um artigo de luxo. O mais engraçado é que a música gaúcha até recuperou algumas ovelhas, que tinham se "bandiado" pro tchê music e fazem o caminho de volta pra casa. Esta volta, entretanto, não condiz com a grave crise por que passam nossos CTG's. E isso respinga no povo: porta de baile com entrada a R$ 25 para o peão não dá!

Entonces, meu povo, o negócio é comemorar, sim, a nossa tradição gaúcha, afim de resgatar nossas origens e cultivar aquilo que é nosso. Nada impede, porém, que saibamos reconhecer que já tivemos momentos de glória mais acentuados e que, para que isso volte do passado, é preciso tratar nossas feridas e não só colocar um pano por cima.

Abraço e boa semana a todos.