quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Quando é o que parece

Projeto de Lei do Deputado Federal Marcos Feliciano, do PSC/SP, é mais uma tentativa de barrar a obrigatoriedade de Exame para que advogados formandos ingressem nos quadros da OAB. A matéria é polêmica e as discussões já chegaram à repercussão geral do Supremo Tribunal Federal, que declarou ser constitucional a realização da prova.
À revista Istoé, contudo, o Deputado Feliciano contesta a necessidade da realização do exame como forma de "controle de qualidade" dos novos operadores do Direito. Segundo o mesmo, em apenas 01 (um) dos exames realizados em 2012, fora arrecadado cerca de 70 milhões de reais. Logo, o interesse real é financeiro e não pedagógico.
Imaginando que 30% do valor arrecadado fique com a OAB (o restante com a aplicadora da prova), ao final do ano a Ordem arrecada, pelo menos, cerca de 50 milhões. Enquanto isso, raramente o índice de aprovação supera os 10%, somando as duas fases do exame. Ainda, de referir que a taxa de inscrição é de R$ 200,00 (duzentos reais). Não passou? Paga de novo e faz tudo de novo!
É, parece que este aqui é um dos casos que "é" o que parece.

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Exatamente 30 dias após o evento trágico ocorrido em Santa Maria, informações dão conta de que os proprietários da Boate Kiss e integrantes da banda Gurizada Fandangueira serão responsabilizados dolosamente pelo fato, ou seja, serão denunciados por homicídio doloso pelo Ministério Público.
Não estou aqui defendendo os acusados. Acho que eles tem mesmo que pagar pelo desfecho do fato. Mas será mesmo que ambos agiram com dolo? Não estamos diante de culpa consciente? 
De qualquer modo, antes mesmo do processo se perfectibilizar, já se sabe que o desfecho condenação é irrefutável.

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Realmente a moralidade no futebol é bastante controversa. Depois de dois anos tendo clássicos regionais como encerramento do Campeonato Brasileiro, os clubes decidiram acabar com a fórmula sob a premissa de ausência de segurança, principalmente nos locais (cidades) onde há 4 clubes e, portanto, dos jogos simultâneos. Mala branca? Mala preta?

É o que parece?


Abraço a todos.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

"Manifesto Campeiro"


Até o presente momento, como todos podem perceber, não havia me manifestado acerca do projeto de lei que tramita no Congresso Nacional, visando o fim dos rodeios com o objetivo de proteção dos animais. Entretanto, desde que a discussão acerca do tema tomou corpo, no final do ano passado, venho acompanhando às manifestações, favoráveis e contrárias, ao referido projeto de lei, de autoria do deputado paulista Ricardo Tripolli. Segundo o deputado, onde tem os maus tratos de animais, nós devemos abolir esse processo e retirá-los. Era uma cultura brasileira a escravidão e não é mais hoje. A motivação da apresentação do projeto se deu em razão, provavelmente, do fato de uma animal ter morrido durante a Festa do Peão Boiadeiro, em Barretos/SP, depois de ter a coluna vertebral quebrada durante uma prova.

Objetivamente, ainda que não seja frequentador nem participante assíduo dos nossos rodeios, me posiciono do lado dos tradicionalistas do nosso Rio Grande, haja vista que, a meu ver, os nossos rodeios – de longe – se configuram crime contra os animais (ainda que tal prática ainda não esteja tipificada).

Daí, surgiu o evento denominado “Manifesto Campeiro”, o qual levou, ontem (21/02) a Vacaria (cidade onde se realiza do maior rodeio do Rio Grande), mais de duas mil pessoas que, ao som de diversos músicos fandangueiros e nativistas, entre eles Cesar Oliveira e Rogério Melo, Cristiano Quevedo, Joca Martins, João Luiz Correa e grupo Campeirismo e outros, se posicionaram na defesa dos rodeios. Também se manifestaram o presidente do MTG, o patrão do CTG Porteira do Rio Grande, de Vacaria e um representante do Ministério Público. O fato ainda gerou uma composição “Deputado em devaneio”, letra de Arabi Rodrigues e música de João Luiz Rodrigues, diz o início:

“Meu irmão encilha o pingo, dá rédea e alça no freio; Um paulista meio gringo, Deputado em devaneio”

Me parece que o nobre deputado, a se ver, não se dignou em estudar bem afundo a matéria de seu projeto de lei antes de apresenta-lo. O rodeio, no Rio Grande, faz parte duma cultura que atravessa gerações campeiras e que construiu e constrói a história desse Estado. Generalizar, nos tratando como eventuais criminosos em razão das provas de laço – como se atentássemos contra a vida dos animais é – no mínimo, acintoso. Como bem referiu o festejado Gaúcho da Fronteira, em programa de televisão dias atrás, o gaúcho se criou tendo o animal como parceiro, criando o gado e fazendo dele uma forma de sustento, lazer e união. Logo, se o problema é o resultado (como se morressem sempre animais maltratados em rodeios), não poderíamos sequer mais comer carne, haja vista que estaríamos claramente contribuindo com o maltrato dos animais, consumindo sua carne após o abate.

Terminar com o nosso rodeio é demasiado. Nos transformar em monstros é demasiado. Todavia, cabe a nós gaúchos comprovar esta demasia e mostrar que o rodeio é sinônimo de cultura e festa , não de maltratos aos animais (então, que acabem com a baixaria da “Cura do Terneiro” e outras fiasqueiras que, embora raras, maculam a festa). Também, que se volte ao passado, do telurismo e da emoção do rodeio, ao invés deste comércio do laço de hoje em dia. Denota-se que aqui, se enxerga o próprio umbigo. Se queremos rodeio, que façamos por merecer.

Volto, provavelmente, na próxima terça-feira.
Abraço e bom final de semana a todos.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

4 dias na serra

Em São Francisco de Paula, Campos de Cima da Serra - Serra Gaúcha, pude matar um pouco da saudade das minhas origens, patrícios e amigos, em que pese sempre pareça que esta nunca finda, quando se trata de São Chico. Valeu a pena. Vejam o que eu vi:

* Ainda que tenha chovido em 3 dos 4 dias, não posso me queixar dos dias que lá passei;

* Ficar muitos dias em São Chico é motivar a gula e, por consequência, a gordura corporal: café da tarde com rosca frita, janta com bife no arado e outras tentações nortearam o passeio;

* O xis galinha da Dona Laura segue impecável (o melhor que já comi). Não é atoa que está sempre lotado de clientes;

* Ainda comida: há uma nova e boa opção em São Chico que é a pizzaria Dom Giuseppe (somente tele-entrega), próximo a entrada do Lago São Bernardo; a carne de gado está cada vez mais cara em São Chico! Para que afinal que tem matadouro na cidade?

* Mudou a administração mas, até agora, não vi nada de diferente. Aliás, achei que veria mais empolgação, mas...; Fiasquentas as inundações no centro, principalmente na Rua Benjamin Constant, em frente a Vip móveis;

* Ajudei a resgatar o Janjão, um belo e grande labrador marrom que fugiu do seu dono. O que é o destino: quando correu atrás do meu carro parece que sabia que ajudaríamos. Agora, sigo pleiteando um filhote!

Saudades de São Chico. Sempre!

Abraço. 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

4 dias no litoral

Em Rainha do Mar, Xangri-Lá/RS, aproveitei os dias de carnaval muito mais para desligar um pouco da rotina do que propriamente para descansar. Visitei o mar por duas vezes e na véspera do retorno dei uma passada por Imbé. Vejam o que eu vi:

* Ajuda muito ter um Senador da República como veranista do balneário: Rainha segue bem cuidada e eventuais alagamentos em razão de chuva forte não trazem muitos transtornos. Logo, foge à regra das nossas praias;

* Falando em Senador, finalmente descobri aonde Pedro Simon descansa e recebe seus "amigos" políticos; tudo graças ao fato de o mesmo estar sentado em sua tradicional cadeira/poltrona de vime (acho que é vime) na extensa varanda da casa;

* Já foi mais barato comprar nos supermercados da praia, mas também não está tão mais caro assim. Refrigerante e cerveja vale a pena levar daqui e talvez o leite (comprei leite Piá lá, por menos que aqui. Pode?). Na segunda-feira, já não havia mais carne de 1ª na maioria dos supermercados. Não sabiam que o povo estaria lá?

* Por incrível que pareça, esperava mais gente na praia, na estrada e no retorno. Melhor assim, detesto formigueiro;

* Pude constatar pessoalmente aquilo que já todo mundo estava falando: Imbé, lastimavelmente, fora abandonada pelo poder público. Ruas em péssima conservação, mal sinalizadas e tomadas pelo mato. Vergonha!

Foram só 4 dias no litoral. Quem sabe se surgir nova oportunidade eu volte e faça uma nova análise.

Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O veraneio do Tio Laudelino - final


A "vingança" carnavalesca


Dizem que nos tempos do bloco dos Teixeira, lá no fundo da Picada Velha, onde foi criado, Tio Laudelino flertava com a folia que era de dar gosto. Hoje, contudo, parece detestar o carnaval, haja vista que até das mulatas quase nuas da televisão ele reclama. Se bem que reclamar, ultimamente, tem se tornado o esporte favorito do Tio: oh véio ranzinza! Mas, e sempre tem um mas em tudo, naqueles dias da véspera do momo, Tio Laudelino tava mais faceiro que lambari de sanga. O Bento e a Vera chegavam  a rir sozinhos pelos cantos, afinal, achavam que o velho tava “no papo”. Eu, porém, ainda que conhecesse pouco o Tio – muito em função das belas férias que passava lá fora, quando guri – tinha para comigo que o Laudelino aprontaria uma das buenas! Em verdade, vos digo: a certeza me rondava!

Pois no almoço da sexta-feira de carnaval o anfitrião sentou à ponta da mesa com um sorriso ‘de orelha a orelha’, prometendo uma “baita notícia”, que alegaria a todos. Bentinho e Verinha, nesse momento, regrediram aos tempos de criança e chegavam a soltar granidos de emoção. Cousa fiasquenta! Depois de dar dois tombos numa costela uruguaia; aliás, uma das boas coisas do litoral era a costela uruguaia: macia, suculenta e saborosa, Tio Laudelino começou a história toda fazendo uns floreios, coisa meio estranha até para um gauchão sem rodeios e, ao cabo, disse que venderia a fazenda. Tia Maria derrubou a faca que tinha na mão e, por pouco, não abriu um talho no pé; prosseguiu dizendo que tinha gostado da temporada na praia e que se mudaria de vez para Arroio Teixeira. Nesse momento, quando achei que teria de aparar Tia Maria, que fatalmente se "passaria" com aquela história, tive que acudir Verinha que desmaiou num golpe só. Bentinho, bem, esse chorava feito um bebê.

Foi nesse momento que o Tio Laudelino deu uma gargalhada que aposto que se ouviu da rua (uns guaipecas que passavam se ouriçaram). Me mandou pegar uma bacia de água gelada e tocar na Verinha, bem como gritou com o Bentinho que parasse de chorar, afinal, não criara filho “fresco”. Recompostos, mandou que sentassem no sofá e começou um sermão. A estas alturas quem estavas as gaitas era eu, com a cara dos “filhinhos do papai”. Tio Laudelino dizia que eles deviam se envergonhar de tramar às suas custas e às suas costas; que uma semana antes do “passeio”atendera o telefone meio sem querer (o Tio era a moda antiga e detestava telefone. Celular então, credo!) e na linha era um tal de João Alberto, arquiteto, querendo saber acerca do projeto de reforma e ampliação da casa da praia, e que o “seu Bento” e a “senhora Vera” haviam ficado de dar um sinal para obra e estava aguardando o cheque do “proprietário”: “Claro que mesmo sendo um índio grosso, logo vi que de mim é que o tal fulano tava falando”. Daí, que resolvera entrar nessa história toda, como um bobalhão, para ver até aonde a “cara de pau” dos “queridos filhos” iria.

“Me surpreendi!”, bufou o Tio: “achei que vocês eram ‘deitados’ e que se aproveitavam da minha boa vontade e do meu dinheiro, mas nunca pensei que chegariam a tanto”. E continuou: “vocês são tão ridículos, que acreditaram nessa estória dos tempos da velha Carocha: e eu lá vou vender a fazenda? Enlouqueceram!?” Mas antes de tudo, disse ter resolvido dar uma olhada no projeto e gostou do que viu. Por isso, resolveu contratar o tal arquiteto para fazer uma casa nova, no terreno da frente que também era dele mas que, por motivos que nem eu entendi, nunca contou. Quanto a casa velha? Deu para o Bento e a Vera. “Querem reforma? Trabalhem, façam e paguem!” E já aviso de que a casa nova, “por justiça” ficará para o Antônio Carlos e o Torresmo. Aliás, eles já sabem disso e da ‘papagaiada’ de vocês!”

Depois, como se nada tivesse acontecido, deitou na rede e sesteou a tarde inteira, para poder estar nos “trinques” para o carnaval da sociedade, à noite. Tio Laudelino, ao cabo, estava vingado e feliz. Muito feliz.

O que aconteceu depois? Bom, isso é matéria para outro conto, noutra hora.

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Meus caros amigos e amigas leitores deste blogue, depois de dois anos este que vos escreve novamente gozará de merecidas férias. Portanto, certamente haverei de ser menos regular num primeiro momento. Volto na próxima sexta-feira.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Chasqueando

Sempre defendi a liberdade de imprensa, pois acredito que um país democrático deve ter o privilégio do irrestrito acesso a informação. Todavia, este novo (que nem é tão novo assim) conceito de jornalismo investigativo que se instaurou no país, e que é praticado por grande parte das redações de jornais e redes de televisão, têm se transformado numa apologia declarada a falta de bom senso e da realidade, tudo em prol do dito "jornalismo verdade".
Tomando como base a Tragédia de Santa Maria, é possível afirmar, sem sombra de dúvidas, que muito do que disseram foram "informações" inventadas e sem nexo algum. Depois, forçaram a barra tentando entrevistar pais e familiares das vítimas, como se o que viessem a falar fosse muito diferente daquilo que todos nós falaríamos diante de episódio de tamanha dor. O ponto alto do negativismo e da falta de bom senso, fora o fato de eu ter visto rolar na internet foto do ginásio municipal de Santa Maria, com diversos corpos, um ao lado do outro e em cima de lonas pretas. 
Sinceramente? Mostrar a desgraça alheia a tal ponto não é jornalismo investigativo tampouco "verdade", mas sim, querer auto promoção e maior faturamento às custas da dor das famílias. Mantenho-me favorável a liberdade de imprensa, porém, acho que tá chegando a hora de haver um certo controle de conteúdo e a forma como isso é exposto. Do contrário, não vai longe e estaremos sendo conduzidos por estas "informações". 

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No final das contas, achei que nada que eu falasse na sexta-feira seria muito útil. Não há qualquer assunto que pudesse ser relevante. Continuar falando da tragédia de Santa Maria seria praticar este tipo de jornalismo muquirana que me referi acima; então, dei-me o direito do silêncio das palavras.

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Nesta quinta-feira, salvo engano, haverá grande baile no CTG M'bororé, em Campo Bom, com animação de Os Serranos. Baile bom para dançar e se divertir. Os Serranos que agora contam com o talento do meu grande amigo William Hengen, um dos grandes gaiteiros dessa nova safra. Sucesso a todos.

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Começou a Cavalgada do Mar, edição 2013. Espero que este ano não tenha tantos contratempos (em que pese a chuvarada do final de semana) e que, ao cabo, possamos valorizar ainda mais o tradicionalismo.

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A 'estória' do "Veraneio do Tio Laudelino" terá, certamente, desenrolar nesta semana. Aguardem e confiram!

Abraço e boa semana a todos.