sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Sobrevivi agosto

Chegamos ao último dia de mais um mês de agosto. Sem sobressaltos, pelo menos por enquanto, já que o dia ainda custa umas horas para chegar ao seu final. Desta vez, como todos podem ter observado, procurei não fazer uma apologia negativa logo no começo do mês. Os que por aqui me acompanham, sabem que, para mim, o mês de agosto é o pior do ano. Não sou muito apegado a crenças, aliás, nem um pouco, embora confesso que neste mês ainda não tirei por completo a barba que assola meu rosto. Também não acho que agosto seja o mês do “cachorro louco” (nem sei da onde surgiu isso), tampouco do desgosto. O desgosto, gize-se, é uma coisa bem pessoal e não depende somente de um mês específico. Logo, o desgosto me parece muito mais um acerto de rima, do que uma constatação propriamente dita.

No ano passado, o primeiro texto do mês levou o seu nome. Ali expus as circunstâncias que me levaram a crer pelo que agosto, enfim, é um mês que pouco aprecio. Não mudei de opinião, em grande parte do tema, apenas, mudei a forma de analisar. Muito melhor que achar é constatar ao cabo, diante da realidade vivida. Agosto, por si só não é um mês muito agradável admito, todavia, que desta vez até que não foi dos piores. Em suma, sobrevivi.

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Por alguns dias desta semana, pensei em encerrar, de vez, o assunto acerca dos CTG’s, retomando então mais um pouco o debate. Depois, cheguei a conclusão que as circunstâncias são bastante complexas, ainda que, por vezes, aparentam ser fáceis de resolver. Chegamos a um ponto, dado o andejar da última década, que recomeçar do zero agora, levaria ao fechamento das portas de muita entidade. Então, ainda que não seja a melhor alternativa, melhor é tentar ajeitar as melancias com a carroça andando mesmo.

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Dizem que quem muito pensa na vida não a vive. Não raro, eu me pego pensando na vida. Já fiz muitas escolhas, umas acertadas outras nem tanto. Na grande maioria das vezes foi sempre pensando bastante. Não sei se é errado ou não, mas é meu jeito de ser. Agora, me vejo sob a perspectiva de uma nova realidade. Retomar um caminho que pensei que não mais trilharia, isso depois de ter apagado a luz e fechado a porta. Mas o destino, com o passar dos dias, vai nos abrindo novas portas e reabrindo outras. Então, o que me resta é mesmo acender a luz. E segue o baile.



Abraço e bom final de semana a todos.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A Carminha é o máximo!

Impressionante como a televisão no Brasil influencia a vida das pessoas. Sexta-feira a noite, acompanhando um ciclo de palestras em Porto Alegre, fui surpreendido pela última palestrante que agradeceu a todos por ali estar, ao invés de assistindo a “Carminha”. Lógico que a esta altura do campeonato eu já sei quem é a Carminha, um personagem da novela das 21h, ainda que nunca tenha assistido a mesma. Nem o farei, embora a propaganda gratuita da palestrante. Aliás, por situação similar eu já tinha passado no segundo dia de aula, quando determinado professor já havia feito uma “brincadeira” do tipo, também utilizando o mesmo personagem. Como sou bem pouco afoito a novela, para não dizer que detesto, me ocupei em descobrir algumas coisas sobre a novela, até pra entender o porque do exemplo. Confesso-lhes que não vi nada demais. Aliás, os meus pesquisados ainda disseram que a novela é bem ruim. Logo, constatei que aquilo que o povo utiliza como paradigma cultural é ineficiente e ruim, tudo graças a promiscuidade do povão, é claro.


No sábado, ao chegar em casa vindo da Capital, depois de mais um dia de palestras, liguei a televisão no noticiário e ali deixei, afinal, queria saber informações sobre a edição 2012 da Expointer. Passou o noticiário e começou a novela das 19h. Como não estava dando muita bola para televisão, foi ficando ali até que me surpreendi com uma personagem caricata, pouco convencional. Aí a Mariana me disse: essa é a homenagem que fizeram para a Joelma, do Calypso. Senhoras e Senhores, achei aquilo o máximo. Homenagem perfeita. Uma pessoa que usa roupas extravagantes, ridículas e ainda por cima, canta mal. Como disse, se é homenagem mesmo, perfeita. Brincadeiras à parte, preocupa-me a ocupação que o brasileiro dá às futilidades em sua vida. Não se aproveita quase nada das novelas, que apresenta-nos o surrealismo como realidade e acaba por catequizar erroneamente o povo. Como vamos reclamar de um político corrupto, de um governo ineficaz e da nossa própria inércia se a novela é balizadora dos nossos atos? Sim, a Carminha virou ponto de referência, inclusive, para professores universitários. Pasmem.


Na contramão, ou não, vivemos a mercê não da maior carga de impostos do mundo, mas sim, do Estado mais ineficaz proporcionalmente falando. E o pior, é que ao assistir pela televisão o horário eleitoral gratuito (que de gratuito não tem nada. Sim, nós mesmo é que pagamos) ou então ao ouvir pelo rádio, chego a conclusão que não temos futuro nenhum pela frente. Os anseios dos políticos não são o do povo e sim, os seus próprios, dos correligionários, enfim. No fim das contas o que se verifica é que a culpa toda por isso estar acontecendo é nossa mesma. Enquanto roubam do nosso dinheiro, estamos achando o máximo ver a Carminha na televisão. Enquanto a saúde é horrível e a educação preocupante, estamos achando o máximo ver a Carminha barbarizar (ou não) na novela das 21h. A Carminha é o máximo e o povo o mínimo. Isso, senhoras e senhores, é Brasil. O que esperar então do nosso país?




Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Ainda sobre os CTG's

O amigo e patrício Léo Ribeiro, além de ser um grande poeta e compositor, nos agracia diariamente com informações pontuais e preponderantes acerca do nosso tradicionalismo, através do seu "Blog do Léo Ribeiro". E por coincidência, esta semana deparei-me com uma postagem que vai de encontro ao texto da última sexta-feira, acerca da realidade atual dos nossos Centros de Tradições Gaúchas, os populares CTG's. O texto traz a opoinião de Jeândro Garcia, tradicionalista engajado na causa, que eu não conheço pessoalmente mas já ouvi falar, e bem. Desta forma, com os devidos créditos, reproduzo aqui o texto do Jeândro:

Do Blog do Léo Ribeiro, em 21/08/2012:


"O QUE O CTG PODE ME OFERECER?!

Opinião de: Jeândro Garcia


Buenas! Hoje estamos com este tema pego emprestado do amigo Rogério Bastos, mas linkando a nossa experiência pessoal(minha prenda e eu) entre tantos CTGs que temos contato, visitamos, observamos ou temos amigos, sendo que agora com o início dos nossos cursos freqüentamos em apenas 2 meses 8 CTGs, mas não se sinta citado, temos relação com no mínimo 15.

Algumas vezes somos questionados sobre qual CTG estamos como sócios, ou “fazemos parte” a resposta é óbvia, “nenhum”! e não por falta de convite, temos convite até para o CTG 35 ao qual nunca nosso grupo deu aula ou vamos freqüentemente. A única vez que fiquei motivado foi quando fui convidado a me associar e ter um lugar no conselho de Vaqueanos, mas até agora isso não progrediu muito. Mas porque eu aceitaria me associar tendo este motivo? Porque foi a única coisa que me ofereceram em todos os convites, foi a única vez que pensei “bom, eu vou pagar e me associar, mas poderei fazer parte e ajudar a entidade”, mas confesso que eu preferia outras promessas, como:

- Associe-se e faça parte da nossa parte cultural, temos cursos em diversas áreas como declamação, poesia, gaita...

- Associe-se e tenha bons descontos em nossos bailes e eventos.

- Associe-se e faça parte da nossa Campeira, fazemos sempre belas cavalgadas.

Então repito a pergunta lá do meu amigo, “O que o seu CTG oferece para que eu me associe?”, e me desculpe os campeões, mas o argumento “nós somos campeões do ENART em 20xx” é até uma ofensa a inteligência de qualquer um que sabe que nunca vai dançar em invernada adulta, além do mais pergunto “e dai?”, as danças tradicionais são lindas, ok, mas e o resto? Vocês me dão descontos? Me propiciam um ambiente não-competitivo onde eu possa vir com meus amigos e família, pelo simples prazer de cultivar a nossa tradição? Eu gosto da campeira, quando é a próxima cavalgada? Curto um bom baile, quando é o próximo? Terei amigos de verdade aí?

Se o seu CTG tem pelo menos duas atividades dessas a pleno, olha, já está em destaque, mas com certeza o ideal para atrair sócios é ter mais que isso. Como eu já comentei em outro post, deve haver mais empenho, até mesmo em ser gentil com quem freqünta o CTG, por exemplo, com os alunos do Curso de Fandango, os participantes de um baile, de um almoço e depois sim mostrar tudo (ou o possível) que a entidade pode oferecer, criar aquele ambiente de “cultive os valores da tradição gaúcha conosco” e não “somos os melhores, então venha pra cá”.

Muitas vezes observamos grandes invernadas e ao mesmo tempo o CTG vazio em outras áreas, 95% do investimento e atividades dedicados a ela, dançarinos boa parte não-tradicionalistas, casos de atores contratados, integrantes trazidos de muito longe, sem dar chance a quem é da comunidade ou cidade, não é regra geral, mas acontece. Quase R$ 50.000,00 foi investido em uma invernada para apenas um evento este ano, nem era a principal e nem ficou perto de ganhar, nada contra, mas R$ 50mil meu amigo, eu faço baile o ano todo, coloco 10mil pessoas dentro do CTG e ainda multiplico esse valor para os cofres da entidade, basta ter força de vontade e estar apoiado por gente competente, mas principalmente gente que acredite na causa e acredite no CTG em várias estâcias, não apenas uma.

Grande Abraço!

Jeandro Garcia"
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Enfim, o que me conforta é saber que a preocupação não é só minha. No mesmo sentido, me encho de preocupação ao saber que o ocaso é corriqueiro, não se limita as cancelas da região. Afinal, o que aconteceu com os nossos CTG's? E mais: Para onde eles vão? Perguntas talvez sem respostas. Tendo respostas, talvez não sejam a que desejaríamos ter conhecimento. Acorda MTG! Salvemos o Rio Grande!
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Forte abraço e bom final de semana a todos.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A fé que acompanha!

Não deve haver alguém no mundo que um dia, um único mísero dia, não tenha questionado a sua fé. Do mesmo modo, há os que dizem que sequer tem fé em alguma coisa. A fé é um sujeito abstrato, subjetivo, e sua existência, ou intensidade, depende de cada um. Mas será mesmo que existe alguém que não tenha fé em nada? O próprio agir, no dia a dia, não é um exercício de fé? Vejamos, se você está prestes a realizar uma tarefa que vai mudar sua vida para todo o sempre, daquelas que não há margem para qualquer tipo de erro, não há aí um exercício de fé, ainda que intrínseco, em si próprio? Logicamente, não faltarão os que dirão que a fé a que se referem é aquela galgada em um ser superior, mais precisamente em Deus, ou suas derivações religiosas. Tem gente que não crê em algo superior. Eu mesmo, obrigo-me a admitir que nos últimos quatro anos passei a ver a religião com bastante ceticismo. Tentei retomar a minha fé algumas vezes no período, entretanto, não galguei muito sucesso. Nem por isso ando sem rumo. O que me falta, na realidade, é encontrar o caminho certo para o meu destino.


Noutra monta, minha vida tem caminhado de forma satisfatória. Não posso reclamar das minhas escolhas. Todas elas tem tido um significado importante e o destino parece-me bastante satisfatório. Ainda por cima, já tenho muito mais hombridade para reconhecer os meus erros e rever as minhas decisões. Ás vezes, um recuo estratégico é sempre importante para acertar o caminho. Um passo atrás pode não significar um atraso no destino, mas sim, uma forma de chegar lá de maneira mais rápida. As decisões, devem ser tomadas de cabeça fria, bem pensadas e dirimidas. Assim - parar, pensar e voltar - pode ser bem mais inteligente do que seguir uma viajem a esmo. Acredite, nem sempre as melancias se ajeitam no andar da carruagem.


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A fé, contudo, não deve ser sugenere. Se você acha que a fé faz milagres, bom, a tendência é virar um cético como eu. O milagre é você mesmo que faz. Tente enxergar a fé como uma espécie de “apoio moral”, nunca como a solução dos seus problemas. Agarrado na fé, certamente será mais fácil ultrapassar um caminho de espinhos, mas nunca, sem sentir um pouco de dor. Do mesmo modo, tenho que tomar cuidado com as minhas palavras, a uma que não sou um bom exemplo de fé (com o perdão da redundância), e a duas, que não quero parecer aqui um pastor ou pregador. O saudoso Leonardo, já cantava em “O Homem do Pala Branco” que “Eu não sou um pregador, não sou padre, nem pastor. Sou apenas um autor, que canta a sua verdade”. De fato a música é uma expressão de fé. Não em um santo, ou entidade, mas sim na história, na tradição e naquilo que se escreve. Se pensar que cada vez que componho a fé está ali impregnada, a partir de hoje serei uma pessoa melhor, eis que saberei que a fé, de fato, nunca deixou de me acompanhar.


Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Abandonamos nossa cultura

Dia desses lia um texto sobre Direitos Humanos e em determinado ponto do mesmo, havia um lecionamento acerca da necessidade de garantir a preservação da cultura de cada povo e de cada indivíduo. No presente caso, tratava de exemplos de refugiados políticos, turistas, imigrantes, enfim, os que ao tomar contato com uma nova realidade, ao mesmo tempo tinham a necessidade de se adequar as condições do novo país, do povo que passariam a fazer parte sem, é claro, abdicar da sua própria cultura e de seus costumes ou religião. Aí entraria o papel dos Direitos Humanos, como instrumento garantidor para determinar que os direitos deste indivíduo sejam preservados. Mas meu assunto hoje não é sobre Direitos Humanos. Uma área ampla e interessante de ser discutida e abordada, porém, não aqui e não hoje. Utilizei o exemplo do que li para traçar um paralelo com a nossa realidade aqui pelo Rio Grande.

Pois bem. A cada sexta-feira que passa, quando abro a coluna da grande amiga Zelita Marina, junto ao Jornal NH, de Novo Hamburgo, me decepciono mais com a quantidade (ou a falta de) de fandangos e eventos tradicionalistas na região. E olha que bem conhecendo a Zelita, sei que ela vai atrás da informação, ou seja, não está faltando espaço para as entidades tradicionalistas, mas sim, que as entidades tradicionalistas promovam eventos. Mal comparando com outros tipos de música, vemos os bailões lotados, com festas todos os finais de semana e muito público. Mas o que está errado? Não há erro se admitirmos que fomos nós, os ditos tradicionalistas (vou fazer uma mea culpa pra não deixar patrício de a pé), que ajudamos a disseminar os bailões. Afastamos o povo dos nossos CTG’s, dado o nosso rompante, mania de grandeza, tentativa de elitizar a cultura gaúcha. Uma lástima. Se o que é belo é a simplicidade da nossa cultura gaúcha, porque transformar os CTG’s em clubes de luxo?

Utilizei o bailão mas podia ter dado qualquer outro exemplo. Que fique claro, não tenho nada contra aos bailões. Já fui em alguns e me diverti (pouco é verdade, mas fui). Poderia falar de uma danceteria, ou da moda do sertanejo universitário. Aliás, a música gaúcha perder até pra sertanejo universitário é algo constrangedor e preocupante. Que não me venham falar da mídia, que propaga a cultura dos outros e não a nossa. Nós mesmo abandonamos a nossa cultura. Nós, de dentro pra fora. O que é do Rio Grande é coisa simples e o CTG deveria ser a segunda casa de cada gaúcho e gaúcha deste mundão sem fronteira. Mas não é. O CTG é a casa de uma minoria, dos mesmos de sempre, daqueles que almejam “status” social. Status num CTG é o fim da picada! O povo primeiro foi banido e hoje ele nos bane. A culpa é nossa senhores, só nossa. Mas ainda dá tempo de resgatar o passado e recolher as ovelhas perdidas que estão por aí, sedentas para voltar para o aconchego do galpão. Local aliás que sempre conheceram por casa. A nossa casa.



Abraço e bom final de semana a todos.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Um dia a casa cai

Depois da participação “brilhante” dos atletas brasileiros nos Jogos Olímpicos de Londres, creio que as coisas voltem a normalidade ou a promiscuidade de sempre. Não sem antes, é claro, lembrar que muito antes de bons técnicos, temos que contratar psicólogos, afinal, ninguém entregou tanto na terra da Rainha como nós, fiasco total. Como todos bem sabem, estamos em ano eleitoral e se a campanha ainda não começou, assim o fará a partir de agora. Semana que vem começa o horário eleitoral no rádio e televisão e, com ele, um enriquecimento cultural, social e político, até porque os nossos candidatos são pessoas de trato refinado, com um conhecimento bastante vasto do que é preciso para, “finalmente”, corrigir todos os problemas que assolam a nossa vidinha, aqui pelo município. No resto do Brasil, segue a roubalheira e a safadeza. De fato, vivemos no país do bananão, mas, e sempre tem um mas em tudo, um dia a casa cai, e que tombo!

Todos podem observar, aqueles que me acompanham semanalmente, que pouco uso a palavra “promiscuidade” embora tenha bastante vontade e com relevante frequência. Mas não a utilizo em respeito as pessoas de bem que por aqui vivem, aquelas que trabalham pelo desenvolvimento do país sem pedir nada em troca. Com mais frequência uso a palavra “hipócrita”. É uma palavra triste e sorrateira, que não deveria ser qualidade de nenhum povo, ou defeito, mas é a nossa realidade, infelizmente. Senhores, as vezes acho que o Brasil vive na época da Roma Antiga, quando aqueles governantes utilizavam-se da tática do “pão e circo”, ludibriando o povo com comida e festa em troca do silêncio para os desmandos e a destruição silenciosa do Estado. Sim, a meu ver pelo menos, o nosso estado está sendo destruído aos poucos, de modo que quando o povo acordar, viveremos em trincheiras furadas de bala. A culpa não é desse governo ou do anterior, muito menos o que veio antes. A culpa é nossa mesmo que desde o fim da ditadura tratou de esquecer a diferença de liberdade e libertinagem, palavras que hoje se fazem uma só em prol dos interesses de uma minoria.

Confesso-lhes que este texto escrevo pensando em manda-lo à algum jornal de boa circulação, para que em uma daquelas colunas de opinião eu possa expandir os meus temores e a realidade que, de fato, estamos enfrentando. Mas aí chego a conclusão que apanharei de tudo quanto é lado. No fim das contas, as pessoas neste país não estão muito preparadas para ler, ouvir e ver a verdade. Para que ver uma criança passando fome se posso conviver em meio da fartura, ainda que esta não seja minha? Acreditem, é muito mais fácil viver a felicidade dos outros que admitir a nossa fraqueza em lidar com nossos receios, temores e covardias. Sim, somos covardes. Entregamos o nosso poder na mão de lacaios, com respeito a exceção minoritária, que pouco se preocupam com algo além dos seus umbigos. Estão vendo porque não mando este texto pra um jornal? A verdade dói senhoras e senhores, e como dói. Muito melhor é maquiar a situação e viver sonhando com um mundo de conto de fadas, tal qual a boa séria americana Once Upon a Time. Mas um dia a casa cai, infelizmente, e o tombo, bom, o tombo vai ser de proporções capitais. O que quer dizer? Não sei. Talvez nada. Quem sabe sou eu que vivo no lado errado da história. Que pessimismo!



Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Saudade do palco

Foram-se os dias de conformidade com a distância do palco. Amanhã já faz quatorze meses que não canto mais, que deixei a música fandangueira. Na realidade eu não deixei a música, mas sim, me ausentei por um período afim de me dedicar a outro projeto, tão importante quanto. Mas é que a música é um vício, uma canha da boa, daquelas de Santo Antônio: tu até consegue viver um tempo longe dela, mas uma hora a seca da garganta vai ser latente. Pois bem eis que a saudade dos palcos me é latente. Ando com o pé que é um leque, embora admita para mim mesmo que um retorno, neste exato momento, é difícil. Não só por falta de opção, ou pela dificuldade que é remontar uma banda, mas sim, pelo tempo escasso que tem permeado a minha vida. A semana farroupilha está aí e eu me vejo um pouco distante do contato direto. Talvez alguma apresentação num sábado ou domingo, mas a semana toda mesmo é complicado. Enfim, a saudade que me assola talvez ganhe mais algum tempo de devaneio.

Dá música eu tenho muitas recordações valorosas. Bailes nos confins do Rio Grande, peculiaridades em cada lugar que toquei e bastante sucesso, felizmente. Alguns percalços? Claro! Mas insucesso eu posso dizer com clareza que nunca tive. As dificuldades servem de aprendizado e conhecimento. Lembro-me do dia que surgiu o antigo Alma de Campo (sempre continuarei usando este nome, afinal, quando fui proprietário da marca não havia registro em nome de ninguém – depois, o grupo não existe mais e também não retornaria a utilizá-lo independente de disponibilidade), estava na Várzea do Cedro, numa das suas festas tradicionais, quando o grande Airton me veio com a idéia, me apresentando o Deinisson, que depois constatei ser um gaiteiro de ouro. Lá na Várzea mesmo ficou fechado o primeiro baile, depois vieram os ensaios, montagem de repertório e outros quarenta bailes ou bailantas. Isso mesmo, uma carreira meteória. Que saudade daquele tempo, do conjunto formado por: Bruno Campeiro – Voz, Airton de Lima e Silva – Gaita, Deinisson Morales – Gaita, Cirilo Barcelos (meu grande Compadre) – Guitarra e Voz, Juliano Lima (figuraça) – Baixo e Voz e Lázaro Falkoski – Bateria. Gurizada buenacha em quantia. Depois o Deini resolveu seguir outro caminho, longe da gaita e o grupo encerrou as atividades.

Pouco tempo depois surgiu o Fandangueiro. Com outra proposta musical, mas com o mesmo anseio que era levar a música gaúcha pelo Rio Grande afora. Participaram comigo o Airton, o Mauro e o Lauri. Depois o Airton resolveu parar e eu continuei, por quatro anos. Quando saí, fiquei chateado com a forma como foi conduzida a situação. Hoje faço uma mea culpa, afinal, passei a deixar a música em segundo plano e subjetivamente acabei abandonando o grupo, e não o contrário. Tava lá de corpo e alma a meio pau. No palco mantinha o profissionalismo, mas só o profissionalismo, eis que já estava me faltando o tesão. Faltou um pouco de diálogo, as coisas foram tomando um rumo de distanciamento e enfim, toquei meu último baile a frente do Fandangueiro no dia 11/06/2011, nas dependências do CTG Palanques da Tradição em Campo Bom. Foi um bom baile. Saí de lá com um sentimento que demoraria a subir no palco novamente, só não achei que fosse tanto tempo.

Enfim, a saudade hoje me é latente. Sinto falta da gauchada, do ambiente dos CTG’s, em suma, onde me criei e de onde sou filho. Há cerca de dois meses recebi uma sondagem de volta e dei uma resposta negativa. Hoje não faço mais isso. Falta-me tempo, mas me sobra entusiasmo e vontade. Senhoras e Senhoras me chamam de Campeiro e esse tal aí eu serei sempre. Cantador do Rio Grande, como muito orgulho por sinal. E o Rio Grande pode ter consciência que não tarda eu volto, bem louco de faceiro, por sinal!



Abraço e bom final semana a todos.

PS.: BLOG DO CAMPEIRO em festa! Esta é a postagem de n° 400. Mas que barbaridade!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Eu sou mesmo um ignorante

Nunca antes na história desse país se investiu tanto nos esportes olímpicos o que, fatalmente, deixou todos nós empolgados com os possíveis resultados positivos (leia-se medalhas de ouro) dos nossos atletas. Mas aí, faltando menos de uma semana para se encerrarem os jogos olímpicos de Londres, o que se vê é um verdadeiro fiasco brasileiro. Fosse na sexta-feira, eu teria escrito um dos textos mais polêmicos da história deste blogue, sendo a palavra “incompetência” a mais bonita. Aí, ao longo do sábado procurei ler alguns artigos de gente que entende de esportes da modalidade olímpica e resolvi abrandar um pouco o meu posicionamento, sob pena de cometer alguns equívocos, afinal, eu pouco entendo de esporte que não tenha uma bola participando. O que não impede, contudo, de eu traçar uma crítica. Me obrigo, aliás, haja vista a falta de respeito de alguns atletas para com o povo brasileiro, principalmente que muitos aqui passam fome para que estes “atletas” façam turismo do outro lado do Atlântico.

Eu nunca entendi direito qual é a motivação de um atleta em defender a bandeira brasileira. Eu não teria, certamente. Primeiramente eu sou gaúcho, bem bairrista por sinal. Se o resto do Brasil não respeita o meu Estado, cassoa, não sou eu que tenho que respeitá-los. Mas respeito, quero deixar bem claro. Não entro no mesmo balaio. Só que respeito primeiro o meu povo e depois o resto. Assim, com o Brasil em segundo plano, jamais poderia defender a bandeira brasileira, uma vez que não teria capacidade de fazer isso com hombridade e lealdade necessárias. Mas isso sou eu né. Lá em Londres tem mais gente que não tem a mínima condição de defender a bandeira de nenhum país e mesmo assim está lá, “nos representando”. O que tenho assistido na televisão é um festival de desculpas esfarrapadas de gente que não tem hombridade para defender o nosso país. Como disse eu tinha abrandado a minha crítica. Aí, pesquisando mais um pouco na internet, descobri que atletas brasileiros que haviam sido precocemente eliminados, estavam se esbaldando em festas da noite de Londres.

Para ajudar, ontem no final da tarde, li uma matéria na qual a senhora Rosicléia Campos, técnica da seleção de judô, disse que somos “povo ignorante”. Isso mesmo, esta senhora nos chamou de ignorantes, nós que estamos bancando os atletas lá em Londres, com o dinheiro dos impostos que pagamos. Enquanto nós somos os ignorantes, tem atleta da ginástica amarelando pela terceira olimpíada seguida, outra do atletismo pondo culpa no vento (cômico não fosse trágico), choro, choro, mais choro e só. Meia dúzia de medalhas e era isso. Mas o problema senhoras e senhores somos nós, os brasileiros que só criticam. Nós os ignorantes como disse essa técnica. Será que ela sabe treinar mesmo? Na verdade, nós somos os idiotas que estamos aqui bancando esta dinheirama toda para sustentar os esportes sem retorno algum. Nós, os mesmos que sustentam a corja lá em Brasília.

Quando você abrir o jornal e dar uma olhada no quadro de medalhas verá que o Cazaquistão está na frente do Brasil. Isso mesmo, o Cazaquistão. Aí todos teremos que concordar: ou somos incompetentes ou mesmo ignorantes. Acho que fico com o segundo. Tem razão a treinadora do judô: não consigo entender como o Cazaquistão está na frente do Brasil no quadro de medalhas da olimpíada de Londres. É, eu sou mesmo um ignorante. E dos bons!



Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Os Monarcas - 40 anos!

Sobre o conjunto musical Os Monarcas nem é preciso falar muito, afinal,  a história por si só já atesta o preciosismo e a identidade musical desta legenda de Erechim, conduzida com maestria pelo grande Nésio Alves Corrêa, o Gildinho. Complementa-se a tudo isso ainda, uma carreira sólida, hamoniosa e completa de mais de 40 anos de estrada, galgada na tradição e na história da nossa música sul riograndense, que na gaita gaúcha do Monarcas ganhou as trilhas do mundo.
Para coroar estas 4 décadas de serviços prestados ao Rio Grande, Os Monarcas ainda nos trás de presente dois trabalhos fonográficos gravados ao vivo, um cd e um dvd (o segundo do grupo), trazendo um apanhado de grandes sucessos, os que não estiveram presentes no último trabalho ao vivo, além de regravações clássicas. Tudo foi gravado na cidade natal do grupo, no final de 2011.
No repertório, "Santuário de Xucro", "Beliscando o Coração" e "De Bota Nova", que caracterizam a identidade fandangueira do grupo, além de "Rodeio da Vida", "Prece Telúrica" e "O Vento", trazendo a essência campeira e gaúcha dos Monarcas. Coroando, ainda "De Chão Batido" e "Batendo Água". Eis abaixo, as bonitas capas dos trabalhos:



Certamente, um dos discos que nem é preciso escutar pra saber que já é sucesso.

Uma boa pedida para o dia dos pais ou mesmo acervo cultural.

Vida longa e sucesso para Os Monarcas!

Abraço e bom final de semana a todos.