segunda-feira, 28 de maio de 2012

Melancolia do ninguém

Dizem que o sentimento de tristeza é próprio do abstratismo da vida do ser humano. A melancolia, nesse sentido, nada mais é do que a condição de tristeza reiterada pelo tempo, quando não possui gravidade tão intensa, própria de situações depressivas, por exemplo. O grego Hipócretes, no século V a. C, definiu a melancolia como um desequilíbrio mental enfermo, ou seja, uma doença. Discordo. Talvez hoje, tanto tempo depois, o próprio Hipócretes reveria o seu conceito caso tivesse acesso aos nossos recursos atuais. Naquele tempo dá para se dizer que era gênio, afinal, seu estudo baseava-se em estudo prático, sem qualquer balizamento científico. Que coisa! O ser melancólico a meu ver, hoje em dia, esta relacionado a condição temporária de uma tristeza ou depressão. O prolongamento, por certo, acarretará em uma doença psíquica conforme preconizou Hipócretes. No mais, deixo de traçar maiores comentários, afinal, aqui está um leigo metido a dar um parecer médico. Portanto, relevem qualquer palpite furado que possa caracterizar um conceito deste que vos escreve.

Por vezes as coisas não funcionam como a gente imagina. A simples desilusão acerca de um projeto (de vida, profissional ou outro qualquer) mal sucedido, em alguns casos, deixa a pessoa quase que meio inerte, sem saber o que fazer. É como se estivéssemos dopados, de mãos atadas e sem forças de reação. Por um instante, tudo que era meio de vida virou uma sensação de dúvida. O futuro passa a ser incerto e a realidade distorcida. A melancolia surge quando esses sentimentos são mais constantes do que um simples acaso de momento. Claro, esta conceituação partiu da minha cabeça e não está baseada em estudos de alguém ou de algo. Simplesmente tento escrever como me sinto e tendo dar um conceito ao meu pensamento. De certo, no final das contas, tudo isso só servirá pra mim mesmo achar uma luz no fim do túnel.

A vida é mesmo engraçada. De uma hora pra outra parece que cai a ficha e tudo perde o sentido, quer prático ou moral. A moral da história parece não mais existir e o que era concreto vira abstrato. Por um momento ou tempo, a vida vira filosofia e disso renasce uma realidade ou uma luz se apaga. Quando se apaga, nada mais nos resta senão começar (ou tentar) de novo, sem saber pra onde ir nem aonde se quer chegar. Não digo que hoje estou imbuído de melancolia? Quem sabe você que está lendo neste momento sabe o porquê de eu estar assim! Ou nem sabe do que eu estou falando. Talvez nem eu saiba do que estou falando. O filósofo francês René Descartes brilhantemente determinou: “Penso, logo Existo”. Num dia como hoje, como o pensamento desabilitado, rapidamente chego a conclusão que ao não pensar eu inexisto. Logo, não sou ninguém! Aí um conceito que carece de qualquer estudo científico, eis que galgado apenas e tão somente na realidade. Não sou ninguém.

Boa semana a todos.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Foto 3x4

Dias atrás reparei na minha ficha ambulatorial lá na minha ortodontista. Tem uma pasta com o meu nome escrito nela e uma foto. Sim, uma foto 3x4! Não fosse o fato de eu me lembrar de ter tirado aquela foto, diria que não era eu. Aliás, na minha carteira de motorista eu também estou estranho. Fosse o patrulheiro rodoviário em princípio de carreira, fatalmente duvidaria tratar-se da mesma pessoa. Creio ser uníssono por toda a sociedade, que foto 3x4 é o drama de cada cidadão. Não vejo ninguém dizer que se achou bonito em um retrato minúsculo próprio pra documento. Aliás, dizer que é só pra documento seria omitir a verdade. Muitas pessoas carregam consigo, em carteiras e bolsas, fotos de si e de pessoas amadas. Para quê, eu não sei. De certo na falta de espelho dá uma olhada pra carinha maravilhosa. Ou então, para acordar (de susto!) logo pela manhã. Nada como um estímulo para começar bem o dia.

Foto 3x4 é o título de uma música do Musical (hoje Banda) San Marino, de Santa Rosa/RS. Apesar de ser uma valsa, a música, senão me falha a memória, garantiu um disco de ouro aos músicos. Uma bela banda, para quem gosta de bailão. Mal comparando, Foto 3x4 é parecido com Lembranças (Telmo de Lima Freitas): se não tocar em um baile o poso vai embora reclamando. Incrível! A música conta uma história de cotidiano, de um amor mal correspondido e do amante que mostra a foto 3x4 da mulher amada para um amigo, em uma mesa de bar: “Eu vou pagar a conta/ a conta da tristeza/ e nisso cai na mesa o seu retrato./ Veja amigo este rosto/ a razão do meu desgosto/ é a moça desta foto 3x4”. Que sofimento! Portanto, meus caros uma foto 3x4 não serve só de imagem para um documento, como também para mostrar aos amigos, quer em uma mesa de bar ou não. Vai da fossa de cada um (risos).

Mas afinal, porque saímos tão “judiados” numa foto 3x4? Vou além, alguém aí gosta de alguma 3x4 sua? Que coisa! Outros devem estar achando que eu não tenho mais nada de útil pra falar hoje. Pode até ser, eu diria. Mas tudo tem um sentido no final, seja positivo ou negativo. As pessoas, na sua maioria, não gostam de serem clicadas pelas lentes de uma câmera quando o resultado será diminuto em uma “chapa” 3x4. As pessoas gostam de aparecer emoldurando paisagens, exalando alegria em festas e eventos. Mas não em 3x4. Foto 3x4 é o ápice da decadência vaidosa das pessoas. Deve ser a proximidade, já que de longe dá pra se esconder alguma condição indesejada. Do mesmo modo, ninguém gosta de admitir que o nosso tradicionalismo anda se perdendo pelas tabelas. Bailes em CTG’s? Artigo de luxo! Festivais? Alguns, mas pra meia dúzia. Acho que vou começar a falar mais daquela “moça da foto 3x4, a da música. Agenda gaudéria não se tem. Beleza nesse que vos escreve, muito menos. Pelo menos na 3x4...

Abraço e bom final de semana a todos.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Sem emoção

Por algum motivo, que eu não sei qual, na sexta-feira não consegui fazer a postagem habitual. Ainda fiz uma tentativa no sábado, diretamente de São Francisco de Paula, contudo, novamente não fui feliz. Assim, lamentavelmente, deixei de trazer a tona um assunto interessante, porém, pontual. É possível que na próxima sexta já não tenha mais importância ou até mesmo relevância. Coisas da vida. Seguimos por diante, então.

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Começou ontem o Campeonato Brasileiro de Futebol. Não que isso seja muito relevante, mas é que to meio por fora dos assuntos do final de semana. Ademais, lá em São Chico o assunto mais falado foi política e eu meio que escutei sem prestar muita atenção. Até me posiciono quando me perguntam, mais por educação do que por vontade. Serei sempre político, afinal, ta no meu sangue e cresci neste meio. Contudo, essa minha condição, se depender da minha vontade, restará adormecida por bastante tempo. Voltando ao assunto que importa, se é que importa mesmo: começou o Campeonato Brasileiro.

Nem foi ontem, mas sim, no sábado. Digo que foi ontem porque o meu time começou ontem. Ainda que o começo tenha sido com vitória, o final infelizmente creio que não será. O ano de 2012 para mim é de incredibilidade. Não é de hoje que estou incrédulo com o meu time, de forma que a eliminação na libertadores pouco me afetou. Crônica de uma tragédia anunciada.

Enfim, começou o Campeonato Brasileiro. De agora até dezembro, pelo menos, as rodinhas de mate tem algum assunto que não tenha envolvimento com criminalidade ou condições do tempo. Por oportuno: será que chove?

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Com todo respeito, mas a badalada entrevista da apresentadora Xuxa no Fantástico, ontem, poderia ter sido evitada. Pelo menos da forma que foi. Está certo, ela foi supostamente abusada sexualmente, mas e o que isso vai mudar nas nossas vidas hoje, quase 40 anos depois? Não assisti a mesma. Limitei-me a ler algumas frases retiradas da entrevista. Achei algumas coisas meio confusas, conflitantes, mas enfim. Lamento que uma pessoa do seu calibre tenha que se sujeitar a tamanha exposição em troca de um pouco de audiência. Seja para ela ou para o programa ruim em que se apresentou.

Do contrário, seu programa na tarde do último sábado não teria sido trocado pela final da Liga dos Campeões da Europa. Por oportuno, um jogo bem fraco para um final. Com pouca emoção apesar da decisão por pênaltis.

Como podem ver, eis uma segunda-feira sem muita emoção.

Abraço e boa semana a todos.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

João Francisco, o Bravo Gauchão


Este pequeno grande Gauchão da foto acima, um  taura do Rio Grande, é o João Francisco Carlos Gomes Bravo, que tem apenas 2 anos e 7 meses, e  é uma figurinha, conforme pode-se constatar nas fotos.
O Bravo João Francisco está se preparando para mais uma cirurgia, que pela alta complexidade, será realizada nos Estados Unidos. “Aos seis meses de gestação foi descoberta uma má formação cardíaca, ele não tinha uma válvula pulmonar. Devido a isso, todo o lado direito do coração não se desenvolveu”, explica a mãe Amanda Carlos Gomes Bravo. Os pais já sabiam da necessidade da realização da nova cirurgia e que o procedimento teria o valor aproximado de R$ 230 mil reais. A mobilização de amigos e parentes está sendo muito grande para ajudar o pequeno que encanta a todos que o conhecem.
Desta forma, nobres amigos e amigas, transmito o apelo dos familiares e amigos para que juntos possamos fazer uma corrente de fé e solidariedade em prol deste Gauchão de marca maior. Abaixo, segue o blog da campanha, onde todos podem acompanhar os passos desta tragetória, bem como os n°s de duas contas bancárias para que possamos prestar este auxílio econômico que o João e os pais tanto necessitam:


BANRISUL:

Agência: 0415
Conta: 39.04470.0-1
Titular: Amanda Carlos Gomes Bravo

BANCO DO BRASIL

Agência: 0185-6
Conta: 37.601-9
Titular: Éverson dos Santos Bravo

O detalhe, é que no blog acima referido há toda a prestação de conta acerca da destinação do dinheiro arrecadado, de forma que é explícita, portanto, a boa-fé de toda a campanha.
Estarei disponibilizando na categoria "Favoritos" (ao lado) um linck permanente da campanha enquanto ela perdurar.
Situações como esta, certamente merecem postagem especial por aqui.



É chegada a hora de ajudarmos este Gauchão, senhoras e senhores.

Ao João Francisco e a  família, seguem abertas as portas do Blog do Campeiro para toda ou qualquer manifestação.

Um abraço ao Gauchão e seus pais,
Bruno Costa - Campeiro

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O sistema é bruto

A visita que fiz ao Presídio Central, sexta-feira, serviu para eu constatar algo que já suspeitava: está ruim, mas não é essa desgraça toda que pregam por aí. Imagino que o melhor seria desativá-lo, certamente, mas há soluções paliativas que podem melhorar um pouco a situação do estabelecimento prisional. Primeiro, que por ser cadeia pública, deveria receber apenas condenados em aguardo do trânsito em julgado, ou seja, decisões que não cabem mais recurso. Pelo que constatei, sendo assim, sobrariam vagas no Central, que hoje possui cerca de 1200 “leitos”. Partiríamos do pressuposto que, dentro de sua capacidade, melhoraríamos as condições dos apenados de forma substancial, atendendo os anseios sociais de cada e, consequentemente, da sociedade que clama por melhores condições da casa.

Nesse sentido, é que sou contra às constantes tentativas de alterar dispositivos legais de modo a majorar as sanções criminais. Uma pena mais alta só deixará o criminoso mais tempo na cadeia e não, o fará refletir acerca de sua conduta negativa. Depois, que se construam novos presídios. Nunca fui a favor. Sempre achei que criminalidade se diminui com educação, mas, por vezes temos que passar por cima de algumas idéias ou convicções em prol de um bem maior. Ou então, pra evitar que a idéia de desgraça seja completa.

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Falando nisso, a eventual aliança entre PCdoB e PP em Porto Alegre é bastante insólita. De um lado, um esquerdista defensor da classe trabalhadora, com posições até então radicais; de outro, um direitista defensor dos proprietários, com posições até então conservadoras. Afinal, tal união tem como dar certo? Ao ser entrevistado pela Rádio Guaíba, o Deputado comunista Raul Carrion, pareceu aderir à inóspita realidade brasileira de que “eleição não é momento de ideologia, mas de política”. Ta bom, é por aí mesmo. São Chico que o diga: poderemos ver em 2012 alianças impensáveis e inacreditáveis. Mas podemos e devemos ficar tranqüilos, afinal, a culpa é do sistema.

Grata surpresa é a Senadora Ana Amélia Lemos. Seus anos como jornalista em Brasília lhe deram uma habilidade que poucos têm: a de política. A política Ana Amélia, ao propor e defender esta aliança estranha com o PCdoB, busca na verdade, não uma posição de vice para seu partido numa chapa liderada pela cobiçada Manuela D’ávila, mas sim, os votos que a jovem Deputada poderá lhe proporcionar em 2014, quando será candidata ao Governo do Estado. É simples assim. Aliás, é também simples assim concluir que no Brasil, política não é uma questão de ideologia e perseverança, mas sim, apenas e tão somente, de poder e da busca por ele. É Senhor, olhai por nós cidadão de bem, porque aqui, o sistema é bruto.



Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Afinal, é o que é

O texto de hoje foi escrito ontem. Sei, isso pode demonstrar uma falta de respeito pra com vocês, nobres leitores. Por isso, não gosto disso. Mas no momento em que vocês estão lendo este texto, estou me dirigindo ao Presídio Central, em Porto Alegre. Não, não pretendo passar uma temporada lá. Nem algumas horas, provisoriamente. Vou em visita, como bacharelando em Direito, decorrente de uma disciplina retardatária que, embora eu não goste, me proporcionará esta experiência. Isso porque o Central está em evidência, é manchete em jornais e televisões. Um prato cheio para os defensores dos Direitos Humanos. Enfim, quem sabe na segunda-feira eu até faça um comentário acerca desta visita que estou realizando. Quem sabe. Mas hoje vamos falar de coisas mais agradáveis, afinal, é sexta feira.

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Domingo é Dia das Mães e mãe é mãe. Não posso dizer que o dia é sagrado pois todo dia é dia das mães. Temos que valorizar as nossas, aproveitar que estão ao nosso lado e tentar entender que rabugices são decorrentes do amor que sentem por nós. Aquela preocupação que chega muitas vezes à demasia, também é fruto deste amor.

Afinal, mãe é mãe!

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Os Monarcas é Os Monarcas. Depois de muito relutar, acabei cedendo às insistências do meu pai e a saudade do velho tranco. Na terça-feira estive na Sociedade Gaúcha de Lomba Grande, depois de um bom tempo distante. Distante eu estava também da sala e tratei de matar esta saudade, ainda que estivesse transbordando (a sala) como sempre, em bailes do grupo de Erechim. É o velho e cativante tranco d’Os Monarcas.

Afinal, Os Monarcas é Os Monarcas!

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Desde ontem (10), está disponível nas melhores lojas do ramos o novo disco e dvd do grupo Os Tiranos. O belo trabalho do conjunto é em comemoração aos 20 anos de Estrada, e vm repleto de sucessos, novos e antigos. Destaque para as gravações de Chineiro e Chamamé Serrano, novas; e Ela é Uma Flor Eu Sou um Campeiro, Isto É Rodeio e Teu Olhar, antigas. De lembrar que o trabalho fora gravado no Sítio Novo, em Joinville/SC. Este é prioridade, certmente.

Afinal, um baile gaúcho d’Os Tiranos é um baile gaúcho d’Os Tiranos.



Às Mães a nossa homenagem especial!

Abraço a todos.

terça-feira, 8 de maio de 2012

O tempo e a despedida

Do sítio do programa Galpão Crioulo:

"Nico Fagundes se despede do Galpão Crioulo após três décadas

Uma festa regada a felicidade, música e muita história marcou a noite deste domingo (6), em Venâncio Aires, durante a gravação da comemoração dos 30 anos do Galpão Crioulo. O evento aconteceu na 12ª Fenachim (Festa Nacional do Chimarrão) e reuniu sete mil pessoas, segundo informações da Brigada Militar. Embora 38 atrações preenchessem o palco do programa trazendo o melhor da música regionalista, o grande destaque foi o apresentador Nico Fagundes, que depois de três décadas deixou a regência para o sobrinho Neto Fagundes.

Shana Müller, música do grupo Buenas e M’Espalho, conta que para ela Nico é uma referência na tradição do Rio Grande do Sul. “Ele cumpre um papel muito importante e consagra novos talentos. O Galpão Crioulo é um programa sem preconceitos”, elogia a artista. Liliana Cardoso, declamadora, concorda com Shana. Ela participou do evento mostrando ao público os bastidores da gravação, realizando entrevistas entre cada apresentação. “O Nico é um pai para nós. Colocou muita gente na vitrine e soube valorizar a arte de cada um”, disse Liliana emocionada: “É um sentimento de perda. Admiro sua genialidade”.

A trajetória do Galpão Crioulo começou em abril de 1982. São 30 anos ininterruptos com o mesmo apresentador Antonio Augusto Fagundes e mais de 1500 edições do programa no ar, gravados em estúdio, no campo, no palco ou em eventos. Luiz Carlos Borges, consagrado compositor, participou desde a primeira edição. “Sempre estive em todas as comemorações. Não houve um ano em que não participei de pelo menos uma edição do programa”, conta. Dentre as características de Nico, Luiz Carlos Borges destaca a competência com as palavras e com o conhecimento: “Ele fala não apenas do sul, mas também do universo do regionalismo. Consegue fazer comparações do jeito gaúcho com o jeito russo, por exemplo. Tem experiência em arte, composição, cinema”.

Com um palco totalmente revisitado para a apresentação, com um cenário novo em azul, 38 convidados especiais mostraram o melhor da história do Galpão Crioulo. Pelo menos 32 canções foram entoadas ao som da banda composta especialmente para o evento sob a batuta de Luciano Maia, com Marcelinho Freitas na percussão e bateria, Rodrigo Maia no baixo, Márcio Rosado e Matheus Alves nos violões. Além disso, o CTG Rancho da Saudade, grande vencedor do Enart 2011, também mostrou a sua coreografia. Os momentos mais emocionantes se deram com Berenice Azambuja e Gaúcho da Fronteira, Fátima Gimenez, Juliana Spanevello, Loma e Maria Luiza Benitez cantando “Céu, sol, sul terra e cor”, e em “Querência Amada, por Luiz Carlos Borges, Beto Mayer e Teixeirinha Filho.

A gravação dos 30 anos do Galpão Crioulo será divida em três programas a serem exibidos a partir do próximo domingo (13). Não perca!"

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Notícias como esta merecem uma postagem especial, certamente. Quando li o texto acima dizendo que Antônio Augusto Fagundes, um dos maiores tradicionalistas vivos do nosso Rio Grande, vai deixar a apresentação do mais tradicional programa gaúcho, o Galpão Crioulo - depois de trinta anos - percebi que o tempo, inevitávelmente, é traiçoeiro e chega para deixar sua marca. Enfim, não mais veremos tio Nico todas as manhãs de domingo, mas, o legado de ensinamento que transmitiu para todos nós gaúchos será eterno.

Obrigado Nico Fagundes!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Incrédulo

O assunto de sexta-feira talvez coubesse hoje, mas aí perderia seu sentido. O tempo é crucial e impiedoso. Tem coisas que até ganham uma sobrevida, mas outras, se deixar o pingo passar encilhado, se perde um bom cavalo e uma ótima oportunidade. Os assuntos de segunda-feira tem se tornado mais instigantes ultimamente. Não tem havido nada muito interessante, afora notícias requentadas no cenário político nacional. Por falar em política, nunca vi um ano eleitoral tão sem graça. Faltando menos de dois meses para a largada da corrida, não há ainda movimentação nos boxes. Em Novo Hamburgo, me parece que há carreira de páreo corrido. Em São Chico, não é o desenho de três candidatos que ganha destaque, mas as coligações improváveis e sem qualquer ideologia. Fora, é claro, cavalo cansado arriscando os últimos pêlos que tem no lombo. Tem tudo é claro, pra mais um fiasco acontecer.

Por isso, acabei não comentando sobre o aniversário do CTG Rodeio Serrano, na cidade serrana já citada. Pensei em vir aqui no sábado, mas aí achei que não convinha requentar assunto batido, aquele do bolo (risos). Certamente, ante o posicionamento firme e autêntico da patronagem atual, infelicidades como aquela não mais ocorrerão. Depois, ainda que não tenha ido no fandango, tenho certeza que João Luiz Corrêa representou à altura a história do Rodeio Serrano. É de se esperar que novos valores surjam no meio tradicionalista de São Chico, e que sejam capazes de darem dignidade ao que representa esta entidade com mais de meio século de história. Que não haja um retrocesso de pensamento e, por óbvio, de cultura e história. O CTG Rodeio Serrano e São Francisco de Paula não merecem.

Aliás, o mesmo vale para a política. De um eleitor ferrenho de São Chico eu me tornei um incrédulo, de forma a refletir, inclusive, na possibilidade de transferência do domicilio eleitoral finalmente para Novo Hamburgo. Ainda posso vir a fazê-la até quarta-feira, aliás. Ocorre que lá, nos últimos anos, tem se chovido no molhado. Não há uma evolução social e cultural no povo e nos políticos; a cidade ainda não entendeu que deve valorar como atividade econômica principal o turismo e, para isso, receber e tratar bem os seus visitantes. Vejamos a Festa do Pinhão: cogitou-se a sua não realização este ano, além da mudança constante do local da festa. Lamentável! No fim, aquilo que eu achei que era certo quando depositei meu voto há 4 anos, só não se tornou uma decepção porque, lá no fundo, eu já sabia que ia ocorrer. Mesmo assim não voltei atrás. O pior é que agora mesmo é que eu estou incrédulo. Qualquer um que vier a sentar na cadeira de prefeito de São Chico não fará nada de muito útil à cidade. Isso porque há uma diferença significativa entre o político e o administrador. Lá, pasmem, acreditem: não há nenhum dos dois.

Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Cultura, acima de tudo

Nos dias atuais, mais de uma vez tive que explicar o motivo pelo qual tenho gosto pela tradição. Não há mais um orgulho aberto àquilo que é da gente. Pelo que tenho visto, é bem mais moderno copiar, imitar e vangloriar o “estrangeiro”, a valorizar o que é nosso. Não culpo ninguém por isso e esse texto também não terá a pretensão de buscar os culpados. Tudo é reflexo desta evolução (ou involução?) da nossa sociedade e não há como rotular esse ou aquele. Não sei da onde veio esta minha vocação tradicionalista. O falecido “Seu Netto”, meu avô, vivia de bombacha, um gauchão de pura cepa, de simplicidade. Vai ver é daí o meu gosto. Nunca escondi isso de ninguém e me orgulho de vestir uma bombacha e sair por aí. Já andei pelos corredores da Unisinos e do shopping pilchado e, ainda que tenha percebido olhares de espanto, os de admiração se sobrepuseram. Lá no fundo, sei que o gaúcho sabe e valoriza a sua origem. É por isso que nunca perderei a esperança.

Mas ela balança às vezes. Nesta madrugada a música brasileira perdeu Tinoco. Juntamente com seu irmão Tonico, falecido em 1994, Tinoco dedicou 60 dos seus 91 anos para o canto puro e simples, caipira, do interior. Sei que o Tinoco não era tradicionalista gaúcho, mas era do Brasil. Cantava e compunha as coisas simples da terra, o amor sem pornografia, sem apelação. Enfim, era uma música que era bela por sua simplicidade. Refletindo hoje pela manhã, com o advento de sua morte, humildemente estou aqui para dizer que, de fato, o tal sertanejo universitário beira à simploriedade. Sei que nunca defendi este “novo gênero”. No máximo tratei de respeitar a condição de músico do Michel Teló (afinal ele é músico mesmo, com raízes pretéritas ligadas ao gauchismo, inclusive). Também não há quem possa dizer que algum dia defendi os grupos “Tchês”. O que defendi e defendo é que não cabe a ninguém julgar o caminho que tomaram, nem negar a mão quando um filho desgarrado quer voltar para casa.

Enfim, o que temos hoje é uma condição efêmera. O sucesso de hoje é inexistente amanhã. Quem manda é a mídia e o dinheiro. Dizem que o grande Tinoco morreu na miséria, tendo que fazer bicos e shows até em circo, mesmo nonagenário, para sobreviver. Senhores e senhoras, isso é lamentável e vergonhoso (para nós brasileiros, é claro)! Esse cidadão que faleceu essa madrugada era o integrante da dupla sertaneja mais importante da história deste país. Do sertanejo verdadeiro, de raiz e com fundamento. A dupla Tonico e Tinoco vendeu mais de 150 milhões de discos. Vocês sabem o que isso significa? Por essas e outras que no palco sempre enalteci Teixerinha, José Mendes, Irmão Bertussi, Luiz Menezes, José Cláudio Machado, Os Mirins, Os Monarcas, Os Serranos e tantos outros. Não é só valorizar o que é meu e o que é da terra, mas sim, é valorizar a cultura e o nosso desenvolvimento como povo a partir daí. Que o Brasil aprenda, por aqui, a dar valor para aquilo que é seu e para o que realmente importa. Acima de tudo, cultura!

Vá em paz Tinoco. Muito obrigado!

Abraço a todos.