segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Sodoma e Gomorra

O desabamento das três edificações na região central da cidade do Rio de Janeiro, no anoitecer da última quarta-feira, expuseram a vulnerabilidade a que estamos expostos, quando se trata de funcionamento do poder público. Por conhecimento de causa, com mais de 1500 obras fiscalizadas em pouco menos de dois anos, pude constatar in loco como pode ser fácil efetuar qualquer tipo de obra sem o acompanhamento técnico de um profissional e pior, com uma fiscalização bastante deficitária. Eu mesmo por muitas vezes não vi uma obra sendo construída ou reformada não por falta de atenção, mas pelo excesso de trabalho. Nunca a construção civil esteve tão fomentada em nosso país, seja por vantagens do governo ou pela economia do país. Não se pode criticar um órgão de classe que, ainda com falta de mão de obra, busca o cumprimento de seu papel. Pior são as prefeituras que muitas vezes fazem vistas grossas para o que está acontecendo na comunidade.
Senhoras e senhores, vocês haverão de concordar comigo que não é à toa que um Engenheiro Civil ou Arquiteto ficam alguns anos frequentando os bancos universitários. Não fosse necessário, todos poderiam ser pedreiros ou “mestre de obra” sem gastar tempo e dinheiro em uma universidade. Rotular culpados depois da tragédia consumada eu sei que é fácil, mas que as prefeituras estão dando sorte para o azar isso estão. E como!
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Papelão este protagonizado pela Universidade do Rio dos Sinos – Unisinos. Expor informações pessoais de mais de vinte mil alunos por incompetência de um funcionário é dose hein? Como este funcionário tinha acesso a tal lista sem prévia autorização. Quando se é atendido na Universidade, é solicitado nº de matrícula e documento de identidade. Como então uma só pessoa tem acesso a toda lista de alunos? Enfim, às consequências por ora são desconhecidas, mas que terão, terão.
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Outro acontecimento que fatalmente também expõe a fragilidade do nosso poder público foi o derramamento de petróleo acontecido em Tramandaí-RS, na semana que passou. O que se viu foi um total despreparo de nossa estatal que, embora tenha agido rápido na tentativa de limpar a orla da praia, pouco fez para conter ou então prevenir tal ocorrido. Depois, ainda que autoridades tenham proibido o banho de mar, poucas pessoas obedeceram e o único alerta dado aos veranistas foi pela imprensa.
Pelo que se vê, o dinheiro dos altos impostos que pagamos não tem dado retorno satisfatório aos contribuintes. Em ano eleitoral acentua-se às dificuldades que os políticos têm de ter uma postura ética, honesta e competente. Além de corruptos são incompetentes. É a profecia de Sodoma e Gomorra que está prestes a se repetir. Só que agora, não será Deus o protagonista da destruição.


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Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Chasque de janeiro

Aos poucos a programação cultural do nosso tradicionalismo toma corpo. Após um hiato de mais de um mês, CTG’s começam a se movimentar, ainda que timidamente, fins de dar início aos trabalhos deste novo ano. Digo timidamente, pois, até o momento, só mesmo a Sociedade Gaúcha de Lomba Grande é que já está passando a vassoura no salão do galpão, esperando a gauchada que por aqui se encontra que ainda não se bandeou pro litoral ou já voltou, fins de tornar pública a posse da sua nova patronagem na próxima terça-feira. Depois de duas gestões, o patrício Luiz Cláudio Reis deixa o posto, certamente com o sentimento de dever cumprido. O novo Patrão assume a responsabilidade de manter a história da entidade, além de trabalhar com transparência para que às finanças permaneçam em dia. Portanto é na terça-feira a posse da nova patronagem da Sociedade Gaúcha de Lomba Grande, com aquele tradicional jantar e baile animado por Eco do Minuano e Bonitinho.
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O maior rodeio do Brasil, quiçá do mundo nesta modalidade, dá sua largada hoje. A 29ª edição do Rodeio Internacional de Vacaria, evento que ocorre a cada dois anos, promete superar as expectativa de público e de ginetes. Certamente será uma grande festa, muito tiro de laço, gineteada e é claro, música. Entre às atrações confirmadas estão: Walther Morais, Os Monarcas, Os Serranos, Os Tiranos, João Luiz Corrêa, Grupo Rodeio, Os Mateadores, Cesar Oliveira e Rogério Melo e muito mais. Vale à pena conferir!
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Por falar em Os Serranos, o grupo liderado por Edson Dutra estará animando um grande baile no CTG M’Bororé, em Campo Bom-RS. Será no dia 09/02. Agende-se!
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A timidez dos bailes pela região vem de encontro com a timidez do texto do blog hoje. Espero que semana que vem possa dar mais notícias de eventos pela volta, oportunizando aos que por aqui permanecem, boas oportunidades de entretenimento. Enquanto isso vamos chasqueando. E churrasqueando quem sabe (risos)!

Abraço e bom final de semana a todos

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

De Caxias ao inferno

Meu cansaço começa a ficar mais visível quando esqueço das coisas importantes que devem ser realizadas. Pois bem, esqueci de escrever o texto, ontem, para o blog. Me ocorreu umas duas vezes durante o dia, mas passou e me passei. Coisa que não deveria mais ocorrer, certamente. Fosse ontem, falaria com riqueza de detalhes acerca da minha estada em Caxias do Sul, no domingo. Uma bela cidade, bem administrada, organizada e com um povo culto, trabalhador e que sabe o que quer da vida. Uma cidade que embora colonizada por ‘colonos’, soube aproveitar as oportunidades de crescimento e hoje é o maior polo metal-mecânico do sul do país, quiçá de todo Brasil. Não renega, contudo, suas origens. O sotaque gringo é inconfundível e a grandiosa Festa da Uva todos os anos homenageia àqueles que fizeram da terra o começo de tudo.
Quando disse que Caxias é bem administrada não quis falar, no entanto, que sou favorável à tentativa de tirar a gloriosa Cazuza Ferreira do perímetro de São Chico em prol daquela cidade. Este caso parece-me muito mais olho grande em cima da água e da energia de Cazuza, do que preocupação com o desenvolvimento do distrito. Mas voltando às questões do desenvolvimento de Caxias, evidencia-se de que estamos diante de uma cidade diferenciada. Novo Hamburgo está bastante atrás. Ainda remamos e choramos às pitangas em cima de uma indústria falida do calçado. Caxias não só vive da indústria meta-lmecânica, têm outra fontes bastante interessantes. Aqui, os que não dependem do chão das fábricas vivem do comércio. Talvez paramos por aí. São Leopoldo que vêm crescendo num ritmo bastante acelerado, ao preparar-se para receber a fábrica de elevadores da coreana Hyunday vê a chance de “enfim” ultrapassar Novo Hamburgo. E aqui, seguimos ainda chorando a “morte” da empresa calçadista e esperando uma licitação para, finalmente, termos um transporte público urbano decente.
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O calor até já tinha dado as caras, mas como os últimos dias acho que não teremos mais (eu espero pelo menos). Esta ultima noite fora fatalmente propensa ao ataque voraz dos mosquitos. Nem ar condicionado eles respeitam mais. E eu ainda tive que dormir com ventiladorzinho, aproveitando aquele vento morno “delicioso” que soprava sob meu corpo grudento. Maravilha! Noite inesquecível! É meu caro São Pedro, tá na hora de mandar mais uma chuvinha. Ahh, e logo tá, antes de morrermos fritos por aqui.

Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Preciso de férias

Tem vezes que até o corpo suporta, mas a mente não consegue acompanhar. Não adianta! Uma boa noite de sono pode deixar tudo relaxado, mas mesmo assim as atividades diárias não rendem em virtude da nossa cabeça “estar em outro lugar”. O contrário também é verdadeiro. Minha carreira futebolística, por exemplo, um vexame. Penso nas jogadas como assim fazia há alguns anos. O reflexo dos tempos de goleiro ainda possuo, ainda que em menor escala, mas o corpo, bem, as pernas não respondem mais aos meus pensamentos. Chega a soar ridículo. O que fazer? Não tem o que fazer. Voltar para a academia, neste caso, pode atenuar a minha aposentadoria precoce dos gramados, campinhos de terra batida ou areia, enfim. Alternativa pra mente, entretanto, não é solucionada tão simples assim.
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Estive na casa do meu grande amigo Jackson, o São Borja, dia desses. Conversa vai, conversa vêm e é claro que o assunto ‘música’ predominou. Bons tempos vivemos quando tocamos juntos. Hoje já não convivemos como antes, mas mesmo assim a amizade ficou intacta. Quando ele resolveu aceitar o convite do grupo Chão Gaúcho ele veio me consultar primeiro, perguntou se eu não ficaria chateado e tal. Dei força desde o início, pois sabia que seria o melhor pra ele. O tempo tem mostrado isso, inclusive.
Conversávamos sobre a dificuldade que os grupos da região tem enfrentado. Os bailes estão escassos e quando têm o cachê é ridículo. Perdemos pelo menos dois grupo que encerraram as atividades e um tradicional tem apenas cumprido deveres assumidos há mais tempo. O problema é de ambos os lados: os CTG’s, após uma rápida retomada, voltaram praticamente a estaca zero. Está se evadindo a nossa tradição. Já nos grupos falta gestão e mais profissionalismo. Os pensamentos de outrora já não funcionam mais, as coisas evoluíram e quem não tem este pensamento deve tentar fazer outra coisa, ou então, ficar por casa mesmo. Não basta mais gostar de musica. Tem que ter qualidade e dom, logicamente.
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Alternativa para a mente é o descanso. Constatei, ontem, que estou realmente cansado. Quando detalhes do dia a dia servem de pólvora para acender um fogaréu sem fundamento, isso é sinal que as coisas já não estão indo bem e tendem a piorar. Recordei-me agora, de quando tinha ainda dezoito anos, época em que cheguei a emendar dois anos de trabalho corrido. Outros tempos, certamente, hoje, não consigo mais fazer isso. É senhores e senhoras, pelo visto, ante os relatos que fiz de mim mesmo, parece que estou carecendo de férias. Merecidas imagino. Se não forem também, não importa. O que importa é que estou precisando de férias e com urgência. É isso por agora ou o risco da tomada sofrer um curto circuito de proporções inimagináveis.


Abraço e bom final de semana a todos.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Não fosse a chuvarada...

Provavelmente eu até já usei este título em outra oportunidade, mas, certamente vêm de encontro com a realidade dos últimos dias e merece ser repisado. Denota-se que a chuva do final de semana nem parecia de verão, mas sim, de primavera, haja vista que a temperatura ainda era amena. Serviu, felizmente, para elevar o nível de nossos rios, ainda que por enquanto, deflagrando alguns dias de vantagem na corrida contra a seca. Pelo nível atual do Rio dos Sinos, mais de quatro metros, poderia dizer que teríamos algumas semanas de tranquilidade. Todavia, dificilmente os arrozeiros não irão aproveitar a alta do leito para, irregularmente, sugar a água da bacia hidrográfica. Nesta época do ano, é preciso ter ciência do que é mais importante: menos de 20 produtores de arroz ou mais de meio milhão de pessoas? A disparidade da conta é tão clara, que chega a ser ridículo tal questionamento. Porém, nosso governo estadual parece não saber a resposta ainda. Pois é, espero que este “ainda” seja apenas por enquanto.
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Lendo uma revista de cunho econômico neste final de semana, dei-me por conta de que o nosso país, não fosse a corrupção, o alto custo da máquina pública e a promiscuidade da grande maioria do povo, seria provavelmente a maior economia do mundo. Senão vejamos: temos matéria prima em abundância ( minério de ferro, basalto, madeira e etc.), mão de obra que, embora não totalmente qualificada, disposta a trabalhar, agroindústria em pleno desenvolvimento, água em abundância, comida e agora, também autossuficiência em petróleo. O que nos falta então? Governantes mais qualificados e melhor distribuição das riquezas do país. Se sul e sudeste são os que mais produzem, injusto o nordeste ser sustentado por nós. A seca não pode ser mais desculpa, afinal, têm nos prejudicado bastante também. Assim, o processo todo começa pela tão sonhada reforma política que terá de impor uma divisão mais justa às cadeiras do Congresso Nacional. A conta não pode ser feita somente pela divisão por número de estados ou quantidade de pessoas, mas também pelo PIB de cada região. Parece uma forma preconceituosa de divisão? Até pode parecer, mas e hoje, não está assim por acaso? Não continuamos sustentando parte do Brasil?
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A chuva ocorrida no final de semana era tão esperada, que não ouvi uma alma sequer reclamando. Eu mesmo andava para baixo e para cima sem guarda chuva e não reclamei. A situação na nossa região estava ficando a cada dia mais crítica e não havia como se esperar mais. Espero que os efeitos da estiagem desta ano consigam alertar o nosso poder público, quer federal, estadual ou municipal, acerca da necessidade de investimentos preventivos com o intuito de atenuar novas ocorrências. Remediar depois, neste caso, é apenas mais uma das tantas medidas paliativas que se usam para dar uma resposta à restrita parte da população afetada, à mídia e aos eleitores, é claro. Cantava o saudoso Zé Cláudio que “não fosse a chuvarada se metendo a besta, traria mil cabeças com a benção do pago”. Pois é, não fosse a chuvarada se metendo a besta, estaríamos com as nossas torneiras provavelmente secas neste exato momento, ouvindo aquela velha balela de sempre. Não fosse a chuvarada...




Abraço e boa semana a todos.

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Editado em 17/01: O que até dias atrás representava "apenas" a futilidade da televisão brasileira e a promiscuidade de boa parte do povo, agora é caso de polícia. Que barbaridade! Mas, isso é Brasil. Chinelagem total...

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Assim são as festas da Várzea

Ontem, quando pensei no assunto a ser abordado hoje, lembrei-me de rever os textos que escrevi nos últimos três janeiros: 2011, 2010 e 2009. Aí, me deparei com uma situação bastante peculiar: nunca escrevi um texto dedicado exclusivamente à festa da Várzea do Cedro, localidade do município de São Francisco de Paula, e que não chega a ser um distrito. Digo que é peculiar, pois o evento é sempre em janeiro, por vezes no terceiro, outras no quarto final de semana do primeiro mês de cada ano e, desde que me entendo por gente, a festa existe. Assim, torna-se um dos eventos mais importantes do calendário de São Chico. Diria até que é o único na época. Ocorre que até o momento, pelo menos aqui no Blog do Campeiro, eu nunca havia dedicado um texto à festa. Eis, então, a oportunidade de corrigir tamanha falha.



Em tempo de festa, pra Várzea ruma a gauchada da Lomba Chata, Tainhas, Cerrito, Lajeado Grande, Faxinal, Caxias do Sul e, é claro, de São Chico. Até da Cazuza vai gente para a festa no Cedro. É uma oportunidade única de reunir a família e os amigos, certamente. Em volta de uma mesa no salão, ou então improvisado debaixo o arvoredo em volta, o povo confraterniza com um churrasco buenacho. Não há em qualquer outro lugar da região carne de ovelha assada melhor que a da Várzea. Repito, nãos há! No mais a carne é boa por completo, suculenta e apetitosa. Já estou, inclusive, com agua na boca a esta hora. Quer reunir os parentes, da cidade e de fora, combina um passeio domingo e todos lá estarão. Bons tempos e grandes festas na Várzea. Não há quem não goste daquilo lá. Outra coisa que descobri, é que desde 2009 não fui mais. Quem sabe então é chegada a hora de matar a saudade dos patrícios, e ir comer um naco de churrasco lá na grandiosa festa em honra a São Luiz Gonzaga.



Por fim, não poderia deixar de falar da parte musical da Festa da Várzea. No sábado à noite e no domingo à tarde, a parte musical ficará por conta de um artista já bastante conhecido na região: Porca Véia. Juntamente com o grupo Cordiona, Élio da Rosa Xavier representa bem o estilo do povo da localidade, acostumando com as coisas simples do campo e, por consequência, com a simplicidade da música gaúcha. Porca Véia e grupo Cordiona representam bem esta simplicidade e por isso, a garantia de sucesso musical está garantida. O restante da festa também tem sucesso garantido. Quando uma coisa conta com a alegria do povo, das famílias e dos patrícios, não há como dar errado. Enfim, começa amanhã uma das festas mais tradicionais da serra gaúcha. Muito churrasco gordo, cerveja gelada e divertimento. Assim são as festas na Várzea do Cedo. E dê-lhe boca gauchada...



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VOLNEI GOMES



Os fãs do grande cantor campeiro Volnei Gomes (ex- Os Tiranos, JLC e Coração Gaúcho), que já estão sentindo falta desta voz xucra e marcante do Rio Grande, podem se tranquilizar que, em breve, teremos uma grande novidade! Quando puder, em primeira mão, trago a todos vocês mais notícias.





Forte abraço e bom final de semana a todos.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A pessoa errada

Ai Se Eu Te Pego virou hit mundial. É isso mesmo que eu escrevi e vocês, afortunados leitores deste blogue, estão lendo: ‘Ai Se Eu Te Pego’, música cantada pelo agora sertanejo Michel Teló, rompeu as barreiras do Brasil e está fazendo tremendo sucesso lá fora. O que dizer? Nada. Que bom para o Michel e para os autores da música. No entanto, o patamar alcançado pelo sucesso da música foi tamanho que tem gerado moções contrárias. Exemplo disso é o texto escrito por Juremir Machado da Silva, escritor e colunista que possui talento inquestionável, em publicação feita em seu blogue, na última quarta-feira. No texto, o Juremir faz uma crítica contumás à qualidade da letra, ao cantor, e, porque não dizer, a incapacidade de dicernimento cultural de nós brasileiros. Apesar de concordar com grande parte do que escreveu, acredito que o direcionamento fora feito para a pessoa errada.

O Michel Teló é só mais um, dos tantos “sertenejos universitários” que existem, que busca um lugar ao sol. Um paranaense que a frente do Grupo Tradição, do Mato Grosso do Sul, por bastante tempo gravou musicas dos Serranos, Monarcas, entre outros gigantes aqui do Rio Grande. Resolveu se lançar em carreira solo e tem tido um relativo sucesso. A par de julgar sua qualidade, acredito que a música que canta, seja este mega hit ou outra qualquer, esta longe de ser uma aberração da nossa música. Temos coisas muito, mas muito piores. Pior ainda é se um funk, por exemplo, aquela coisa ridícula que faz apologia ao crime, às drogas, à prostituição, entre outros, chegasse ao resto do mundo como representante da música brasileira. O povo brasileiro tem carência de cultura? Claro! O povo brasileiro idolatra artistas ruins? Sim! Entretanto, é preciso destacar que o nosso provincianismo cultural não nos faz melhor, nem pior que boa parte do restante do mundo. A música ‘Ai Se Eu te Pego’ não é boa nem ruim. Certamente é bem melhor que muita coisa que divertiu o povo até bem pouco atrás. Ouso dizer que, na comparação, o povo já melhorou um pouquinho. De certo, caro Juremir, seu nível intelectual é tão mais apurado que tamanha simploriedade sempre lhe será intragável. E é por isso que, com toda minha modéstia, acredito que sua crítica, embora real, fora direcionada para a pessoa errada.

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Antes de finalizar, gostaria de dizer que não estou defendendo aqui a música sertaneja, seja ela qual for. Primeiro, que pra mim isso não é musica sertaneja. A vedadeira é aquela cantada por Sérgio Reis, Renato Teixeira, Tonico e Tinoco, enfim. Segundo, que continuo repontando o gauchismo como sempre fiz. Não levanto a bandeira dos outros, mas sim, e somente, a do Rio Grande. O que fiz foi um contraponto pontual, tentando evitar que se abra margem a críticas à mim mesmo. Não pensem que a partir de agora vou tolerar babaquices porque cairam na boca do povo. Fiz um aparte, apenas. No mais, sigo achando que quem deve valorizar mais a música são os músicos, e não só o povo. Não posso dizer que a televisão apresenta o circo para a população, pois estaria ofendendo esta admirável e competente classe de artistas que temos pelo mundo afora. Na canoa furada que é a nossa televisão, muitas vezes não se salva quem sabe nadar, mas sim, que está preso em uma bóia.

Por falar em babaquice, amanhã recomeça a maior de todas que existem em nossa televisão.

Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Encolheram nossa comida!

Houve um tempo, que não faz tanto tempo assim, que o programa mais barato do final de semana era sair com a família para comer um ‘xis’ no “trailer”, quase sempre da esquina. Bons tempos aqueles. Lembro-me de sair com os meus pais, ainda lá em São Chico, para comer o lanche. Naquele tempo, R$ 10 (dez reais) era o suficiente para pagar a comida de todo mundo e ainda custeava parte do refrigerante. Hoje, dependendo da lancheria, não chega nem para pagar o próprio ‘xis’. Lembro ainda que naquela época podia dividir tranquilamente um lanche com minha mãe, primo, ou amigo e mesmo assim ficaríamos satisfeitos. A circunferência de um ‘xis’ pairavam sobre ás bordas de um prato raso, ao contrário dos nosso dias atuais em que mal tampa o fundo do mesmo. O artifício de ser um lanche não só barato, como também rápido, também não cola mais na nossa sociedade atual. Cansei de esperar quase meia hora por um. Enfim, coisas do advento da vida moderna que tem atingido, pasmem, também nossa comida. Não a ponto de faltar, a princípio, mas de encolher.
Novo Hamburgo, felizmente, ainda possui algumas lancherias que lembram muito bem os tempos de outrora. Uma destas, bem conhecida por sinal, próxima ao cruzamento da Bento com a Nicolau Becker, ainda funciona num “trailer”, inclusive, e o pão do “xis” ainda é digno de fazer a graça de algum esfomeado. O “encolhimento” da comida não atingiu só o pão não. Minha bolacha recheada predileta, aquela com carinha, biscoito de chocolate e recheio de morango diminuiu de tamanho (mas não de preço, óbvio). Quando era guri, um pacote tinha 200g e hoje 164g. O sabor, embora seja bem próximo o daquela época, teve sutil alteração quando a mesma passou a ser feita com farinha integral. Crianças pouco se preocupam com que farinha é feita e acho que os pais também, mas... Minha sorte é que em um dos meus severos regimes que fiz, meio que aboli o amor pela bolacha; hoje como raramente. O refrigerante era em garrafa de vidro. Tão mais saboroso que está voltando às prateleiras dos supormercados. Enfim, o mundo moderno nos trouxe facilidades que não se confundem com qualidade.
Por fim, como não falar no alimento mais consumido em todo mundo: o pão. Quando ainda morava em São Chico, quase todas as manhãs “quebrava” na esquina da Benjamin Constant, oriundo da Pinheiro Machado, e me dirigia à padaria Canani ( que há tempos não existe mais) para comprar um pão d’água (de quilo ou de quarto de quilo, se não me engano). Quando a vó dava um dinheiro a mais (por desatenção ou por querer mesmo) ainda comprava um sanduíche de nata, queijo e mortadela. Senhoras e senhores lembro-me como se fosse hoje: o sanduba custava inacreditáveis R$ 0,40 (quarenta centavos). Que coisa! O pão d’água se foi. Algum lugar ou outro ainda o vende com a intenção de incitar a nostalgia dos consumidores. O nosso pão também diminui. Hoje, faz a fama o popular ‘cacetinho’ ou ‘de sal’ como dizem os irmãos catarinas. Quem reina é o francês. Acho que vou fazer terapia. Não consigo me conformar com “sumiço” do que é bom. Querida, me acode, encolheram nossa comida!

Abraço e bom final de semana a todos.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Previsões

Na antevéspera do ano novo, portanto, sexta-feira que passou, assisti na televisão uma astróloga falando que este novo ano será muito bom, principalmente até sua primeira metade. Na véspera, vi mais uma previsão nos mesmos moldes. Isso quer dizer que eu acredito em previsões místicas? Não. Apenas que, provavelmente, eu não tinha nada melhor para fazer, tendo em vista que as previsões foram feitas no mesmo programa televisivo que, até pouco tempo atrás era de cunho jornalístico e agora é uma esculhambação, pode-se dizer. Previsões foram feitas para quem acredita nelas. O misticismo na verdade é carente da crença: se não há quem acredita, de nada adianta existir determinado ponto de vista, ou como queiram definir. Mas ainda sobre as previsões, é preciso ter um pouco de cuidado (como em todo o resto), haja vista que possamos nos tornar reféns daquilo que pode ser que venha a acontecer.
Dois fatos bastante curiosos aconteceram aqui em Novo Hamburgo. Há um tempo atrás, um empresário foi advertido por um destes que faz previsões (ou uma destas) que morreria em um acidente de trânsito na virada do ano. Crente que a previsão se concretizaria, comprou até um caixão branco e seguiu para o seu cruel destino. Ocorre que o empresário não morreu naquele ano. Tá certo que acabou morrendo tempo depois, parece-me que até mesmo de acidente de carro, mas não foi na data prevista. Enganou a morte? Isso parece-me mais roteio de filme norte americano. No outro, uma vidente até então famosa no Brasil inteiro, disse que o Shopping de Novo Hamburgo iria explodir, também em uma virada de ano. Naquela virada de ano! Vai ver, previa as obras que acontecem há cerca de três anos no local e se confundiu na hora de divulgar suas visões. Portanto, meus caros e minhas caras, não é a questão de creer ou não, mas sim, de saber no que se pode acreditar.
Ainda que tardias, acho que posso fazer algumas previsões para este novo ano corrente. Por exemplo, como todos sabem, a partir de julho teremos um novo processo eleitoral em todos os municípios do país (agora entendi porque a astróloga disse que o ano será excelente só até junho ... risos) , e assim posso prever, de antemão, que choverão promessas safadas que insistem em brincar com a dignidade do povo. Em breve, começarão as obras de pavimentação de ruas nas nossas cidades da região. Buracos? Isso só apartir de 2013, pois, em 2012 eles não farão parte dos nossos trajetos. Este é o ano da boquinha! Paro por aqui. Para o primeiro texto do ano estou muito ríspido. Humor negro não! Poderia prever coisas que a meu ver são boas. Mas aí estaria jogando com o futuro. Aliás, estaria jogando comigo mesmo, tratando de viver de ilusão. Meu pensamento trabalha com a idéia de que é melhor construir as coisas boas do que esperar que elas caiam do céu. E é por aí que seguimos em frente para mais um ano.

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Abraço a todos e uma boa semana.