quarta-feira, 31 de agosto de 2011

De bombacha

Faz algum tempo que venho me preparando para escrever novamente sobre o tema, a saber, o “retorno” de alguns músicos às suas origens tradicionalistas. Como todos devem estar lembrados, meses atrás escrevi um texto falando acerca do retorno do cantor Luiz Cláudio aos palcos de CTG, devidamente pilchado, com sua banda de então. Pouco tempo depois, acabei sendo surpreendido com sua ida para os Garotos de Ouro, seguindo a linha que o grupo vinha mantendo nos últimos tempos, bem distante do que conhecemos por tradição gaúcha. Decidi então não tratar mais do assunto. Aí, há pouco menos de dois meses, todos devem lembrar do que eu escrevi sobre um show que acabei assistindo do grupo Tchê Barbaridade na Festa do Pinhão em São Chico. Recordo que cheguei a mencionar que o trancão de baile tocado por eles era de dar gosto. De fazer um outrora fã, como eu, com uma ponta de nostalgia, sentir saudade dos tempos em que Marcelo do Tchê e Cia animavam bailes nos CTG’s pelo Brasil afora. Pois bem, o que parecia apenas uma ponta de nostalgia num primeiro momento, pode estar se transformando num pedido de volta para casa. Explico, meus caros:
Ontem à noite, nas dependências da Sociedade Gaúcha de Lomba Grande, após quatro anos de afastamento, o grupo Tchê Barbaridade voltou ao palco de um CTG, todos os integrantes devidamente pilchados, para o lançamento do novo disco da banda de Porto Alegre: 100% Gaúcho. Quando tomei conhecimento da ocorrência do evento, há cerca de um mês atrás, confesso num primeiro momento que não acreditei. Depois, fui checar a informação e realmente constatei que o Tchê Barbaridade voltaria a tocar baile gaúcho. Não pairou em minha cabeça a dúvida, pois, por conhecer de longa data o atual patrão da Sociedade Gaúcha, sabia que ele não poria à prova os fundamentos tradicionalistas da entidade, quiçá, desobedeceria a ordem do MTG (que baniu os ditos grupos de se apresentarem em eventos oficiais, quando da forma atual). De qualquer forma eu já me programava para ir na Lomba Grande mesmo, e ao saber do baile, adiantei o desejo em uma semana. Quem me conhece sabe do meu posicionamento. Respeito a decisão dos ‘tchês’, mas também não defendo. Acho que esta virada na carreira dos músicos foi desnecessária, enfim. De qualquer forma, o fato atual é de que o Tchê Barbaridade voltou às origens. E como.
Senhoras e senhores, o que eu vi ontem me deixou boquiaberto. Um trancão de baile que há muito não via. A sala estava cheia do início ao fim. No repertório do Tchê Barbaridade, seus antigos sucessos, Os Monarcas, Os Mirins, Porca Véia, Os Serranos e muito mais. Não, eu não estou inventando história. Conto o que vi. Matei a saudade e saí com uma pontinha de esperança. O baile foi dividido em dois. Na segunda metade subiu ao palco os Garotos de Ouro, do mesmo Luiz Cláudio supra mencionado. Todos de bombacha também. Cantando os grandes sucessos da grupo originado em Cruz Alta. Na apresentação o Luiz Cláudio disse que ali estava a retomada dos Garotos as suas origens, com a bombacha sempre presente a partir de então. Assim como da outra vez eu acredito e fico feliz. Ganha o Rio Grande e a verdadeira música gaúcha. Demorei para tratar do assunto novamente, e quando o faço, chego com a premissa da esperança, de que o trancão gaúcho seja engrandecido por Tchê Barbaridade e Garotos de Ouro. De bombacha, é claro!
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Finalmente dá-se um fim a este agosto. Pasmem, em grande estilo.

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Grande abraço a todos.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Não fosse a chuvarada...

Depois da chuva desta madrugada, que ainda persiste nesta manhã, não poderia tratar de outra coisa. Do mesmo modo, aproveito para fazer uma homenagem ao grande José Claudio Machado, que imortalizou na sua voz esta canção:

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Milonga Abaixo de Mau Tempo - Mauro Moraes

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Coisa esquisita, a gadaria toda

Penando a dor do mango com o focinho n'água

O campo alagado nos obriga à reza

No ofício de quem leva pra enlutar as mágoas


O olhar triste do gado, atravessando o rio

A baba dos cansados afogando a volta

A manha de quem berra no capão do mato

E o brado de quem cerca repontando a tropa



Agarra amigo o laço, enquanto o boi tá vivo

A enchente anda danada molestando o pasto

Ao passo que descampa a pampa dos mirréis

E a bóia que se come, retrucando o tempo

Aparta no rodeio a solidão local

Pealando mal e mal o que a razão quiser


Amada...

Me deu saudade

Me fala que a égua tá prenha,

Que o porco tá gordo,

Que o baio anda solto

E que toda cuscada lá em casa comeu...


Coisa mais sem sorte esta peste medonha

Curando os mais bichados, deu febre no gado

Não fosse a chuvarada se metendo a besta

Traria mil cabeças com a bênção do pago


Dei falta da santinha limpando os peçuelos

E do terço de tentos, nas preces sinuelas

Logo em seguidinha é semana santa

Vou cego pra barranca, e só depois vou vê-la


Agarra amigo o laço, enquanto o boi tá vivo

A enchente anda danada molestando o pasto

Ao passo que descampa a pampa dos mirréis

E a bóia que se come, retrucando o tempo

Aparta no rodeio a solidão local

Pealando mal e mal o que a razão quiser



Amada...

Me deu saudade

Me fala que a égua tá prenha,

Que o porco tá gordo,

Que o baio anda solto

E que toda cuscada lá em casa comeu...


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Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Querência, tempo e ausência

A ocorrência de alguns fatos esta semana, por algum motivo ou outro impedem que neste exato momento eu escreva palavras que tenham um sentido motivacional, ou seja, que deem a vocês nobres leitores e leitoras, ânimo para enfrentar mais um final de semana que, ao que tudo indica, será de chuva. Muito embora o ocorrido tenha se dado ainda no início da semana, afetou-me de tal forma que hoje ainda há respingos de banha quente. Não faz parte do meu vocabulário a hipocrisia. Não seria justo com todos que por aqui passam semanalmente, fingir estar vivendo algo que não ocorre na prática. De fato, portanto, não estou em um dos meus melhores dias. Não é nem uma questão de irritação ou então descontentamento, mas sim, de angustia, preocupação e a pior: frustração. Resumindo, estou frustrado e com isso certamente estarão frustradas as tentativas de tentar escrever linhas que visem motivar positivamente alguém, com o perdão da redundância. Quanto tempo vai levar para mim conseguir voltar “pros trilhos” eu não sei. Com o perdão da redundância novamente, só o tempo dirá. Assim, nada mais me resta a não ser olhar para o relógio. Do pulso, da parede, da Matriz lá do meu bairro. Muitas vezes o tempo é realmente algo específico do relógio, perfilado pela destreza de seus ponteiros. Tempo.
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Semana passada quase fiz uma postagem extra na sexta-feira. Depois, pensei em editar a que já estava no ar. Por fim, resolvi trazer a notícia com um pouco de atraso mesmo. Ausência. Mas enfim...
O último sábado marcou o retorno de Fabiano Bohrer, o Gauchão, ao vocal do grupo Os Tiranos. Depois de mais de uma década cantando no grupo Candieiro, Fabiano volta as origens para abrilhantar ainda mais o repertório do grupo que lhe abriu as portas para o cenário musical gaúcho e brasileiro. Sem dúvida nenhuma, a volta do cantor canelense ao grupo Os Tiranos é um reforço imensurável. Boa sorte Fabiano e sucesso a Os Tiranos.
O gaiteiro e cantor Lincon Ramos está de volta ao grupo Campeirismo. Depois de rápida passagem pelo grupo Candieiro, Lincon volta a dividir brilhantemente o palco com João Luiz Corrêa.
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Decidi que é chegada a hora de ter um lugar para guardar os pelegos. Quero dizer, ter um lugar em que eu posso chamar de casa, ou melhor, minha casa. Não que eu esteja desdenhando da casa dos pais ou então da sogra (risos), mas em algum momento da vida temos que tomar um rumo de independência. Isso não quer dizer, contudo, que seja fácil. Aliás, não é nem metade do caminho. Mas é um começo certamente. Ah minha Querência. Das tantas coisas que a vida nos proporciona, ando vivendo a prova, pelo que se percebe, de três específicas: querência, tempo e ausência.
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Abraço e bom final de semana a todos.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Pelego

Neste último sábado conversando com um amigo tradicionalista, daqueles que realmente conhecem o gauchismo e não ficam por aí se achando o tal sem saber coisa alguma, e ele me disse que entrou em uma loja de artigos gauchescos e pasmem, para sua surpresa, estavam ofertando um pelego cor de rosa. Tinha um xadrez também. Ora, meus caros e minhas caras, não me recordo de já ter visto uma ovelha cor de rosa ou xadrez pastando pelos nossos campos. Pelego com um leve tom de laranja eu até já vi e é característico de uma raça, agora cor de rosa... Realmente a situação parece estar indo ladeira abaixo. Nossos CTG’s da região cada vez mais deficientes, empobrecidos e esvaziados. Os grupos de baile, reféns desta situação, também estão cada vez mais escassos. Hoje é impossível viver da música por aqui. Talvez dê para viver em Santa Catarina e Paraná, mas não aqui. No mesmo sábado ouvi dizer que já está se criando tradicional acampamento farroupilha na capital. Um mês de evento. Mas e o resto do ano? E os outros doze meses? É, pelo jeito que a coisa anda indo, não é de se surpreender tanto assim com um pelego cor de rosa, ou tingido de qualquer outra cor berrante. Berrante, aliás, deveria estar o MTG que muito late mais não morde. Pelego cor de rosa? Foi pra isso que o Presidente Bento Gonçalves da Silva peleou por mais de dez anos?
Até hoje, um dos textos mais acessados e comentados aqui do Blog do Campeiro foi o que levantei o debate acerca da bombacha feminina. Na época critiquei. Diga-se de passagem, continuo com o mesmo pensamento. No entanto, essa história de pelego personalizado foi uma surpresa tão grande que pensei inclusive em não escrever o texto para hoje. Iria deixar para amanhã ou quarta-feira, tamanha a minha perplexidade com a situação. Este Campeiro que vos escreve é um defensor assumido da evolução do tradicionalismo, face das circunstâncias da nossa sociedade atual. Isso não quer dizer, contudo, que aceito este modismo absurdo a qual estamos sendo expostos. Uma coisa é adaptar a realidade do campo ou da cidade em prol do nosso tradicionalismo, outra bem diferente é aceitar este tipo de coisa. Aonde foi parar o respeito pelo lenço do nosso pescoço e pela nossa bombacha? Que rumo vai tomar a nossa tradição que há muito foi esquecida pela nossa sociedade e, inclusive, pelo tal de MTG? Digo isso porque o tradicionalismo que estão praticando em alguns CTG’s por aí, em nada correspondem com os valores do gauchismo, mas sim, do interesse de uma meia dúzia. Eu já vi bastante coisa nesta vida, ainda que não tenha vivido tanto assim. Mas saber que lojas de artigos gauchescos já estão vendendo pelego cor de rosa eu não sei se quero ver. Afinal, para onde vamos?
Anualmente no mês de setembro, se não estou enganado, ocorre a cavalgada das prendas lá em São Chico. Algumas se portam de vestido de prenda, outras de bombacha mesmo agora, pelego cor de rosa, verde limão, xadrez ou qualquer outro da espécie não há. Por lá se respeita a tradição acima de tudo. Quem me vê andando pela rua diariamente as vezes não acredita que me chamam de Campeiro. Os compromissos do dia a dia infelizmente não permitem que eu ande de bota e bombacha dia sim e outro também. Agora, num não me lembro de ido alguma vez na vida em um baile de CTG sem bota e bombacha. Nem nas terças da Lomba quando ia direito do trabalho. É uma questão de respeito ao que é nosso senhoras e senhores. Mas do jeito que a coisa anda, qualquer dia destes o povo abandona o campo, troca o cavalo por uma motocicleta e aí, inevitavelmente, deixa a vida de fora. Não sem antes dobrar um pelego de cor pura e abandonar no fundo de um galpão. Levanta Rio Grande e salvai os teus pelegos!
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Até de bicicleta Damião?

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Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Dos (verdadeiros) amigos

Todos já devem ter percebido que nas últimas postagens de sexta-feira tenho feito uma saudação há algum amigo, geralmente com ligação a música. Vai ver é uma forma que tenho de estar mais próximo do meio. Ou, simplesmente, uma forma de mostrar para estas pessoas que possuo respeito por elas, amizade enfim. De maneira alguma estou abrindo precedente para mencionar alguém a cada véspera de fim de semana, mas, uma coincidência que, aliás, pode vir a se repetir hoje. Certa feita pensei em fazer um texto elencando àqueles amigos, sabem, que levamos no lado esquerdo do peito. Aqueles que são nossos “irmãos sem terem nascido do mesmo pai ou mãe”, como mesmo diz um destes a quem eu tenho demasiado apreço. São poucos. Por isso meso pensei em mencioná-los. De repente até fiz isso, aqui mesmo, mas confesso-lhes a memória tem me traído algumas vezes. Até porque já não sou mais tão novo, corpo de guri. Mas ao mesmo tempo que penso em elencar alguns eu declino. Não seria justo com outros tantos por quem nutro fraterno respeito e que, por um motivo ou outro, ainda não estão no grau máximo de minha amizade. Mas isso é por enquanto, até porque, o amanhã é bem diferente.
Uma relação de amizade tal qual supramencionada é geralmente uma construção de anos. Não se ganha um amigão do dia para noite. Será? Olha, eu mesmo considero como amigo pessoas que eu não conheço há muito tempo. Talvez o tempo, este que contamos no relógio e no calendário, não deva ser o ponto crucial para a valoração de uma amizade, mas sim, apenas um dos elementos do todo. Creio que os principais fundamentos são três: empatia, confiança e caráter. Muitas vezes conhecemos uma pessoa há dez dias pensando serem dez anos, tamanha a empatia pelo próximo. De igual forma, é preciso ponderar de forma objetiva as atitudes da pessoa, o que fala, como se comporta, o que pensa. É assim que se começa a construir uma relação de confiança. Por fim, e não menos importante, deve se estar atento ao caráter do novo amigo. Será que longe de mim ele mantém-se meu amigo? Paralelo a estes fundamentos, tem-se a real necessidade de ir introduzindo este novo amigo no círculo familiar, onde os outros amigos já estão posicionados. É de se lembrar que no caso do caráter, isso vale para mim também, afinal, não posso simplesmente por ter um novo amigo, dar menos atenção aquele fiel escudeiro de tempos. Se pararmos para pensar, a relação de amizade, guardadas devidas proporções, se assemelha à relação amorosa. De certa forma, é preciso ponderar a relação amorosa com a familiar e de amizade, mesmo que, principalmente no começo, aquele da paixão avassaladora, deixemos um pouco de lado o mundo em prol da felicidade ao lado da pessoa amada.
Certamente após o que escrevi acima não faltará alguém para dizer que estou apaixonado (risos). Na verdade, a verdadeira (risos), não estou, mas sim, sou um apaixonado. A paixão é uma coisa que deve se renovar a cada dia, propiciando-nos momentos de alegria, paz e prazer. Contudo, no caso específico, creio ter parecido mais um psicólogo do que um apaixonado (risos). De qualquer forma, o importante é saber reconhecer as amizades, aquele verdadeiro grande amigo (ou aqueles...), que saberá estar presente no momento mais delicado de nossas vidas e no mais feliz também. Nas últimas postagens de sexta-feira venho fazendo uma saudação especial há amigos e conhecidos. Por coincidência todos tem algum tipo de ligação com a música. O que isso quer dizer? Quer dizer que a música também é uma grande amiga que tenho, e um) boa amigo a gente nunca abandona e esquece. Principalmente quando este chama pela gente.
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Por oportuno, quero mandar uma saudação muito especial a uma pessoa muito querida, por quem tenho um fraterno apreço. Dona Edelita, saibas que a senhora é muito importante e uma pessoa iluminada por Deus. Melhoras. Grande beijo.

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Abraço a todos e um bom final de semana.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O inferno é aqui

Literalmente o inferno é aqui. Digo isso pois há poucos dias atrás uma juíza fora morta com mais de vinte tiros no Rio de Janeiro. Isso porque ela “ousou” decretar prisão de “alguns indivíduos”. Vejam meus caros, quando alguém realmente tenta fazer alguma coisa para “limpar” a sociedade da corrupção, da bandidagem, enfim, é brutalmente assassinado. Mais de vinte tiros. Note que parece que ter voz ativa neste país é um problema. Deve ser por isso que há cada quatro anos todos nós, sim, todos nós elegemos alguns políticos que, convenhamos, não poderiam nem serem síndicos do condomínio onde vivem. Só pode ser isso, afinal, mesmo sabendo destas circunstâncias vamos lá e votamos nas mesmas figuras de sempre. Coisas sem explicação. É, o inferno é aqui. Pra não falarmos no trânsito, uma selva a céu aberto, recheada de motoristas que, muito embora freqüentem as “muito produtivas” auto-escola, não sabem dirigir. Aliás, auto escola é mais uma coisa criada para tirar dinheiro do povo. Os bobos gostam de botar dinheiro fora. Tenho certeza que a quantidade de acidentes é muito maior hoje do que antes desta nova regulamentação. Sim, há mais carros rodando por aí, mas mesmo assim. Mais as pessoas compram carro porque depois de reprovar sete vezes na prova prática de direção, finalmente conseguem tirar a carteira. E o pior, sem saber dirigir! É, realmente o inferno é aqui.
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Quando há cerca de um ano atrás eu tentei declinar da cabeça dos meus pais, a idéia de fazer uma reforma lá em casa eles não me ouviram. E pior, brigaram comigo pois eu estava sendo “pé frio” no tocante a coisa. Vejam só como é a coisa: ontem ouvi da boca do meu pai que nunca mais vai fazer uma reforma. Isso depois de quase seis meses do começo prático da obra. Senhores, se tem algo que eu conheço bem é andamento de obra. Era escrito que o tempo previsto de quatro meses iria ser superado com folga. Portanto, acreditem: sai muito mais barato e menos estressante construir uma casa nova a tentar reformar a sua atual. Olha o desapego...
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Com o tempo a gente vai conhecendo algumas pessoas e tenta assimilar o quanto há mal caratismo nesse mundo. Mas como eu sempre digo, não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe. Uma hora a casa cai e aí, bom, aí eu vou seguir por diante. Não acho graça na desgraça das pessoas. No máximo posso sentir pena. Mas pra isso acontecer tem que passar muita água por baixo da ponte.
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Há cada dia que passa a violência cresce mais e nós, os que deveriam ter segurança, acabamos presos por grades dentro de nossas casas. Na semana que passou uma juíza, pessoa responsável por equilibrar a balança da justiça, foi morta no Rio de Janeiro com mais de vinte tiros. Vinte tiros. Pobre mulher. Pobre família. Nem um velório digno pode ter proporcionado. Isso porque ela “ousou” fazer valer a lei, e o óbvio, pondo na prisão os bandidos e não nós, os cidadãos de bem. Um cidadão de bem, aquele que paga as suas contas, cria os seus filhos, trabalha, bem, esse está quase que recluso dentro de casa, andando com medo pelas ruas, sem saber se no fim da tarde vai conseguir voltar em segurança para o seio de sua família. É senhoras e senhores, o inferno é aqui.


Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Apego

Vendi meu aparelho televisor dia destes. Estava, por fim, em cima de um roupeiro coberto de um pano. Aliás, sempre teve um papel secundário dentro de casa, nunca principal. Vivia em cima de um poleiro que inventei e de lá saiu quando perdi o quarto para as obras de reforma. Andou pra lá para cá e parou sob o móvel das roupas. Lá ficou meses sem uso. Aí surgiu uma oportunidade e vendi. Não sofri na hora da entrega. A adquirente acho que fez um bom negócio; bom preço e um equipamento com pouquíssimo uso. Não me apego. Gosto das coisas e as vezes lamento perdê-las. Depois me acostumo. É assim, da vida. Com as pessoas também. Claro que não me desapego assim, tão facilmente. As vezes o convívio interpessoal é diferente, envolve outros fatores. Os relacionamentos também têm seus predicados. Mas mesmo assim, um dia acostumamo-nos com aquela ausência e seguimos em frente, ou por diante como sempre me refiro. Há exceções, lógico. Componentes emocionais como o amor, por exemplo, trazem a tona uma outra circunstância. O apego. Eu quando realmente me apego a uma coisa ou a alguém eu tenho dificuldade em desfazer-me dela. Contradição com o assunto supra abordado? Não. Explicação. A diferença é que me apego a poucas coisas; seletas, especiais. É o caso, entre outras, da música.
Como todos sabem, deixar os palcos não foi algo muito fácil em minha vida, apesar de ter sido resolvido com um telefonema. Depois de seis anos ininterruptos, num primeiro momento achei que já tinha me apegado. Aí as coisas foram se acomodando, eu fui refletindo e percebi que a vida continua. Desde então, sigo ela “por diante” esperando novos acontecimentos. Mas e a música? A música foi e continua sendo um capítulo importante na minha história. Está intrínseca, e, portanto, jamais deixará de estar comigo. Como vivenciarei ela é que são outros quinhentos. Não preciso estar no palco para tê-la comigo. No último sábado comprei o novo disco do João Luiz Corrêa. Um belo trabalho. Digno da comemoração dos seus dez anos de carreira. Tanto, que vou procurar fazer uma postagem exclusiva acerca do disco. De igual forma o último disco do grupo Rodeio. Outro belo trabalho. Ambos vêm se revezando no tocador de CD do meu carro, e é dessa forma, que vou vivenciando a música. Que tenho vivenciado a música. Qualquer hora dessas eu vou até um CTG para dançar e assistir a um baile novamente. Também estarei vivenciando a música.
No mais é isso. Já dei uma lida na coluna da amiga Zelita Marina e com ela, trato de manter-me à par dos acontecimentos gaudérios. Converso com um amigo aqui, outro ali e também vou me interando dos causos do Rincão. Então perdi o apego do palco? Não diria isso. Aliás, se por acaso dei a entender, por favor, perdoem-me não foi a intenção. Desapeguei-me dum projeto, duma forma de viver a música, mas não do palco. Gosto de estar no palco, ou gostava. Gosto de tocar baile, ou gostava. Mas isso hoje faz parte do passado e não do meu presente. No atual momento da minha vida estou dando enfoque para outras coisas e não para o palco. Mas e o futuro. Não sei. Não me apego ao futuro. Não sem antes viver o presente. São coisas da vida, afinal. Vendi meu aparelho televisor dia destes. Ontem fez dois meses que subi no palco pela última vez. Qualquer hora dessas compro um novo aparelho. Qualquer hora destas eu volto pro palco. Mas sem apego a data. Sem apego.
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Quero aproveitar pra fazer uma saudação especial ao grande amigo Maicão, do grupo Tchê Moçada, leitor assíduo deste blog.
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Forte abraço e bom final de semana a todos.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Um pouco de calma

Hoje retomo uma atividade que vem fazendo parte do meu cotidiano nos últimos tempos. Frequentar todas as noites a universidade já virou praxe, assim como levantar cedo todas as manhãs e sair de casa para trabalhar. Claro que de vez em quando se quebra a rotina, seja pela férias do trabalho ou então pelo recesso universitário, mas, no restante do ano volta-se a rotina. Até bem pouco fazia parte de minha rotina tocar um baile vez que outra. Nem tão em demasia que fosse capaz de aumentar a fadiga semanal; nem tão pouco que fizesse a saudade bater a porta. Mas isso era antes. Agora, já se vão quase dois meses sem subir num palco. Para ser mais específico, daqui a dois dias completam-se dois meses. O que mudou desde então? Nada. Ou tudo. Compreendi o meu lugar, abri os meu olhos e vou seguir, como já diz meu velho lema, por diante. Tudo depois daquele tombo que eu aqui já mencionei e que também prometi não mais referir. Há males que vem para o bem, diz o ditado. E eu vou tentando, com base neste ditado e nos demais que correm a boca do povo, ir adequando-me a realidade e as coisas que vão surgindo. Talvez o que me falte ainda é um pouco de calma. Ser menos explosivo. Ser esquentado aliás, é uma das coisas que carrego desde criança. E isso as vezes é até bom, mas somente as vezes.
Como eu ia dizendo, hoje volto às aulas. De uns tempos para cá tenho enxergado luz no fim do túnel (risos), ou seja, tenho conseguido transpor os ensinamentos a mim proferidos para a realidade; de certa forma as coisas parecem ter mais “noção” e direção e o que me cabe é a habilidade de saber utilizar o aprendizado para as coisas certas. Paralelo a isso eu preciso do tempo. O relógio não tem se mostrado muito generoso. Os dias voam e os prazos vem batendo a porta. Calma tchê (risos). Momento nostalgia, me bateu uma saudade forte agora, do velho Seu Neto, meu avô. O Vovô (como eu carinhosamente chamava) costumava tomar um chá logo após o almoço. Erva Cidreira ou Camomila. As vezes ambos misturados. Um cidadão pacato, à moda antiga e sempre vestindo bombacha. Amigo de todos e admirado por todos. Em são Chico todos conheciam o Seu Neto e gostavam dele. É, com as recordações vem a saudade. Saudade que é uma das palavras mais bonitas da nossa língua e um sentimento tão abstrato. Pode causar dor e sofrimento; alegria e emoção. Realmente a saudade é uma estrada longa, que pode ou não ter fim.
Mas como dizia, meu avô tomava sempre um chá após o almoço. Sei que ele não era um sujeito bravio – o mesmo não posso dizer de mim – entretanto, até mesmo um sujeito calmo como ele era, tinha seus dias de impertinência. Certamente o chá ajudava a tranquilizar estes parcos momentos. Quer dizer então, que o que falta para o povo ali fora é beber mais chá de camomila, erva doce ou outro tranquilizante? Não, até porque não há milagre. Dei só um exemplo de simplicidade da vida, quando não se precisa muito formalismo para resolver certas questões do cotidiano. Ei sei que na maioria das vezes não se resolve os problemas da vida com chazinho. Alguns dizem que quando a gente está nervoso é só ir pescar. É um ponto de vista. Certa feita, quando alguém me perguntou porque eu não largava a música de vez, afinal ela não estava me trazendo retorno financeiro algum, respondi que a música servia como “válvula de escape”, pois enquanto estava no palco esquecia dos problemas. Eis que neste momento surge uma resposta: a música me acalma. Melhor então eu providenciar minha volta enquanto antes então! Eu preciso voltar a cantar e quem sabe, de vez em quando, encantar algum coração que bate aflito de saudade.
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Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Minuano

Depois da tal de neve caindo em Novo Hamburgo, na terça-feira, até me obrigo a falar do tempo novamente. Que cousa louca tchê. No fim acho que não era neve de verdade, mas, como não vi, respeito que se diga ao contrário. Tem coisas que realmente só acontecem em agosto (risos). Mas já que to falando no tempo, seguimos por diante. No dia em questão o vento andava assobiando e vinha cortando. Me fez lembrar o velho Minuano de tantas e tantas peleias, que não vai muito, aparece nos campos dobrados de São Chico e é um dos parceiros da campereada. O Minuano geralmente chega cortando e deixa o vivente meio arisco com a friagem que vem de relance. Ala pucha tchê. Há quem diga que era o próprio Minuano que estava de passeio nas terras do vale. Não sei. Não creio, talvez. O Minuano gosta mesmo é de São Chico, Cambará, Capela dos Ausentes, Jaquirana e de algumas cidades do vizinho estado Catarina, como São Joaquim. Só que nestas cidades há sempre um gaúcho emalado num poncho serrano. Na serra o fogão de lenha faz costado, o pala anda sempre arranchado no peito do gaúcho e o mate, bom, o mate assim como na estância do João Cardozo (risos), está sempre pronto!
Por falar em terça-feira, nesta estive na Sociedade Gaúcha de Lomba Grande. Não tanto pelo baile, um pouco talvez pela tradicional janta campeira. O real motivo que lá me levou foram outros... No mais, revi alguns conhecidos, dancei um pouco (coisa que aliás muito não fazia), me diverti, enfim. Olha que apesar da galopante friagem da noite, a gauchada se fazia presente no galpão do CTG, ainda que menos que o de costume. Aliás, não há nada que uma boa boia campeira, uma boa música de baile e o calor humano da gauchada para esquentar numa noite como aquela. Num breve momento de nostalgia, relembro algumas gloriosas noites em Lomba. Grandes bailantas. Uma delas coincidiu com o aniversário do meu pai. Grande noite animada pelo antigo Garotos de Ouro. Nos tempos do Ivonir Machado.Que baile! É ao lembrar destes tempos que penso ainda ter o que fazer pela música. A realidade, entretanto, é um pouco mais diferente. Nos finais de ano o encerramento era com Os Serranos e, é claro, casa cheia. Ohh saudade. Acho que só pelas lembranças, passar frio já valeu a pena.
O bom de um texto é poder dar lógica a algo que talvez sozinho pareceria estranho. Ao falar em noite de frio, acabei por lembra-me de um baile que cantei na Cazuza Ferreira. O mês tenho certeza que era setembro, o ano acho que era 2008. O dia era chuvoso, murrinha, o barro tomava conta. O frio era tanto que, pela primeira e última vez, passei o baile cantando com um blusão vermelho que, aliás, tenho até hoje. Imaginem uma noite fria e multipliquem por quatro. O resultado era igual aquela. Engraçado que já estávamos quase na saída da primavera; e por incrível que pareça, o que teria tudo para ser um fracasso devido a intensa friagem, não foi. A sala tava cheia do início ao fim. Cinco graus mais quente, não teria espaço para botar mais gente dentro do salão. Hoje é um dia de lembranças pelo que se vê, para matar a saudade. Assim, lembro que naquela noite tinha ronco de gaita, a voz do Campeiro ecoava pelo interior de São Chico, o calor da gauchada dançando se fazia presente, bem como o velho Minuano. Este, por sinal, jamais deixa de estar presente numa boa festa. Um “baita” parceiro!
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Aproveitando a deixa, mando uma saudação especial ao grande amigo e gaiteiro Airton de Lima e Silva.
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Um forte abraço e bom final de semana a todos.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Agosto

Nada melhor que começar o mês de agosto, o do desgosto, sentindo uma dorzinha incomodativa. Sim, de fato a dor começou ainda em julho, porém, certamente face ao prenúncio deste mês sórdido (risos). Confesso-lhes que não consigo gostar do mês de agosto, ainda que eu não saiba o real motivo. Por certo, pode ter relação com o fato de ser um dos meses mais compridos do ano e, portanto, ocasionar alguns problemas financeiros. No mais, eu não saberia dizer ao certo quais motivos também poderiam elencar. São variados. Cada um tem um mês de preferência, ou um que não gosta. Outros não tem este tipo de supertição, ou frescura, e vão vivendo um dia atrás do outro, sem levar muito a sério em qual mês estamos. Eu não gosto de agosto, mas isso já é um avanço pois, eu já lhe odiei. Com o tempo vou me acostumando com esta convivência necessária. Necessária, pois não posso excluir o agosto do calendário. Ademais, nem assim o faria se pudesse, afinal, temos que aprender a lidar com aquilo que a gente não gosta. Não dá pra viver fugindo. Então que chegue o agosto, que seja bem vindo e que ao seu final, eu posso vir até aqui e elencar pontos positivos. Pelo menos alguns.
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De fato ver a cidade de Gramado nas páginas policiais não é algo muito corriqueiro. Para muitos, a cidade serrana não cai do céu. Para mim, uma cidade como qualquer outra e assim, com problemas. O trânsito na área central é péssimo, o custo de vida é altíssimo e os restaurantes são caros (o que não é sinônimo de serem bons). Agora, pelo que se lê nos jornais e parece-me, que se assiste na televisão, a casa caiu. Mais de trinta denunciados pelo Ministério Público em face de falcatruas cometidas nas organizações do evento Natal Luz. Vejam bem, eu não estou inventando nada, é a imprensa que diz. Apenas faço um comentário. Certamente não vai demorar muito e as pessoas vão esquecer. Em dezembro, as ruas estarão cheias para assistir mais uma edição do evento (caso ele seja realizado), fato inegável. Contudo, Gramado passou a ser fichada pelas páginas policiais e isso, inegavelmente fará parte da sua história daqui para frente.
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Falar do tempo é algo um tanto quanto ridículo, afinal, não foi nem uma, nem duas vezes que tratei do assunto no último mês. Além disso, pelo que se vê olhando para o céu, já que eu desisti das previsões, não dá motivos para ter muita esperança de ver o céu limpo, com um dia ensolarado. Dessa forma, e por não ter surgido novo assunto já neste primeiro dia do afável mês de agosto, peço-lhes sinceras desculpas e despeço-me um pouco mais cedo hoje. De todo a esperança não perdi, corrijo-me. Quem sabe amanhã não vem o sol acompanhado de boas novas? Quem sabe.


Abraço e bom agosto a todos.