segunda-feira, 28 de março de 2011

Coisas da vida

Quem disse que segunda-feira deve ser de reclamação, crítica ou desalento? Tá certo que chovendo como está há três dias não dá para ficar muito feliz, todavia, vou tentar ser um pouco otimista, ver o lado bom da coisa, afinal, fazia horas que eu não dormia tanto num final de semana como neste que se passou. Por causa da chuva não fui a nenhum baile no final de semana, também não fui na festa de Rolante ainda que tenha prometido aos organizadores e mais uma vez deixei São Chico na mão. Tenho sido um mau filho ao vistar pouco as minhas origens. Coisas da vida. O grupo Fandangueiro tem sugado o meu tempo. Quando a coisa alinhar eu volto a São Chico. No mais, as coisas vão caminhando. Depois de muito pensar, muito refletir, tomei uma decisão final e começo a contar os dias para o adeus. Pode ser uma idéia louca. Neste exato momento mesmo eu estou passando por uma crise de falta de confiança. Bobagem, afinal, já não posso mais voltar atrás. O negócio é seguir em frente.

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Não posso, todavia, deixar de mencionar os problemas que acarretaram o excesso de chuva. Ruas de Novo Hamburgo e São Leopoldo ficaram totalmente alagadas com a água batendo no joelho. Hoje, pelo jornal pude perceber que a situação está bem mais crítica em outras regiões, como em Tapejara e Paim Filho, por exemplo. É, a natureza está cobrando a conta pelo mau uso do seus atributos. Pena que quem paga nem sempre é o principal responsável pelo estrago.

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Se aconteceu algo plausível no final de semana eu não sei. A primeira vez que olhei televisão foi ontem perto das vinte e duas horas e ainda assim assisti a um programa de humor. Já não tenho mais paciência para televisão. Com o advento das obras que estão sendo feitas lá em casa, perdi por algum tempo o meu quarto e por conseqüência, as coisas que tinham nele. Minha televisão foi parar em cima de um armário e talvez não saia mais de lá. Quem sabe eu envolva em algum escambo ou passe nos trocos. Certamente será mais útil aos olhares de outro ou outra do que do meu. Coisas da vida.

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Meu desapego as coisas materiais está tamanho que eu penso seriamente em vender o meu carro e comprar um Fuscão novamente. Tenho saudade do meu Fusca. Nunca me deixou na mão. Quem sabe eu não faça isso mesmo? Quem sabe...

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Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Legado

Me desculpe! Creio ser a única coisa que eu possa dizer neste momento. Talvez me falte coragem para decidir, animo para enfrentar, não sei. Quem sabe? Também não sei. São mais das dúvidas, nunca das certezas. Penso no que posso fazer daqui para frente, ou o que não fazer. Tem horas que decido jogar tudo pro alto, começar de novo, mas não consigo, na hora agá não. Já não suporto mais estar aonde estou, fazer o que venho fazendo e ouvir o que não preciso. E o que me falta então? Discernimento talvez, parte da coragem este. Quem sabe chegará o dia, e que não demore a chegar, que eu junte as minhas coisas e sem olhar para trás me despeça. Mas não com um até breve e sim com um adeus. Sim, as boas lembranças permanecerão ainda que exprimidas pelas más, todavia, estarão lá. Quem sabe ao cruzar na rua eu cumprimente, seja educado. Ou então, no impulso, faça de conta que não vi e tente apagar de uma vez por todas da memória. O medo do futuro não será capaz de superar a decadência do presente? Será que eu serei fraco ao ponto de denegrir a imagem dos peleadores que na luta pelo pago jamais ousaram desistir da campanha? Eu sou um gaúcho! Eu sou um peleador! Eu jamais ei de fugir a luta ainda que na escuridão que se aproxima. Este é o meu legado e aí está a minha resposta. A decisão está tomada e a batalha não tarda a vir. É a primeira de uma guerra e a vitória é fundamental!

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Na última terça-feira, 22, o Grupo Tchê Moçada lançou seu mais novo disco na Sociedade Gaúcha de Lomba Grande. Entitulado “Acústico”, o disco trás um apanhado de sucessos do próprio grupo, de nomes consagrados da aldeia e novas composições. Um belíssimo e completo trabalho. Não estive na Lomba mas já escutei o disco na íntegra, e em primeira mão. Com isso assino embaixo das palavras que aqui escrevo. Este é daqueles discos que não podem faltar na prateleira mesmo nestes novos tempos.
Parabéns e sucesso meus amigos.

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Lá fora o tempo passa ligeiro e ainda assim o dia custa a findar. Eu acho que isso acontece quando não estamos nos relacionando bem com a vida. Os problemas vem a galope e param, ficam a volta do galpão e não mais nos abandonam. E permanecerão para o resto da vida ali se deixarmos. Então não resta outra alternativa senão partir pra peleia mesmo que seja grande a possibilidade do tombo. Tamanha a possibilidade do tombo é a da glória. Como saber o resultado? Tentando.


Forte abraço e bom final de semana.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Abrir o olho

Não seria certamente nada cortês tratar com desdém a visita do presidente norte-americano Barack Obama ao nosso país, afinal, temos que tratar todos os visitantes de forma respeitosa. Agora, isso não quer dizer que temos que aceitar as coisas como elas são impostas. Assim como os norte americanos não gostarão nenhum pouco se formos para lá dar discurso politicamente correto na porta das fábricas automotivas em Detroit, minada por milhares de trabalhadores desempregados face a crise, nós deveríamos respeitar um pouco mais a nossa bandeira e impedir qualquer promoção em nossas favelas. Está na hora de deixarmos um pouco o coitadismo de lado. Acho que já podemos.

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Há cerca de uma semana o competente reporter investigativo Giovani Grizzoti vinculou junto ao programa Fantástico da Globo uma reportagem sua acerca da fraude m licitações para contratação do serviço de instalação e manutenção de pardais em municípios gaúchos e brasileiros, enfim. Surpresa? Não. Com a corrupção, a hipocrisia e a roubalheira no Brasil eu a muito já não me surpreendo. Nem lamentar adianta mais. Élio da Rosa Xavier, vulgarmente conhecido como Porca Véia, há alguns anos já gravou um música acerca dos pardais. Como se vê, o esquemão não é de hoje:


Abre O Olho Com Os Pardais

Mas tchê, fui dar uma volta no meu Rio Grande
o que encontrei de tico-tico sabiá bentivi
chopim a colherada com pardal então bah!

Fui visitar meu rincão
que deixei quando guri
meu rico chão adorado
quase nem reconheci
algumas regras e leis
não tinham quando eu parti
a verdade não se oculta
só Deus sabe quanta multa
nessa viagem recebi

Homem velho nos atenda
de uma olhada nos anais
se espelhe em outro governo
que há muitos anos atrás
era um governo peleando
pelos nossos ideiais
hoje o meu pago graúdo
tá faltando quase tudo
só o que não falta é pardais

Me ajude companheiro
tenha dó dos meus reais
tô de poupança pelada
e a guaiaca esburacada
do bico dos teus pardais

Multas, avisos, cobranças
me chegam todo momento
buraco pra entra no asfalto
aguardam no acostamento
está mal sinalizada
a noite que sofrimento!

E o pardal é necessário
dizem que é pro bem do usuário
mas que falta de argumento

E a mulher do meu compadre
esses dias passou mal
a cidade que ele mora
não tem recurso total
o vivente pegou o carro
e correu pra capital
salvou sua companheira
mas perdeu ponto e a carteira
numa urgência pra o pardal

A votação foi perfeita
deputados estaduais
ir contra seus eleitores
e coisa que não se faz
sei que os deputados sérios
foram contra os pardais
e os "veiaco" vem de novo
mas se depender do povo
não se elege nunca mais

Turista que vem de fora
visitar meu chão bagual
com certeza não conhece
a palavra regional

Li o código de trânsito
na esfera nacional
também não encontrei
mas ele tá lá na estrada
dê-le multa no pessoal

Mas tchê só o que me falta agora
é coloca um pardal entre
a estância e o pontão tchê!
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Abraço e boa semana

sexta-feira, 18 de março de 2011

Montar de novo

Ala pucha tchê, que sexta-feira! Mas no fim parece que a tropa voltou pra estrada e segue o baile. Estive pensando ao longo da semana em algum assunto para tratar por aqui hoje sem, contudo, ter chegado a um veredito. Admito que do jeito que a coisa se caminhava hoje, não ia dar jeito de escrever nada e eu ia passar em branco, o que seria uma lástima sem dúvida. Mas como diria um qüera dos quatro costados, é no andar da carroça que as melancias se ajeitam, e eu, posso dizer que pelo menos esta semana parece ter sido assim realmente. Mas e os fandangos? É um bom questionamento. Aliás, se eu fosse tratar aqui da minha lida fandangueira certamente um mês não chegava pra contar todos os causos. Mas é de se pensar no assunto certamente. Abro os olhos para os periódicos mais próximos e chego a conclusão que não há nada de notícia boa para ser tratada por hoje. Os últimos dias têm sido padrão: escorrendo sangue nas páginas dos jornais e até revistas que o comércio escamba por aí. Não deixa de ser um escambo não acham? Vai dinheiro e vem produto. É acho que o conceito é muito mais abrangente. E por aí se vai o mundo “véio”: muita desgraça, muito transtorno e uma pitada generosa de sacanagem. Até poderia de falar de sacanagem hoje, mas daquela boa sem dúvida...(risos).

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José Cláudio Machado, o rei da água benta e maior intérprete vivo da música deste nosso Rio Grande, levantou do chão depois do tombo e montou no cavalo de novo. Pra não se judiar por demasia está em casa neste momento, provavelmente sorvendo um bom amargo e matutando seu retorno triunfal aos palcos deste rincão afora. É com alegria que noticio o feito no dia de hoje, afinal, este espaço vinha acompanhando com zelo a recuperação (agora na sua plenitude) do grande Zé Cláudio. É bem por aí índio velho, no verso do também grande João Pantaleão Gonçalves Leite:

“É na doma que se apega a fúria com a valentia
o domador não tem trégua enquanto égua der cria
quem monta deve saber que a doma não tem retovo
se cair pode morrer, se viver monta de novo”


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Para engrandecer o meu ego eu bem que podia dizer que o tema de hoje eu já tinha escolhido e estava apenas tentando botar um pouco mais de apreço nas minhas palavras. Mas não, sinceramente com o advento de falar no Zé Cláudio acabou por surgir um novo assunto e de importância relevante, senão vejamos: com os últimos acontecimentos em São Lourenço, por exemplo, e Japão, quer intenção melhor que falar em montar de novo? As vezes o xiru anda meio estropiado pelos trompaços da vida, todavia, se não levantarmos do chão ninguém vem nos juntar. A peleia não será fácil, como nenhuma nunca é, mas cabe a gauchada e aos demais patrícios mostrarem fibra e coragem: Se cair pode morrer, se viver, monta de novo.

Forte abraço e bom final de semana.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Recomeço necessário

Enfim, parece que o glorioso (ou nem tanto) ano de dois mil e onze parece que realmente começou. Passado o carnaval e o pós carnaval com o já tradicional “enterro dos ossos”, o ritmo frenético das cidades parece ter voltado com tudo, sem necessidade de readaptação ou qualquer outra coisa. Vejamos o exemplo da BR 116, que bastou terminar o carnaval e já está mais engarrafada do que nunca. Ou então, o estacionamento da faculdade que até bem poucos dias dava para escolher aonde deixar o carro e agora se facilitar corre-se o risco de não conseguir vaga. Pode-se dizer que de uma forma geral a rotina como um todo muda após do carnaval. As pessoas caminham mais apressadas, agem como se aquele dia fosse o último e correm meus caros e minhas caras, como correm. Mas ainda assim eu acho que o problema das ruas, ou pelo menos o mais grave, é o trânsito. Possuimos cada vez mais veículos e as nossa vias não comportam tal quantidade.

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Vejamos o quão é cruel a força da natureza: o Japão é uma das nações mais ricas do mundo, uma das mais desenvolvidas tecnologicamente (senão a maior) e mesmo assim a fúria de um terremoto aliado a um “tsunami” de iguais proporções, fez com que o país fosse devastado de tal forma que talvez alguns longos anos não sejam capazes de recontruir tudo que fora perdido. Isso prova por mais avançado que esteja o estágio da humanidade, mais estamos a mercê dos adventos causados pela natureza. Sabem por que? Porque somos burros. Estamos botando tudo fora. Degradamos, subtraímos, destruímos. O preço que o Japão está pagando pode até não ser de todo sua responsabilidade, afinal, países como os Estados Unidos, por exemplo, estragam muito mais o planeta, mas tem sua responsabilidade. Todos temos responsabilidade, agora, para avistar isso, só quando tivermos a água batendo na altura dos joelhos dentro das nossas próprias casas, ou então, quando perdermos alguém que amamos bastante.
Se você sabe rezar, tem fé, creio ser chegada a hora de acender uma vela e meditar um pouco.

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Ao abrir a página dos principais jornais impressos do país, subtraindo as páginas esportivas, de política (leia-se também corrupção) e de tragédias (leia-se também escorrendo sangue), despencam-se ofertas e mais ofertas de automóveis. E por ser, o automóvel, uma das paixões do brasileiro, as montadoras e principalmente as agências de publicidade e propaganda exploram este gosto até o último tostão que os sonhadores possuem nos seus bolsos e até o que não possuem. As ofertas são tentadoras:” trocentos” meses para pagar, taxas ilusoriamente baixas e o sonho do carro zero finalmente ao alcance das mãos. Doce ilusão. Senhores e senhoras não possuimos boas estradas, boas ruas e nem cidades preparadas para esta enxurrada de novos veículos que habitam a nossa realidade dia-a-dia. E os usados que são utilizados na troca destes carros novos? Pelo que se vê, a ganância e o sonho do consumismo vai realmente nos levar para o fim dos tempos. Fim do mundo? Não, não estou escrevendo isso. O fim de um tempo, uma era, não significa necessariamente o fim da nossa espécie. Mas sim, a oportunidade de um recomeço mais do que necessário.

Um abraço e uma boa semana a todos.

sexta-feira, 11 de março de 2011

De olho na realidade

Por tratar-se de uma sexta-feira, e por ser tradicional uma mensagem mais positiva por aqui, pensei em tratar do ocorrido em São Lourenço do Sul, Rio Grande e arredores apenas na segunda-feira. Aí, acordei com as imagens da verdadeira catástrofe ocorrida no Japão na tarde do ontem lá, madrugada aqui no Brasil. Vejamos, ainda que o intuito deste blog seja tratar de assunto mais amenos nas sextas-feira, é impossível fecharmos os olhos para a realidade e lamentar profundamente as ocorrências dos últimos dias. É lamentável e consternador ver cidades parcialmente destruídas por chuvas intermitentes, caso das cidades patrícias e totalmente destruídas pela fúria de “tsunamis” e terremotos como ocorreram nas bandas orientais.
Assim, peço desculpas aos nobre leitores e leitoras deste espaço, afinal, por mais criativo que eu venha a ser, traçar linhas mais animadas por aqui hoje. Quanto às diversas profecias disseminadas na internet sobre um suposto fim do mundo no dia 21/12/2012, conforme calendário do povo Maia, quero deixar bem claro que não acredito, e o Blog do Campeiro trata o caso como sensacionalismo tal qual ocorreu às vésperas no novo milênio a mais de uma década.
O blog do Campeiro solidariza-se com os envolvidos nos acontecimentos, torcendo para que a população atingida consiga reconstruir suas vidas da melhor forma possível. Da mesma forma, somos solidários às famílias das vítimas do acidente ocorrido em Santa Catarina que dizimou boa parte de um vilarejo do município de Santo Cristo, na fronteira noroeste do nosso estado.

O jeito é torcer para que tais fenômenos metereológicos sejam menos intensos minimizando o número de vítimas fatais.

Abraço a todos e um bom final de semana.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Onde o céu é mais azul

Nos primeiros dias deste feriado prolongado em virtude do carnaval, peguei a estrada e rumei à fronteira oeste do nosso estado a caminho da gloriosa Santana do Livramento. É claro que eu estava bem interessado nos free shops de Rivera, já do lado Uruguayo de la frontera, entretanto, como um bom gaúcho que sou e com o orgulho que tenho deste nosso Rio Grande não podia deixar de ir apreciando a paisagem que se apresentava e assim, conhecer mais um pouco destes rincões existentes no nosso estado. Por ter saído já quase no meio da tarde sábado, acabei por pernoitar em Rosário do Sul, cidade com bastante história para contar e uma traíra grelhada do reconhecido restaurante Terraço de continuar dando água na boca até agora. Grandes e antigos casarões, avenidas e praças que difundem as páginas das coisas deste nosso Rio Grande. Apesar de ser uma viajem longa, garanto-lhes que vale a pena cada quilômetro rodado. É um enriquecimento de cultura, história e paisagem. Acostumado principalmente com os campos dobrados de nossa serra, as várzeas planas da fronteira retratam uma diferente planície, no entanto, tudo é Rio Grande e o povo é inconfundível.

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Ontem ao meio dia eu assisti televisão pela primeira vez durante este feriadão de carnaval. Nunca me fez falta e agora, depois de adquirir algum conhecimento ou então de abrir os olhos para a realidade, assisto menos ainda. Quando assisto, todavia, tento aproveitar o que tem de bom nas noticias que surgem, se é que há alguma notícia sem algum interesse comercial. Mas enfim, assistia a um programa “noticiário” um pouco antes do início da tarde e alí tratava-se do município de Pananbi, região norte do estado, que ao contrário da maioria dominante dos municípios brasileiros não fez feriado durante este carnaval. Com todo o direito, vale salientar, tendo em vista que o carnaval não é legalmente considerado feriado mas sim ponto facultativo, ou seja, pára quem quer. Mas aí eu questiono: se todo mundo costumeiramente pára, já não deveria ter sido revisto isso? Não pensem que eu estou aqui defendendo o carnaval. Não deslilo e não tenho nem assistido aos desfiles, contudo, respeito quem gosta e como é um evento definitivo no Brasil, deveria ser tratado como feriado. Se uns são agraciados, todos deveriam ser. É apenas uma questão de justiça, afinal, pelo menos 90% do país pára, incluindo órgãos públicos e os bancos. Colocar na pauta do congresso tal discussão de nada atrapalhará o desenvoltimento do país, já que nossos nobres deputados e senadores pouco fazem para isso mesmo.

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Já no domingo pela manhã rumando em direção a Livramento, ao olhar para o céu, tive a impressão de achá-lo mais azul. Em princípio parecia ser apenas uma ilusão de ótica, mas depois, ao refletir um pouco, pude perceber que não tratava de uma ilusão mas sim de uma constatação. Não, a cor do céu não tem duas ou mais tonalidades, mas, a poluição bastante encontrada aqui nos nossos centros parece não transparecer tanto por aqueles lados. Não que não haja, mas é menor. Na fronteira vemos gaúchos e gaúchas andando a cavalo pelas ruas, os carros são em menos quantidade, há poucas indústrias e muito gado, plantações de arroz, soja e outros. Pode-se dizer assim que o ar é mais puro, mais límpido e o céu é bem mais bonito. Aqui nos dias mais bonitos há sempre uma espécie de fuligem e lá não. Eu neste carnaval descobri onde o céu é mais azul e se a estrada é longa faço crescente as ânsias, pois se é cheia a inspiração são minguantes as distâncias.

Abraço e boa semana(mais curta) a todos.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Carnaval

Por pouco que eu quase esqueço da tradicional postagem de sexta-feira. Estive pensando ao longo da semana em qual assunto abordar em uma sexta-feira de carnaval. Pode ter certeza que novidades gaudérias ou baile por certo não tem. Então, resta-me falar da minha relação com o carnaval, ou a falta de. Já fui mais crítico, hoje, acompanho de longe. Se fosse em outros tempo eu estava bradando contra, depois, fui melhorando. Se fosse em outros tempo eu corria o risco de ser processado por difamação. Mas isso, isso eram outros tempos. Agora eu ando num tranco de cavalo manso, bem menos apegado as bobagens de uma briga inexistente entre o xucrismo e o carnaval Ambos podem e devem continuar. Representam tradição, uma gaúcha e outra carioca, de um mesmo Barsil. Aí eu sair pulando carnaval são outros quinhentos Acompanho pela televisão e com algumas preferências, não muito mais do que isso. Mas respeito e é assim que deve e deveria ser sempre. Aos amigos foliões peço aqueles cuidados de sempre: não beber e dirigir, amancebo e beiçadas controladas e em segurança (risos). No mais, trago de novo um velho texto tratando do assunto, minha redenção quem sabe:

Carnaval e festa não fazem mal a ninguém (15/02/2010)

Os últimos noventa dias, mais ou menos, tem realmente servido-me para uma série de revisões, sendo de conceitos, atitudes e até mesmo valores. Em suma, tenho procurado deixa a “vida me levar” um pouco mais, vivendo dia por dia e me irritando menos, enfim, sendo um pouco menos chato. E assim, cada vez que volto a tratar de algum assunto tenho preocupado-me em fazer uma auto crítica, mesmo que superficial, buscando não penalizar-me por idéias até então retrógradas, mas sim, tentar mostrar que de alguma maneira fui exagerado em minhas colocações, ou então, porque não bairrista. Fiz esta pequena introdução da introdução, porque vou tratar agora de um assunto pertinente da época: o carnaval. O texto original do ano passado, referindo-se a este tema, era de tal forma forte que acabei desistindo na última hora da postagem temendo uma reação irada de boa parte dos leitores. Não, eu não fiquei com medo de espor minhas idéias, mas sim, tive percepção e bom senso ao enxergar que aquele texto era até preconceituoso, pois levantava um debate que podia me gerar até complicações judiciais. Na última hora resolvi abandonar aquele texto entrando no clima da folia carnavalesca, escrevendo algo que mais visava a preocupação com os excessos do que com o próprio carnaval em si. Se aquele dia dei o primeiro passo, hoje procurarei dar o segundo e assim sucessivamente de agora em diante.
Não faço idéia qual foi o último baile de carnaval que fui. Na realidade eu nunca fui muito fã de carnaval. Até gosto de acompanhar pela televisão, tendo preferência por Mangueira ou Academia do Salgueiro no Rio e Imperadores em Porto Alegre. Sinceramente não me lembro qual o último baile de carnaval que fui. Ouso dizer que ainda era criança quando tal fenômeno ocorreu pela última vez. É, fenômeno senhoras e senhores. As vezes paro o penso: o que me afasta deste tipo de coisa, ou de festas em geral? Alguns diriam que eu sou um daqueles gaúchos grossos que não admite outra arte a não ser a oriunda deste pedaço do Brasil. Outros que eu sou muito mais chato do que eu realmente imagino. Seria receio de perder a identidade gaudéria talvez. Se for isso, uma tremenda bobagem, afinal o meu gauchismo, esta minha alma campeira, esta na minha essência. Eu nasci e cresci assim e não tem nada no mundo que me fará ser diferente. Mesmo que eu passe três noites seguidas de carnaval fazendo festa. Ainda assim. Porém, o fato de eu aceitar que participar do carnaval de nada me afetará, não muda a visão que tenho de alguns pontos relativos ao mesmo. Por exemplo: preocupa-me a questão de que o desfile de carnaval dependa ainda de recursos públicos, que carnaval esteja associado a bebedeiras, ao sexo, a acidentes e mortes, enfim. Aproveito agora para fazer um apelo pela folia consciente de todos, não esquecendo que a vida ainda é o mais importante de tudo.
O carnaval é uma arte bem como a nossa música regional gaúcha. Surgiu na Europa, mas foi popularizado pelo Brasil, terra de mulheres bonitas e gente com samba no pé. Como toda a arte, merece seu respeito e é isso que eu tenho procurado fazer. Se freqüentar um evento do gênero fará de mim um estranho no ninho, só a minha freqüência mudará esta sina. Isso, contudo, não quer dizer que eu sairei de casa hoje disposto a fazer tal programa. Para tudo na vida precisa-se de uma adaptação e nesse sentido não seria diferente. O certo é que devo sentar-me a frente da televisão hoje, assistir aos desfiles, tirar minhas conclusões e por fim, ensaiar alguns passos para não fazer feio quando a hora chegar. Se estou falando sério? Teoricamente sim. Agora a prática meus caros, a pratica é muito mais perturbadora, incrédula e embrulhona que a teoria. Falando em embrulhona, lembrei-me agora do causo dos Mates do João Cardoso. Já contei pra vocês? Não? Uma pena. Será que o Crioulo tem uma cabeleira igual a do Zezé? E será que ele é mesmo? De qualquer forma o mate por aqui é feito de agua pura mas não do ribeirão. A nossa canha é das buenas e os surungos são de respeito, afinal, uma festa nunca faz mal a ninguém. Não é mesmo?

Abraço, bom feriado e um ótimo carnaval a todos.