sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A vida recomeça...

O ano de 2010 dá o seu último suspiro na noite de hoje, mais precisamente as vinte e três horas, cinqüenta e nove minutos e a mesma quantidade de segundos. Ironicamente, crônica de uma morte anunciada. Os anos nascem e morrem prédeterminadamente, sem receber qualquer chance de se estender mais um pouco, ou então, de antecipar-se. Surge então nesta roda gigante, ou círculo vicioso, a possibilidade que cada um de nós tem de fazer desta renovação a nossa. Possibilidade, ainda que subjetiva na maioria das vezes, de começarmos de novo, corrigindo erros e ampliando acerto, ou, simplismente, partindo do zero total. O resultado prático de toda esta relação é de certa forma incalculável, afinal, cada ser humano tem uma maneira própria de pensar, agir e ver a vida. Chega ao cabo 2010 sem retrospectiva alguma. Foi-se o tempo em que fazia este tipo de coisa. De uns tempos para cá, preocupo-me muito mais com o que farei daqui pra frente do que com que fiz lá para trás. Ou deixei de fazê-lo, quem sabe. Como disse, a subjetividade das relações de vida tem complexidade tamanha às palavras que tenho usado neste texto até agora. Porque não simplificar? Um bom questionamento sem dúvida.
A data de hoje, 31, de uns tempos para cá têm tido uma importância maior inclusive que o próprio primeiro do ano. As pessoas são tomadas por simpatias e ideais positivistas que, convenhamos, beiram inclusive ao surrealismo. Inconseqüentes? Não, sonhadoras. Sonhadoras? Não, esperançosas. Meus caros e minhas caras, nutrir a esperança jamais será algo ínfimo na vida de pessoa qualquer. Não mais suportaríamos os absurdos e as inconstãncias da vida não fosse esta palavrinha mágica. Esperança. Como eu ia dizendo, fazem parte destas simpatias da cultura popular comer lentilha, pular sete ondas quando se está na praia, usar uma roupa de baixo nova, não comer aves pois estas ciscam para trás, enfim, uma série de culturas. Inútil? Não. Cada um é feliz com sua crendice popular, com sua fé e com seu imaginário. Não somos melhores que ninguém para ficar julgando os outros, pois, acreditem, também devemos ter as nossas próprias crenças, manias, em suma, que podem ser parte deste mundo bizarro. Cada qual com sua fé desde que ela leve a um só caminho: o do bem.
Sentindo-me um pregador neste exato momento, ouso dizer que já estou passando um pouco dos limites e por isso já vou me despedindo. De 2010 e de todos vocês que me acompanharam ao longo deste derradeiro ano. Não sem antes desejar a prosperidade do próximo, que o mesmo atenda a seus anseios e, é claro, deixar as palavras poéticas de Mário Quintana:
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“Bendito quem inventou o belo truque do calendário, pois o bom da segunda-feira, do dia 1º do mês e de cada ano novo é que nos dão a impressão de que a vida não continua, mas apenas recomeça...”
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Um Feliz Ano Novo a todos!
Grande abraço.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Pra relembrar e matar a saudade (final)

Deixei para o fim o texto mais difícil que escrevi este ano. Creio ser o mais bonito também. Esta postagem não é para relembrar e matar a saudade do texto mas sim do saudoso Leonardo. Que saudade!
Postagem original: Quarta-feira, 10 de março de 2010
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Leonardo, um Gaúcho!


Leonardo emalou seu pala branco e se foi. Não, contudo, sem andar por estas coxilhas, sentindo as flechilhas das ervas do chão. Este Homem do Pala Branco que através do seu canto olhou para o seu rebanho estendendo a mão, juntando ovelhas perdidas pelas estradas, veio sim, pedindo morada em nossos corações. E conseguiu. Esta cria de Bagé que falava de Erechim com história e canto e que cantava o Rio Grande com maestria e encanto partiu para uma nova morada. Jader Moreci Teixeira emalou seu pala branco e se foi. Não sem antes ter os pés rosetados de campo que ficam sempre mais trigueiros com o sol do verão. Fez tantos e magistrais versos cantando as belezas desta natureza sem par, e mostrou pra quem quiser ver que existe um lugar pra viver sem chorar. Fez do pago a sua bandeira de luta e dando um Viva a Bombacha pôs-se em defesa desta querência galponeira em que vivemos. Não importava se chovia ou fazia um sol de rachar, Leonardo nunca deixou de demonstrar a sua essência de gaúcho. Leonardo foi sim um gaúcho, um verdadeiro gaúcho. Não se considerava um pregador, um padre nem pastor. Segundo o próprio, era um autor que cantava as suas verdades. Não tinha credo em almas perdidas porque alguém com as mãos erguidas iria chegar além da vida para salvar a humanidade. O Gaúcho emalou seu pala branco e se foi.
Leonardo teve uma sensibilidade tamanha, que abriu seu peito pelas Tertúlias Rio Grande afora em defesa de nossas prendas dando um grito de Morocha não! Aprendeu e ensinou que um gaúcho não faz da sua prenda um capacho e que os deveres de um dito macho é proteger e amar. Ahh, o amor... O Jader amou este Rio Grande como poucos, amou o seu povo. Não esqueceu, todavia, daqueles Desgarrados do Pago que mesmo estando afastados nunca perderam sua identidade. Segundo ele, era o que mais tinha importância pois bem maior que o tamanho da distância é o tamanho da saudade. Leonardo emalou seu pala branco e partiu, não sem antes, banhar-se nas fontes e sentir horizontes com Deus. Sentiu em seu peito que as cantigas nativas continuavam vivas para os filhos seus. Ensinou-nos a jamais, repito jamais, perder a esperança das coisas deste Rio Grande. Viu os campos florindo e as crianças sorrindo felizes a cantar e mostrou mesmo para quem quiser ver qual é o verdadeiro lugar pra viver sem chorar. Subiu a serra e fez levantar o bugio que parecia lá em São Chico ter morrido de frio e estava sendo velado na beira do rio. Destapou o caixão e o danado sorriu, o bugio, um serrano ora, não morre de frio. Enfim o bugio não estava morto, roncou a cordeona e ele gritou bem alto: Levanta Bugio! Cantou com eficácia a saudade que sentia de Honeyde Bertussi, o cancioneiro das coxilhas.
Dá madrugada de domingo pra cá calou-se uma parte da nossa história. Perdemos parte do nosso brilho, do nosso encanto e já podemos dizer um: Que Saudade! A dor da perda, no entanto, se atenua quando em nossa mente surgem as boas lembranças de um gaúcho que ao longo de suas sete décadas de vida tratou de nos servir com seu talento, com sua genialidade e com sua perseverança. Um canto simples, puro e singelo que tratou de reunir fãs além fronteiras e que na boca desta gente não morrerá jamais. Se foi o Jader, mais o Leonardo continuará eternamente vivo nas páginas da história deste nosso Rio Grande. É nosso e do Leonardo este Rio Grande do Sul: Céu, Sol, Sul, Terra e Cor, onde tudo que se planta cresce e o que mais floresce é o amor. Leonardo daqui pra frente não estará mais junto a nós de corpo, mas sim, sempre de alma, canto, fé e esperança.



Bruno Costa 'Campeiro”

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Majestade

Nos últimos tempos temos visto algumas carreiras meteóricas de bandas, cantoras e cantores a nível de Brasil, como um todo. Músicas que explodem nas paradas de sucesso e pouco tempo depois ninguém mais lembra nem da música e nem de seus cantores. Eu, como um defensor da música de qualidade profissional e não comercial, lamento entre outros, a abertura que a mídia dá para estes trabalhos com início, meio e fim. Nos nossos dias provilegiam-se as coisas passageiras, e, por muitas vezes, se esquece dos músicos de outrora que tanto contribuiram para o crescimento da cultura em nosso país. Agora, passado a euforia do sucesso tipo cometa, ficam apenas aqueles que escreveram seus nomes na história da nossa música, com trabalhos que marcaram época e deixaram um legado. Alguns nomes são exemplos disso aqui nos pagos e no Brasil: Os Monarcas, Os Serranos, Os Mirins, Gildo de Freitas, Teixeirinha, Roberto Carlos, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Roupa Nova entre tantos outros. Exemplos sim de que a música não precisa ter data de validade mas sim, qualidade. Qualidade aliás, que é fundamental em qualquer ramo de atividade.
No último sábado, por coincidência vinte e cinco de dezembro, parei-me em frente a televisão logo após a novela das nove (não, eu não assisti a novela das nove) para assistir mais um especial do cantor Roberto Carlos, o Rei como dita a tal rede de televisão. Sei que o Roberto é cheio de manias, por que não dizer “frescuras”, mas é inegável que ele merece conceitos de majestade. Em cinqüênta anos de carreira, o Rei continua arrastando multidões aos seus shows, diversas gerações que emocionam-se ao ouvir seus maiores sucessoas, cantam junto e até choram junto. Um fenômeno. Eu não posso dizer que sou fã de Roberto Carlos, respeito-o como um admirador da boa música, a de qualidade. Provavelmente iria neste seu show em copacabana se estivesse na capital fluminense. Um show de Roberto Carlos ao vivo deve ser algo único na vida de quem já teve a oportunidade de assistir. Único. O Brasil tem sim um Rei, sua Majestade Roberto Carlos.

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O Direito Criminal gaúcho e brasileiro acordou mais triste na manhã de ontem. Morreu aos 92 anos Oswaldo de Lia Pires, um dos maiores oradores do Juri brasileiro. As páginas de Zero Hora de hoje relembram casos antológicos do Dr. Lia Pires. A manchete do Correio do Povo fala hoje do “Adeus ao Mestre dos Tribunais”. Mestre com certeza. Assim como Roberto Carlos, MAJESTADE.


Abraço a todos.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Então é natal!

Passado pouco mais de um mês de campanha do comércio, enfim, chegou o natal. Mas afinal o que é o natal? Numa visão contemporânea do verdadeiro espírito natalino, podemos dizer que o natal hoje em dia significa a possibilidade da reunião familiar, do convivio entre os seus, da propagação do amor, da amizade e fraternidade. Os entes se unem em torno da ávore de natal, que possui geralmente um presépio no seu pé, e nesse espírito de união trocam presentes entre si como forma de compartilhamento, comemoração. Por trás de tudo isso está sua origem em torno da fé, do nascimento de Jesus. O que há, contudo, é uma dúvida quanto a certeza da data de seu nascimento. Diz-se que convencionou-se o dia vinte e cindo de dezembro em face de uma festa popular da Roma antiga. Uma polêmica certamente, e polêmica o Blog do Campeiro não trata em sextas-feira principalmente, quando esta é na véspera do feriado mais celebrado do ano. Por este mesmo motivo, não falarei também sobre a questão comercial que envolve a data, ou, que realmente leva a data por diante. Foco-me então, em deixar uma mensagem própria para a época, assim, trago mais uma vez a carta escrita para o papai noel, que jamais sairá de moda e tocará sempre o coração das pessoas:
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Querido Papai Noel!
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Este ano acho que fui um guri comportado. Respeitei meus pais sempre que possível, não xinguei muito meu irmão mais novo e dei uma atenção “considerável” para os cachorros lá de casa. O restante da família não pode se queixar dos meu atos, pois, procurei atender a todas da melhor forma possível. Enfim, estou sendo uma pessoa comportada nestes últimos tempos. Acho que mereço um cavalo crioulo. Que tal? Tá, de repente estou exagerando: pode ser uma bicicleta nova mesmo! Fora isso, peço aquilo de sempre, como: saúde, paz, felicidade, amor e um pouco de dinheiro porque sem ele ninguém vive né? Pois é. Estendo estes pedidos aos meus familiares e amigos. Quero ver todos bem. Falando nisso Papai Noel, e o senhor como anda? Tem se alimentado direito? De certo né, afinal a barriga parece que só aumenta. Ops. Desculpe-me bom velhinho, falei brincando não quis ofender-lhe. Mas voltando ao assunto, como está o Polo Norte? E suas adoráveis e inseparáveis Renas? Espero que esteja tudo bem por aí. Por aqui, fora do seio familiar, diria que as coisas não vão muito bem, e é por isso que resolvi escrever-lhe esta cartinha Papai Noel.
Papai Noel, as pessoas se tornaram mais sérias e carrancudas. Ando pela rua e só vejo expressões fechadas, já não vejo quase a alegria e o divertimento deste nosso povo. Sei que eu sempre preguei a seriedade, mas nos atos, e não no modo de viver. Tenho pensado muito no motivo deste desalento todo, mas ainda não cheguei a uma resposta. Será a fraqueza de nossos governantes e representantes que, em sua maioria, não conseguem desempenhar seus papeis de forma completa? Será pela falta reconhecimento profissional por parte dos empregadores de toda esta gente? Será o desemprego ou as dívidas? Papai Noel o senhor por acaso tem uma resposta pra tristeza do nosso povo? Será que de dentro do seu saco cheio de presentes não tem um pouco de alegria para espalharmos para todos? Falei no plural porque eu sou seu parceiro nesta empreitada. Sei que tens milhares de pessoas para atender e por isso, vou te dar uma mão. Vou juntar uma galera por aqui e todo mundo vai pegar junto contigo, pode deixar.
Por fim, Papai Noel, gostaria de comentar com o senhor sobre o fato de ter ouvido da boca de um anjo estes dias, que independente ou não da existência de problemas, temos que levantar a cabeça e tocar nossa vida por diante. Deixar as adversidades recairem sobre as nossas vidas apenas nos tornará menos felizes. Fiquei com isso em minha mente e desde então passei a utilizar-se dos ensinamentos deste anjo em benefício de minha vida. Não direi que isso serve de motivação, pois, acredito que esta tem que partir de dentro de cada um, todavia, surge como uma espécie de ponto de partida para que possamos viver um pouco mais, amar um pouco mais, ser solidário um pouco mais, enfim, ser feliz um pouco mais. Que neste Natal paire sobre as nossas mentes sentimentos puros, verdadeiros e uma espécie de resgate de valores importantes para nossas vidas. Que todos sorriam, dêem gargalhadas e que chorem, mas de felicidade. Se é utópico pedir um mundo melhor eu não sei, mas mesmo assim estou aqui fazendo a minha parte, escrevendo a ti meu bom velhinho. Que relembremos de onde viemos e para onde queremos ir, e que jamais, repito incisivamente, jamais, percamos a esperança em nosso semelhante. Que haja mais esperança pra este povo Papai Noel, mais esperança, pelo menos, um pouco mais.

Muito obrigado por me ouvir atentamente.
Com meu sincero respeito,

Bruno Costa “Campeiro”
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Que este Natal supra os anseios de cada um de vocês.
Feliz Natal e um grande abraço.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Pra relembrar e matar a saudade (parte 3)

Originalmente, o natal é a data específica para cultivarmos a amizade, fraternidade e o amor. Assim, falamos então deste estranho amor, como sempre, pra relembrar e matar a saudade.
Postagem original: Sexta- Feira, 05 de março de 2010.
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Do Estranho Amor

Para um índio velho como eu, taura de marca maior cria da cordilheira dos campos dobrados popularmente conhecida como São Chico, conhecido aos quatro ventos como Campeiro falar de amor é fácil e difícil ao mesmo tempo. Fácil, porque com uma vasta ficha corrida como a citada no início deste texto me dando sustentação, não tenho como apelar para a melosidade. Difícil, no entanto, pois um gaúcho de minha estirpe, tende a ter uma certa “dificuldade”, reconhecidamente comprovada, em tratar de tal tema tão amplo e complexo. Gauchão é qüera meio pelo duro, tosco, grosso e por vezes, até sem coração. Claro, não literalmente falando (hehehe). A amplitude do tema é tamanhã, que podemos tratar do assunto sem falar da palavra. É um universo abstrato, muitas vezes incompreendido e outras tantas sem compreensão. Ora, se tratar de amor e vivenciar o amor é uma das subjetividades da vida , porque então tentar compreendê-lo? A resposta, ao certo, eu não tenho. Diria que acredito ser impossível a pessoa viver sem o amor. Ser grosso ou xucro não é em nenhum dicionário sinônimo de solidão. E o desamor é algo que eu sinceramente não acredito que exista. Pode haver a indiferença, a falta de carinho e a raiva. Agora, desamor não existe já na sua fonte. A palavra é uma conjuntura muito mais sentimental do que sintática, enfim. Trato do tema hoje aqui neste blog creio que pela primeira vez. Não por um motivo específico e sim para tentar compreender, ainda que sinteticamente, um pouco do caminho que este estranho ser, este sentimento corriqueiro, pretende muitas vezes passar de lição para as nossas vidas.
Dentre as muitas faces em que se apresenta o amor, diria que a compreensão é umas das mais importantes. Saber aceitar e entender as diferenças do ser amado é o primeiro passo para levar adiante toda ou qualquer relação. Vejamos o meu caso: eu admito que sou uma pessoa de convivência difícil. Tenho um gênio forte, sou bravo demais e com a paciência que se esgota antes da terceira badalada do relógio. Ainda, como continuidade, sou um gaudério meio sem paradeiro em virtude de algumas situações dentre elas a música. Assim sendo, não é nada fácil gostar de mim. Por vezes acredito que eu sou até meio incompreensível. Mas será que minhas qualidades sobrepõe-se em face a estes “defeitos” assim classificados por mim mesmo? Talvez. Ou espero que sim, pelo menos. O que pode e deve ocorrer, na verdade, é uma espécie de adaptação as características do outro, pois, só assim a convivência poderá ser harmoniosa e a relação de afeto não terá prazo de validade. Outra coisa é agir frente aos problemas próprios. Se eu sei que as situações acima são defeitos meus, porque então não trabalhar para corrigi-los? Ou pelo menos atenua-los? Em suma, no final das contas a responsabilidade pelo sucesso ou derrocada de cada um de nós está dentro de nós mesmos, nas ações e omissões, enfim, nas nossas escolhas. Se eu escolher ser um chato de galocha, ninguém vai querer me aturar e inevitavelmente estou fadado a solidão. Sei que sentimento que trato no blog hoje é bem mais diversificado do que simplesmente a compreensão. Porém, resta-me aprendê-la ainda, para que, de fato, eu possa passar para o próximo passo.
Tempos atrás, havia uma propaganda de uma marca de chocolate na televisão que falava um suposto conceito de amor. Muito original esta. Aliás, em termos de publicidade e propaganda os profissionais brasileiros do ramo estão se superando cada vez mais. Basicamente a propaganda dizia que o amor surgia de componentes físicos da atração, seguido por aquela sensação de paixão, euforia, saudade contínua. Se passado um determinado tempo, todas estas situações permanecessem em sua vida, então você estaria diante do amor verdadeiro e ele, reciprocamente, diante de você. Conceito interessante. Nesta levada, a música também sabe expressar muito bem, e com qualidade o suposto significado de amor. Quem não sabe recitar os versos de “Carinhoso” poema musical celebre de Pixinguinha:
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“Meu coração, não sei por que
Bate feliz quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim
Foges de mim”
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O amor é realmente tão complexo, que até mesmo sobre versos apaixonados o autor coloca uma adversidade. Ainda que existam diversos conceitos dirimidos por aí, ou que se apresentem demasiados “ditos” entendidos para profetizar sobre o assunto, não creio o amor, estranho sentimento denominado amor, ter um significado real. Seu entendimento é particularmente obra de cada um de nós. E, na maioria das vezes, o conceito de amor é simplesmente amar.
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Um grande abraço a todos.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Férias necessárias

Enfim, parece que estamos entrando na semana do natal, ainda que pareça que esta já esteja chegando a pelo menos um mês. Chega a galope também o verão, num estilo mediano face a falta de sol, mas com aquele abafamento característico. No momento em que escrevo estas linhas, estou quase dormindo dobre o teclado do computador. Resquícios de uma bailanta de domingo, coisa que eu não tocava a bastante tempo. Culpar somente a domingueira, todavia, é minimizar a realidade dos fatos: estou realmente cansando. A temporada toda do ano de 2010 me incitou realmente a minha fadiga. Preciso de férias urgentemente.
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Estava imaginando colocar a foto de um palhaço nesta postagem de segunda-feira. Aí dei-me conta que ao fazê-la, estaria denegrindo a imagem de uma respeitosa classe que preocupa-se intermitentemente com a alegria e o divertimento do povo. Tudo isso, em face ao aumento que os nosso competentes e trabalhadores Deputados Federais resolveram conceder a si próprios: 61,8%. Pergunto-lhes amigos e amigas: Alguma vez você recebeu um aumento salarial desta envergadura? Chegou perto pelo menos? Como se vê, o povo brasileiro é motivo de chacota e continuará sendo eternamento pelo jeito. Bem feito para nós mesmo, a culpa é nossa. Afinal, não foi a gente que deu poder a esta bandidagem?
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O comércio entra na reta final da campanha de natal, mas, nem por isso deixará de fazer novas campanhas mais adiante. O povo também não deixará de comprar os presentes nos últimos dias. Portanto, se é que eu posso usar este espaço para dar conselhos, diria que se você têm a oportunidade de fazer compras até o dia vinte e dois, faça isso. Eu não gostaria de passar a véspera de natal numa fila que dá volta na quadra. Acredite, não será um natal muito agradável.
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- Grande festa do amigo Enio Borcatti ontem na cidade de Brochier/RS;
- Os Serranos com novo trabalho na praça: Campeiro Feliz. Destaque para a faixa de nº 4 “ Santuário Galponeiro”;
- Vale a pena investir no novo trabalho do músico João Luiz Corrêa. Grande produção e um DVD de belíssima qualidade com os grandes sucessos dos 10 anos de carreira do cantor e gaiteiro.
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Abraço a todos e uma boa semana.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Verso Puro

Hoje a coisa é diferente. Inspirado para uns versos, mas não tanto para as frases, mostro um pouco da minha identidade nas voltas de verso um puro:
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Sexta-feira é de fandango
Pra espantar o desatino
O povoado é o meu destino
Pra um entreveiro de mango
A cordeona choramingando
À flor de um chamamecero
E um taura louco de faceiro
Com a china se aproximando

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Lá pelas tantas a peleia
Brotou num canto maneada
Não quis mais saber de nada
Bochincho sempre me maneia
Não sou afoito a cadeia
Também não deixo fuzarca
Num teatino deixei minha marca
Que ficou com a cara bem feia

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Mas eu quero lembrar é da china
Coisa linda e bem morenaça
Desta vez não verteu em desgraça
Muito menos criou-se a chacina
Mas os olhos daquela menina
Me deixaram atuzicado
Pra um gaúcho bem abagualado
Prenda linda surge de vacina

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Mas encurto as palavras indiada
Nesta volta meio diferente
Não podia deixar de repente
De deixar minha gente quebrada
Escrever não me custa é nada
Gosto mesmo é da prosa e do verso
Mundo velho de nada perverso
A contar coisas desta nossa estrada.

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Forte abraço e um bom final de semana a todos.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Pra relembrar e matar a saudade (parte 2)

O texto a seguir de certa forma corrobora com o que escrevi no início do anterior, acerca do verão e suas altas temperaturas. Pra relembrar, e matar a saudade.
Postagem original: Segunda Feira, 8 de fevereiro de 2010.
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Sorvete, descanso e o carregar de pedras
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Na semana que passou eu quase tive a impressão de que tinhamos deixado de ser humanos e tinhamos virado sorvete ou picolé. Sim, porque não tem quem não tenha derretido nos últimos três dias úteis da semana que passou (quarta-feira, quinta-feira e sexta-feira) Minha gente, na quarta-feira, a temperatura as dezoito horas era de mais de 41ºC com sensação térmica de quase 50ºC. Sim, eu escrevi certo: 50ºC. Por volta de uma hora já da manhã de quinta-feira a temperatura ainda estava 31ºC. Sabem o que é isso? Isso é algo profundamente terrível e insuportável. Confesso que a esta altura eu já estava achando frio, tamanho o calor que estava durante o dia aqui por estas voltas. É meu caros amigos, leitores deste blog, pelo jeito que a coisa anda, chuvas torrenciais e alagamentos paralelos a dias com calor excessivo ultrapassando a casa dos 40ºC temos que começar a acostumar-mos a conviver com um clima talhado a extremos. Não se surpreendam se o inverno este ano chegar de congelar os pés de todo mundo. A realidade que aí esta, vem nos mostrando que a partir de agora conviveremos cada vez mais mais com estas mudanças bruscas de temperatura, com chuvas exacerbadas e dias de calor insuportável. Eu poderia dizer que estamos próximo do fim dos tempos, porém, ao longo do último século já passamos por situações semelhante. O que não posso afirmar, todavia, é se a humanidade já vivenciou tal situação em tão curto espaço de tempo.
Criticar o calor intenso, o mormaço e este abafamento que vem nos atingindo é uma coisa que sempre fiz verão após verão. Este ano, no entanto, prometi que não faria e cumprirei minha promessa. Até agora, como todos podem perceber, este texto não teve fim reclamatório, mas sim, informativo e comentativo. Desisti de reclamar por um simples motivo: de nada vai adiantar, uma vez que, será uma repetição destas características “adversas” a cada dezembro, janeiro ou fevereiro. Por outro lado, cheguei a conclusão que gosto de Novo Hamburgo e assim sendo, tenho que conformar-me com as características climáticas da cidade, não tem jeito. Mas retomando o assunto tratado no parágrafo anterior, me digam uma coisa, de quem foi a idéia de marcar jogo de futebol as dezessete horas de uma quarta-feira? Primeiro que a esta hora todos estão trabalhando e segundo que com um calor daqueles poderíamos ter tido algo beirando a catástrofe em referência aos jogadores. Ainda que eu seja colorado fanático, fiquei profundamente perplexo em ver os jogadores gremistas e do São Luiz tendo que jogar em situações como aquela. Minha gente, isso não pode acontecer. Não podemos deixar aquilo acontecer. Ainda que jogadores de futebol tenham preparo físico capaz de suportar tais condições de temperatura, é desumano tal ato. O que ocorreu com o Batista, comentarista da TV COM/RBS TV, que desmaiou no início da transmissão poderia ter ocorrido com qualquer jogador principalmente em virtude do esforço físico que este estava fazendo, diferente do comentarista que estava parado. Que os clubes voltem-se contra este tipo de coisa, por favor. Que este calor se amenize de alguma forma também, senão, certamente viraremos sorvete mesmo, de creme.
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Em primeiro lugar, peço desculpas a todos vocês pelo fato de não ter postado na última segunda-feira. Esqueci de comentar que me encontro de férias, e assim sendo, acabamos tendo uma rotina transformada e algumas coisas acabam passando. Neste exato momento em que lêem este texto, devo estar na beira da praia aproveitando os momentos que ainda restam do meu descanso. Continuo preferindo a serra e o frio, os campos dobrados lá de São Chico, porém, acho que temos que aproveitar também os benefícios que o litoral pode nos proporcionar. Não pensem que estou aqui me gabando de alguma coisa, por favor não me levem a mal, mas quero estar tomando aquele banho de mar enquanto lêem estas minhas palavras. O contrário certamente já ocorreu ou ainda pode ocorrer. Não adianta, a vida é assim: Enquanto uns descansam, outros carregam pedra.
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Abraço e boa semana a todos.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Saudades do velho verão

Nunca pensei que um dia eu pudesse dizer isso, mas eu começo a sentir saudades do verão, aquele tradicional com um mormaço desgraçado e um calor senegalês dos infernos, com o perdão das palavras chulas. O que ocorre é que neste momento alguns andam pelas ruas agasalhados uma vez que a temperatura passou pouco dos 10 ºC nesta manhã de segunda-feira. O detalhe, é que faltam apenas sete dias para o começo do verão, que deveria ser a estação mais quente do ano. Digo deveria pois assim não está sendo até agora, pelo menos. Ao fazer uma recapitulação do que escrevi nesta mesma época nos dois últimos anos, vejo que a questão climática mudou consideravelmente. Nos anos de dois mil e oito e dois mil e nove eu escrevia pregando a abolição do verão(hehehehe), ou quase isso. Agora eu nem mais posso fazer isso, afinal, o verão mesmo ainda não deu as caras. Antes as chuvas vinham e iam embora. Agora, começa a chover e não para mais. Enfim, a realidade meteorológica nos trás muito mais incertezas do que afirmações e pelo jeito a coisa vai continuar assim por um bom tempo. O fato, é que eu já não consigo mais acreditar naquilo que falam no rádio. Virei uma pessoa com o pé atrás sempre.
No momento em que escrevo este texto ouço ao fundo um dos tantos temas musicais próprios de natal. Muito original não fosse o fato de que fazem no mínimo quinze dias que estas músicas já estão aí povoando as ruas. Se a estratégia do comércio é ganhar os clientes no cansaço, ou seja, tentar enfiar o espírito natalino goela abaixo cada vez mais cedo, acho que não estão conseguindo. Pelo que ouço aqui e ali, o movimento até agora pouco se alterou, e o pior, está abaixo do que se presenciou no ano passado. Pelo que recebo de propaganda por e-mail, as compras pela internet também não estão muito melhores. Mas isso é uma percepção de quem ainda engatinha no mercado do consumir. Minha contribuição tributária ainda é bem maior no ramo da prestação de serviço do que na de consumo. Quem sabe um dia as coisas mudem não é verdade, afinal, alguns passos sem volta eu realmente já dei. Ouso dizer que este desatino por parte do comércio de vender em trinta dias o que não conseguiu em um ano, tende a espantar os clientes e não o contrário. As pessoas hoje em dia já tem consciência do que querem, Creio nisso, pois até eu, um poço de dúvidas convicto, já tenho na mente aquilo que irei comprar para alguns. Sem contar que algumas coisas eu até já comprei antecipadamente. Não em face da pressão comercial, mas sim, por decisão própria mesmo.
Lamento que alguns amigos não puderam estar presentes no fandango no CTG Terra Nativa, no último sábado. Baile véio daqueles de dançar de lado, com sala cheia do início ao fim. Encerrar o ano deste jeito é sempre uma motivação extra para um novo ano que se chega. Tal fato, todavia, não supre a necessidade de uma decisão que tenho que tomar o quanto antes. Quem me acompanha com freqüência sabe bem que no mês de outubro eu escrevi aqui um texto entitulado “Decisão”, afirmando que deveria tomar uma posição de certa forma até irreversível. Tal situação ainda pulsa com força na minha cabeça, hora para um lado, hora para outro. É chegado o momento de dar um rumo na minha vida para não acabar prejudicando os outros. A “decisão” a que me refiro ainda não está tomada, mas haverá de ser. Quando chegar este dia, dependendo qual seja, será o dia mais difícil de minha vida. Mas necessário, e isso, isso é o que me conforta.
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Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Fandangueiro

Élio da Rosa Xavier, vulgo Porca Véia, geralmente abre os seus bailes com esta letra citada logo abaixo. Letra, aliás, que vem de encontro ao convite que farei no rodapé desta página, afinal, sábado é dia de fandango com o Fandangueiro.

Fandangueiro
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Hoje é dia de fandango, já estou de bota lustrada
Com a emoção de sempre e a cordeona preparada
Tomei um trago de canha prá deixar a goela afinada
Já está quase tudo pronto e hoje eu viro a madrugada

Se tem coisa nesta vida que faz feliz um gaiteiro
É sentir a casa cheia e o calor do entreveiro
Algum olhar de morena na penumbra do candieiro
Num baile de chão batido e um trancão de fandangueiro

Sou fiel aos meus princípios, capricho em tudo que faço
Eu nasci prá ser gaiteiro e hoje sou pai do gaitaço
Se o surungo for cumprido não dou bola pro cansaço
Meto gaita a noite inteira, tenho confiança no braço

Hoje eu vim prá fazer a festa, tenho raça de peão
Morro seco e não me entrego, sou crioulo do pontão
Se a morena vier no baile magoar meu coração
Quem sabe eu chore outro dia, hoje eu garanto que não
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Prezado Amigo(a)
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É com muita estima que venho através deste de pronto deixar o meu abraço agradecendo-lhe pela amizade de sempre.Após um breve recesso longe dos palcos, eu, juntamente do o grupo Fandangueiro, estou aqui para fazer-lhe um convite daqueles imperdíveis, um baile "véio" flor de macaudo no:
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CTG Terra Nativa - Novo Hamburgo/RS

Dia: 11/12/2010 (sábado)
Hora: 20h30 (com janta)
Valor: Não informado
Local: Rua Sapiranga, nº 1080.


Será uma alegria imensa revê-lo. Nada como encerrar o ano em grande estilo.

Desde já agradeço a sua atenção de sempre.

Forte abraço e eum ótimo final de semana


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FANDANGUEIRO: DE VOLTA A ESTRADA

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Pra relembrar e matar a saudade (parte 1)

Dando ensejo a nova série do Blog do Campeiro, "Pra relembrar e matar a saudade", trago nesta abertura um texto sobre um assunto que está bem presente no nosso cotidiano atual.
Postagem original: Segunda-Feira, 01 de dezembro de 2009.
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Sentimento de Natal
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Hoje no início da manhã ao deslocar-me para o local em que me encontro neste momento, estava com o rádio sintonizado na Gaúcha e em um intervalo comercial eis que surgiu uma propaganda mais ou menos neste estilo: Para a Tramontina, o sentimento de natal é o ano todo. Em primeiro lugar, quero dizer que descrevo o nome das empresas aqui por livre espontânea vontade pois não tenho problema algum em divulgá-las. Em segundo, esclareço também, que não recebo nem um real para mencionar o nome de tais empresas, bem como até hoje não permiti propaganda no espaço deste blog que não tem nenhuma pretensão comercial. Mas voltamos ao assunto originário. Minha intenção desta vez não é tratar sobre algo vinculado na mídia, nem de argumentar sobre o conteúdo da propaganda feita pela empresa. O que chamou-me atenção foram três palavras: Sentimento de Natal. Aí está o verdadeiro sentido de tudo, de nossa vida mudar quando chegamos às proximidades do dia vinte e cindo de dezembro. O ser humano como pessoa única dentro dum contexto formador de sociedade é tomado, em sua maioria, por este sentimento que propicia torná-lo uma pessoa melhor, mais digna e humanitária, estendendo ao próximo tal façanha e fazendo com que toda a humanidade passe a ser um pouquinho melhor. O sentimento de natal esta aí, é um fato verídico e visível, mas será que ele só pode, ou só deve existir nesta época do ano?
Creio que o próprio informe comercial da Tramontina já diz tudo: o ano todo! Mas, afinal, porque não funciona o ano todo? Será que é porque as pessoas não têm dinheiro nos demais meses do ano? Ou é porque realmente a um fundo religioso presente nesta história toda? Dia vinte e cindo de dezembro é a data que se comemora o suposto nascimento de Jesus Cristo. Suposto, pois ninguém sabe se realmente existiu e se, caso tenha existido, nasceu realmente nesta data. Quem estuda história sabe muito bem que a história é contada pelo próprio homem e que por isso, está sujeita aos seus juízos de valores que nem sempre são dos mais corretos. Mas isso não é exclusivo da história religião no mundo ao longo dos tempos, acreditem. Aproveitando o gancho, ontem a noite escutando a mesma rádio, ouvi do tradicionalista e colorado Bagre Fagundes (entrevistado em face à polêmica gre-nal da vez) que o homem desde os seus primórdios é fadado a brageiragem e a corrupção. Tais elementos ínfimos estão presentes em todos nós desenvolvendo-se externamente, felizmente, numa pequena minoria que já sabemos muito bem quem são. Este é mais um questão histórica e polêmica a ser discutida, e como todo o bom debate, será interminável. Por favor, deixo bem claro que não chamei ninguém de corrupto e nem fiz analogia a isto. O foco é em cima da transcrição do pensamento do Bagre Fagundes, fazendo uma analogia a evolução humana ao longo dos tempos.
Não sei dizer se o sentimento de natal teria o mesmo valor se existisse durante o ano inteiro. Este sentimento está unido à magia e a fantasia de algo inexplicavelmente diferente, e só é bem quisto por todos porque é diferente. No natal podemos sonhar sem sermos chacotados, afinal, todos sonham. Queira Deus que este ano eu também seja tomado por este sentimento natalino e que eu possa sonhar, sonhar e sonhar também. Mas queira Deus que a partir do dia vinte e seis de dezembro eu possa ter maturidade suficiente para pelo menos tentar pôr em prática uma parte destes sonhos, sob pena, de ter sonhado em vão, ou então, de ver algum sonho meu virar pesadelo.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Em mim mesmo

Há mais de dez dias já ando ouvindo aquela tradicional musca natalina pelas ruas das cidades em geral. O comércio se aflora e inflama seu estoque, afinal, natal é natal. E eu que até bem pouco tempo atrás achava que o natal não era uma da ta consumista. Creio hoje ser muito mais consumista do que religiosa, entretanto, não vagarei novamente pelos pensamentos mundanos de cerca de dois anos atrás. Já não penso mais daquele jeito, ou pelo menos me esforço para tal, pois, no final das contas, o que importa é a felicidade das pessoas e não o que eu pensei ou deixei de pensar um dia, num passado tão, tão distante. As pessoas são sim mais felizes nesta época do ano. Talvez as coisas nem melhorem, continuem mesmo como estão, mas no natal renovam-se as esperanças e os sonhos de uma vida um pouco mais digna. Vejam bem, não é eleição que mobiliza o povo. É o natal! Por que? Porque no natal há a magia de um novo tempo e na política a desilusão do mesmo sempre. Orgulho-me de hoje fazer parte desta maioria que acredita que o natal é realmente uma data única. Nem sempre foi assim, admito com todas as letras, mas tenho mudado com o tempo. Ainda não como eu gostaria, mas bem melhor do que eu era. Chegarei lá certamente, assim como o natal uma hora chega. E é por isso que o comércio começa a fazer propaganda com tanta antecedência.
Enquanto eu digitava o último texto, ao tratar da nova série que haverá aqui no blog “Pra relembrar e matar a saudade”, pensei em trazer textos em ordem cronológica, porém, só com os escritos em 2010. Aí, deparei-me com um texto escrito no dia 01/12/2009 que tem tudo haver com o que dita o natal. Paro por aqui, afinal, se eu falar hoje já não terei o que postar na quarta-feira (hehehe). Mas voltando a nossa realidade, afinal, o mundo não para em face ao natal, gostaria de aproveitar aqui para tratar de um assunto pertinente: futebol. O Fluminense na tarde de ontem sagrou-se bicampeão (ou tri) brasileiro de futebol. Título merecido tendo em vista o trabalho realizado pelos jogadores e pela comissão técnica, liderada pelo competente Murici Ramalho. Assisti os últimos instantes do jogo da equipe carioca com o já rebaixado Guarani e confesso que fiquei, eu diria, “um pouco ansioso” uma vez que sou anti Corinthians até debaixo d'água e eu não ficaria nem um pouco alegre se o “timãozinho” fosse campeão. Justiça feita, afinal. No ensejo do título do Fluminense, aproveito para parabenizar o Sr. Giovani Luigi pela eleição que o elevou a condição de Presidente do Sport Club Internacional no biênio 2011/2012. Num primeiro momento, cheguei até a ficar inclinado a votar no seu adversário, mas aí o mesmo utilizou-se de artimanhas eleitoreiras pouco úteis, como se sabe, e caiu no meu desgosto. O Presidente do meu clube acima de tudo tem que portar-se como tal. Espero que o Luigi tem hombridade, competência e serenidade para administrar o colorado daqui para frente.
Em suma, tratei de começar falando do natal e terminei por tratar de futebol. Respeito todas as crenças futebolísticas dos leitores deste blog, mas como não fico em cima do muro nunca, acabo curvando as notícias do meu time do coração. Seria hipocrisia da minha parte sim, se eu ficasse aqui tratando de ser político. Não sou político e nem pretendo ser. Já fui. Trato disso como um aprendizado de vida. Não me arrependo do que fiz. Só assim posso corrigir aquilo que fiz de errado. Tinha problemas como natal e hoje não tenho mais. Tinha problema com um monte de coisa e hoje não tenho mais. A minha solução? Esta em alguém que amo, mas principalmente, está em mim mesmo.
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Abraço a todos e uma boa semana.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Pansa



Esta não é a primeira vez que venho ao espaço do Blog do Campeiro afim de fazer uma agradecimento em nome do grupo Fandangueiro. Com o passar dos anos, o Fandangueiro vem traçando uma trajetória na música gaúcha e esta, só foi possível graças aos amigos que fizeram parte da nossa família. Os adventos da correria do dia a dia, no entanto, nos obrigaram a fazer algumas mudanças ao longo deste quase quatro anos de estrada e agora, mais uma, fez-se necessária aos anseios do grupo. Ele nasceu Ademar Veríssimo, mas foi como “Pansa” que ficou conhecido em todo o meio musical da região do vale dos sinos e porque não dizer da serra também, visto que tocou por um tempo no antigo meretrício de São Francisco de Paula. Teve sua origem na música gaúcha, mas ao longo do tempo pendeu aos musicais e por ali fez sua vida guitarreira. No início de dois mil e nove foi-nos apresentado e a partir dali, não ganhamos só um companheiro músico para o conjunto mas também um grande amigo. Senhoras e senhores, uma figura ímpar, fora de série. Ao apresentá-lo durante os bailes, eu tratava de dizer que ele representava a nobreza do grupo, pois sua alma é nobre. Foram dois anos de parceria e companheirismo. Muitas horas de baile, muitas noites na estrada e uma repensa única que é a amizade que fica e perdura entre todos nós.
Quis o destino nos levar para caminhos diferentes a partir de agora. A poucos dias atrás, eu já havia comentado que mudanças ocorreriam no Fandangueiro a partir de dois mil e onze. Um fato de saúde, um susto, ocorrido com nosso companheiro Mauro (agora já está tudo bem), nos fez adiantar algumas providências e assim mais uma mudança foi feita na nossa família. O contrabaixista Carlos também deixou o grupo. Em nome do grupo Fandangueiro agradecemos ao Carlos por nos acompanhar por este ano de dois mil e dez.
Em nome do grupo Fandangueiro quero fazer mais que um agradecimento ao “Pansa”, quero fazer uma saudação a sua pessoa. A ti meu amigo, dedico apenas um até breve pois tenho certeza que logo dividiremos o mesmo palco novamente. Muito obrigado.
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Aproveito o espaço para saldar o retorno do grande Tom Miang ao contrabaixo do grupo Fandangueiro. Da mesma forma, dou as boas vindas ao Pedro, um bugre cria lá de São Luiz Gonzaga que a partir de hoje assume a guitarra do grupo. Boa sorte a todos nós!
***
Eu prometi para mim mesmo que não falaria sobre o fim do ano esta semana, que começo a tratar disso a partir da semana que vem. Porém, acho que posso ao menos dar uma prévia do que pretendo neste derradeiro de dois mil e dez. A partir de semana que vem, provavelmente às quartas-feira reeditarei os melhores textos que escrevi ao longo deste ano. Cerca de quatro ou cinco textos a princípio. Sei que eu mesmo sou suspeito pra escolhe-los, por isso será uma tarefa difícil mesmo. Todos os textos sobre o título “ Pra relembrar e matar a saudade”. Espero que todos gostem de reler estes trabalhos.
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Grupo Fandangueiro estará hoje no DTG Sinuelo Marista junto ao Colégio Pio XII em Novo Hamburgo. Este evento é particular, direcionado aos membros do departamento. Sábado que vem fandango velho cuiúdo no CTG Terra Nativa também em Novo Hamburgo. Desde já estendo o convite a todos vocês.
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Um forte abraço e bom final de semana a todos.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Bochincho

Ontem ao voltar para casa após a faculdade, fui repassando as estações de rádio salvas no aparelho do meu carro até que me deparei com o já finado, mas nunca esquecido Jaime Caetano Braum declamando a sua poesia mais celebre: Bochincho. De pronto me veio à tona os últimos acontecimentos no Rio de Janeiro e cheguei a conclusão que o título da obra vinha a calhar. Num contraponto, nada melhor que abrir o derradeiro mês de dezembro, no já quase findo ano fatídico de dois mil e dez, com as palavras do maior pajeador que já se conheceu pelos campos deste mundo afora. Esta, é dedicada aos amigos e amigas que jamais deixaram de acompanhar este blog:

Bochincho

A um bochincho certa feita
fui chegando de curioso
porque o vício é que nem sarnoso
nunca para nem se ajeita
baile de gente direita
de pronto eu vi que não era
na noite de primavera
gaguejava a voz de um tango
e eu sou louco por fandango
que nem pinto por quirera

Atei meu zaino longito
num galho de guamirim
desde guri sou assim
não brinco, não facilito
em bruxas não acredito
pero que las hay, las hay
sou da costa do Uruguai
meu velho pago querido
e por andar desprevinido
a tanto guri sem pai

Num rancho de Santa Fé
de pau-a-pique cravado
num trancão de convidado
me entreverei no banzé
chinaredo a bola-pé
um ambiente fumacento
e um cadeeiro bem no centro
num lusco-fusco de aurora
pra quem chevava de fora
pouco enchergava lá dentro

Dei de mão numa pinguancha
que me cruzou do costado
e já sai entreverado
entre a poiera e a fumaça
oigalê china lindaça
morena de toda crina
dessas da venta brasina
com cheiro de lechiguana
que quando ergue uma pestanha
até a noite se ilumina

Misto de biaba e de santa
com ares de quem é dona
e um gosto de temporona
que trás água na garganta
eu me agarrei na percantao
mesmo que um carrapato
e o gaiteiro era um mulato
que até dormindo tocava
e a gaita choramingava
que nem namoro de gato

E a gaita velha gemia
às vezes quase parava
de repente se acordava
e num vanerão se perdia
e eu contra a pele macia
daquele corpo moreno
sentia o mundo pequeno
bombeando cheio de enlevo
dois olhos flores de trevo
com respingos de sereno

Mas o que é bom se termina
cumpriu-se o velho ditado
eu que dançava enbalado
nos braços doces da china
escutei de relancina
uma espécie de relincho
era o dono do bochincho
meio oitavado num canto
que me olhava num canto
mais sério do que um capincho

E foi ele que se veio
pois era dele a pinguancha
bufando e abrindo cancha
que nem touro de rodeio
quiz me partir pelo meio
num talonaço de adaga
que se me pega me estraga
chegou a levantar um cisco
mas não é atoa chumisco
que sou de São Luís Gonzaga

Tenho visto coisa feia
tenho visto judiaria
mas ainda hoje me arrepia
lembrar daquela peleia
talvez quem ouça não creia
mas vi brotar no pescoço
do índio do berro grosso
como uma cinta vermelha
que desde o beiço até orelha
ficou relampiando o osso

O índio era um índio touro
mas até touro se ajoelhac
ortado do beiço à orelha
amontoou-se como um couro
e aquilo foi um estouro
daqueles que dava medo
espantou-se o chinaredo
e aquilo foi uma zoada
parecia até uma eguada
disparando num varzedo

E é china que se escabela
redemunhando na porta
e chiru de guampa torta
que vai direito a janela
num grito de toda goela
num berreiro alucinante
e índio que não se garante
vendo sangue se apavora
e se manda porta a foral
evando tudo por diante

E a coisa ia meio assim
balanceei a situação
já quase sem munição
e todos atirando em mim
qual ia ser o meu fim
me dei conta de repente
não vou ficar de semente
mas gosto de andar no mundo
me esperavam na dos fundos
eu sai na porta da frente

E dali ganhei o matoa
baixo de tiroteio
e ainda escutava o floreio
da cordiona do mulato
e pra encurtar o relato
me bandeei pro outro lado
cruzei o Uruguai a nado
pois meu zaino era um capincho
e a história desse bochincho
faz parte do meu passado

E a china?
Essa pergunta me é feita
cada vez que eu declamo
e é uma coisa que eu reclamo
e acho que não é direita
acho até uma disfeita
e entender nem consigo
eu no medonho perigo
de uma situação brasina
todos perguntam da china
e ninguém se importa comigo

A china eu nunca mais vi
no meu gauderiar andejo
talvez em sonho a veja
num bárbaro frenesi
talvez ande por aí
no rodeio das alçadas
ou talvez na madrugada
seja uma estrela chirua
dessas que se banha nua
no espelho das aguadas.

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Abraço a todos.