segunda-feira, 29 de março de 2010

Hombridade

Eu podia estar aqui hoje relatando os meus anseios. Ou então, podia tratar de relatar o porque do meu desencantamento com as coisas que a vida tem me proporcionado. Há, porém, coisas que impedem que eu faça isso. Primeiro, porque este espaço aqui não é e nem será transformado em um muro de lamentações, e, segundo, porque concluí estes dias que devo cuidar um pouco mais na hora de transparecer a minha sinceridade. Por vezes o silêncio é melhor do que abrir a boca e revelar as mágoas. Talvez como tempero pode haver uma ponta de indiferença, porém, não muita para não magoar quem não precisa ser magoado. Assim, em face da não existência de um assunto específico para abordagem aqui neste blog nesta manhã de segunda-feira, de uma semana que é mais curta por causa de um feriado santo, saio falando a esmo. Aliás, esta semana tudo leva crer que a postagem será feita na quinta-feira ao invés de sexta-feira. Muito mais pelo que representa a data do que pelo feriado em si. Neste caso, poderia então tratar de falar sobre a semana santa, e a páscoa, enfim, no dia de hoje. Não sei, todavia, se tenho inspiração tamanha para tanto.
Já fui uma pessoa mais religiosa. Fiz catequese, primeira comunhão e também a crisma. Frequentava a missa também, ainda que com uma regularidade pequena. As dúvidas sempre pairaram em minha cabeça, mas fui tocando minha vida mesmo assim. Até que um certo dia, a descrença tomou conta de minha cabeça de tal forma que eu abandonei tudo. Não frequentei mais a missa e parei até de rezar antes de dormir. Eu simplesmente não consigo mais, perdi a crença, a fantasia da coisa. Falo em fantasia pois todos nós sabemos que a história toda contada de um “Ser Superior” foi escrita por mãos humanas e assim sendo, baseada em seus juízos de valores. Ou quem sabe a suas imagens e semelhanças? Em suma, a verdadeira história não sabemos mesmo e é bem possível que nunca viemos a saber. Eu, um ateu? Apesar da rima, eu diria que não sou um ateu. Ainda tenho fé, esperança. O que não entendo, contudo, é como achar o tão fadado ponto de equilíbrio, aquele que fará de mim uma pessoa um pouco mais crente e com olhos abertos para o caminho certo. Se o culto a seres superiores é uma tradição milenar e de povos distintos, quem será eu, um ser insignificante, para duvidar da existência de Deus?
Será alguém capaz de dizer que eu falo isso porque não preciso de nada e certamente, quando inverter-se a situação, eu lembrarei que Deus, Jesus Cristo, enfim, existem. Pode ser. Porém, até nisso eu sou um pouco coerente com o fato de que existe fé dentro de mim, apenas ela não está se demonstrando. Ora, se eu evito evocar algum tipo de graça divina, é porque sei que esta divindade pode e deve ter responsabilidades maiores neste exato momento. Tenho que ser humilde ao ponto de reconhecer que o meu problema não deve ser maior que o do outro. E o do outro não maior do que o seu próximo. O que falta a humanidade é hombridade. O que falta a humanidade é vergonha na cara. O que falta na humanidade é bom senso. O que falta na humanidade falta a mim também. E o que nos falta é a percepção de que, o que está ruim hoje, sempre pode ficar pior amanhã.
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Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Cheia de cor

Podia com um lápis de cor
Pintar tua cinzenta paisagem
Porém sem identidade
Não seria mais a que amo

Podia com a gana de sempre
Provar teus problemas de agora
Pontuando meus dias de outrora
Reclamar-te por certo um engano

Podia passear pelo Brique
E vagar sem pressa na Redenção
Ou quem sabe andar no Parcão
Contemplando estas tuas belezas

Podia mirar o horizonte
E viver o pôr de sol no Guaíba
Meu Porto tu és a minha vida
Meu recanto em meio a natureza

Posso me achegar no Mercado
E pedir o pedido de sempre
E num mate lembrar de repente
De olhar-te pela zona sul

Posso relembrar nestas tantas
De andar pelas ruas do Centro
Porto hoje tu mora aqui dentro
Porto teu céu é bem mais azul

Porto Alegre tu sempre é alegre
E tua gente te gosta e te ama
Até mesmo quem em ti não faz cama
Faz de ti um pouco de sua vida

Porto Alegre o teu charme encanta
Até mesmo a rivalidade em dia de grenal
Sim, tu és Capital deste povo aguerrido e gaudério
Porto alegrense nunca é sério, nesta cidade linda e colorida.

Porto Alegre, Rio Grande do Sul. 238 anos de encantamento.
Parabéns!

Forte abraço a todos e um bom final de semana.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Cinco minutos

Cinco minutos é tempo suficiente para mudar uma vida, acreditem. Ainda que pareça um tempo escasso, creio que cinco minutos seja o suficiente realmente para darmos um novo sentido a qualquer coisa em nossa vida, por mais banal que seja. Vou dar um exemplo, este que norteará o texto desta segunda-feira: quando saio pontualmente as sete horas da manha de casa, a saber situada na cidade de Ivoti que distante mais ou menos 6 km de Novo Hamburgo) geralmente não pego engarrafamento em virtude da sinaleira do bairro Roselândia em Novo Hamburgo, no máximo, um fluxo mais intenso próximo ao dito semáfaro. Se eu sair cinco minutos depois, exatamente cinco minutos depois, eu já devo parar distante cerca de 1 km da sinaleira. Ou seja, cinco minutos é tempo suficiente para causar novecentos metros de congestionamento. Se considerarmos três metros para cada carro ( comprimento do carro mais distância entre carros) e não levarmos em consideração ônibus e caminhões, cinco minutos é tempo suficiente para aumentar o fluxo de cerca de trinta para trezentos automóveis. Vejam bem, é um aumento de dez vezes em apenas cinco minutos, ou trezentos segundos. Um veículo por segundo. É muito fluxo. Aliás, vale salientar que este trecho da BR 116 não é o mais crítico. Viajar para Porto Alegre todo o início de manhã, é uma das exceções em que, cinco minutos, em nada adianta para mudar uma vida.
No ano passado eu passei cerca de duas semanas viajando intermitentemente a Porto Alegre todos os dias pela manhã. Como tinha compromisso de horário, no primeiro dia em que desloquei-me a capital saí as seis horas da manhã de casa, pasmem, três horas antes de dar início ao fim que me aguardava. Com o passar dos dias, fui retardando este horário de saída com base na curta experiência que tinha adquirido. No último dia em que desloquei-me a Porto Alegre, saí de casa por volta de seis horas e quarenta e cinco minutos. No entanto, passados cerca de dez meses do feito, ao acompanhar todas as manhãs o noticiário de rádio, percebo que o engarrafamento na BR 116 sentido interior capital tem ficado cada vez maior e tem começado cada vez mais cedo. Nesta madrugada, tombou um caminhão contendo uma carga de ferros na altura do município de Esteio. Esta manhã, por volta de sete horas e vinte minutos, devido a curiosidade dos motoristas que quase paravam para ver o caminhão tombado, ouve um engavetamento e dois carros se chocaram. Pronto. O que que já estava ruim, degringolou de vez. Com base nos fatos, posso tratar sob a ótica de dois pontos: capacidade humana e estrutura rodoviária. Vejam só, como o ser humano é mesquinho e ridículo ao mesmo tempo: por curiosidade, de, de repente ver alguém esmigalhado por debaixo da carga de ferro do caminhão, os motoristas chegam a quase parar seus carros. Ora, convenhamos, é chegada a hora de pararmos de nos preocupar com a desgraça alheia e sim com a nossa realidade. Neste caso, a realidade é que estou numa rodovia de fluxo intenso e tenho que olhar pra frente, dirigir com atenção e manter o fluxo horário da estrada! Quanto a estrutura, bem, é visível e notório a necessidade de construção da dita Rodovia do Parque que teoricamente vai escoar o tráfego de modo a torná-lo menos intenso na BR 116. Mas enquanto não fica pronta esta nova rodovia? A solução direta é proibir o tráfego de caminhões e carretas nos horários de pico: entre seis e oito horas da manhã e dezessete e dezenove horas da tarde/noite. Ia dar chiadeira no início? Sim, mas com o tempo os caminhoneiros e carreteiros se acostumam.
Infelizmente, o pensamento provinciano de alguns dos nosso governantes passados acaba por acarretar em um problema emblemático em nossas vidas. Se vivemos num país subdesenvolvido, dar ênfase ao transporte rodoviário em detrimento ao ferroviário é no mínimo um saudosismo para não taxar de burrice logo de cara. Quanto custa para manter uma ferrovia e uma estrada pavimentada? Alguém de vocês, meus nobre leitores, sabe quanto custa 1 km de pavimentação asfáltica? Segundo um conhecido que trabalha na duplicação da BR 101, é necessário R$ 40.000,00 para pavimentar um trecho desta distância. Acho que não precisa nem fazer o cálculo do que custa menos não é? Pensamento arcaico, misturado com o desejo de favorecer uma minoria já bem rica, fizeram deste nosso país um lodo de prejuízo. O que fazer senão correr atrás dele então? Por favor, dêem-me cinco minutos. Talvez com este tempo eu possa pensar em alguma alternativa, ou então, rezar uma novena para Santo Expedito, o santo das causas Urgentes!
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Abraço e uma boa semana a todos.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Sintetismo

Com o passar dos tempos as coisas tendem-se a serem mais sintéticas em nossas vida. A cada dia que passar o surrealismo é mais presente em nossa realidade de tal forma que acabamos esquecendo de como era, passando a viver apenas o como é. Não , este não será um texto recheado de melancolia, apesar que, certamente terá um pequeno tom crítico regado a humor negro. Sarcástico, eu diria. Aliás, devo admitir que o sarcasmo é um artifício que utilizo quando não gosto de alguma coisa ou de alguém, e não estou disposto a discutir sobre este ou aquela. Pendo para um humor escrachadamente não literal de forma que acabo me excedendo as vezes. É uma característica minha, fazer o que. Por mais que eu não esteja certo em agir desta forma, ainda acho que é melhor do que ficar discutindo. O que devo aprender é a ficar quieto. O desprezo é sempre uma arma muito mais eficaz. Mas voltando o rumo desta epopéia de palavras, que , ao cume, pretendo que torne-se um texto legível, algumas situações rotineiras acabam por transformar a nossa evolução em algo até mais fácil eu diria. Diria também que o fácil nem sempre é um caminho muito vitorioso. Ao meu ver a conquista com o próprio suor, rompendo as barreiras que se postam ao caminho é muito mais saborosa. Não condeno quem tem sorte ou pai rico. Acho que se eu tivesse eu também aproveitaria. Enfim, essa nossa evolução nos trás novas diretrizes, algumas boas e outras nem tanto. Diria que simplória esta minha colocação. Diria também que algumas coisas que surgem por aí, acabam transformando as nossas próprias vidas em formas de simploriedade.
Nos últimos nove meses tenho almoçado corriqueiramente em restaurantes. Um desprazer. Primeiro porque por melhor que seja, a comida de um restaurante nunca é igual a que a mãe da gente faz. Segundo, porque a gente sempre se excede com as bobagens e engorda as pencas. Fatos! Mas bem, estes dias comecei a perceber que as lasanhas servidas nestes restaurantes, sem exceção, não têm mais queijo. Camada de massa, camada de recheio, massa e recheio, e só. Queijo mesmo, umas fatias miseráveis por cima e olhe lá. Na maioria das vezes é queijo ralado mesmo. A idéia dos proprietário é que o queijo é muito caro. Idéia equivocada uma vez que o que movimenta o seu comércio é a satisfação do seu cliente. Eu como cliente sou um insatisfeito então! Vou arrumar uma meia dúzia de gaiatos e começar um movimento social denominado: Quero queijo na minha lasanha! Faremos barricadas e acampamentos em frente aos restaurantes até que, depois de diálogos intermináveis entre nós e os proprietários, mediados pelas autoridades e acompanhados pela mídia, possamos chegar a um consenso. Cada um cede um pouco e a vida volta a sua plena e tão mascarada felicidade. Estes tempos eu estava trabalhando, ainda em Novo Hamburgo, quando um senhor me saiu com uma mais ou menos deste jeito: Tu tens microondas em casa? Mediante minha resposta afirmativa, ele prosseguiu: É uma maravilha né? E pensar que a uns anos atrás eu tinha que ficar meia hora em frente ao fogão esperando o leite ferver, torcendo para que não houvesse um descuido da minha parte e o leite derramasse sobre as bocas do gás e fizesse aquele estrago todo. Agora, são penas alguns minutos. E a nata que criava? Metade da caneca de leite era nata, vinte cinco por cento ia fora porque sempre caia uma mosca e o resto a gente tomava quando o gosto não era de azedo. Hehehe. Otimista não? Para este a nova realidade realmente parece ter caído do céu.
Estes dias me chegou um conhecido dizendo que fora num baile com uma banda de bailão. Banda de nome, estrutura muito boa, agora, o arranjo principal era ruim. Ou seja, os músicos, aquilo que realmente é o que importa numa banda, não eram bons. Culpa deles? Não. Culpa dos contratantes, os quais, nesta gama, incluem-se os patrões de CTG. Todos querem música, mas de graça ou quase assim. A arte está sendo tão banalizada que nós músicos estamos sendo chacoteados por aí. Estes dias um teatino me disse que o meu preço estava muito caro, que o fulano fazia por muito menos. No início eu argumentava. Hoje eu respondo da seguinte forma: Então corre pra contratar ele. Não corre o risco de perder tal negócio imperdível. Agora, não esquece que o preço dele esta atrelado a qualidade que ele vai te apresentar. Enfim, este sintetismo da vida moderna, pessoas pouco preocupadas com as outras pessoas, a arte sendo relegada a sarjeta; a música gaúcha ainda longe dos seu primórdios e aureos tempos... Enfim, isso são os adventos das etapas mal construídas entre a transposição do ontem para o hoje. Solução. Acho que não. O que podemos tentar é amenizar, ainda que parcialmente, as conseqüências do amanhã. Sem sucesso, talvez.
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Abraço e boa semana a todos.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Leonardo, um gaúcho!

Leonardo emalou seu pala branco e se foi. Não, contudo, sem andar por estas coxilhas, sentindo as flechilhas das ervas do chão. Este Homem do Pala Branco que através do seu canto olhou para o seu rebanho estendendo a mão, juntando ovelhas perdidas pelas estradas, veio sim, pedindo morada em nossos corações. E conseguiu. Esta cria de Bagé que falava de Erechim com história e canto e que cantava o Rio Grande com maestria e encanto partiu para uma nova morada. Jader Moreci Teixeira emalou seu pala branco e se foi. Não sem antes ter os pés rosetados de campo que ficam sempre mais trigueiros com o sol do verão. Fez tantos e magistrais versos cantando as belezas desta natureza sem par, e mostrou pra quem quiser ver que existe um lugar pra viver sem chorar. Fez do pago a sua bandeira de luta e dando um Viva a Bombacha pôs-se em defesa desta querência galponeira em que vivemos. Não importava se chovia ou fazia um sol de rachar, Leonardo nunca deixou de demonstrar a sua essência de gaúcho. Leonardo foi sim um gaúcho, um verdadeiro gaúcho. Não se considerava um pregador, um padre nem pastor. Segundo o próprio, era um autor que cantava as suas verdades. Não tinha credo em almas perdidas porque alguém com as mãos erguidas iria chegar além da vida para salvar a humanidade. O Gaúcho emalou seu pala branco e se foi.
Leonardo teve uma sensibilidade tamanha, que abriu seu peito pelas Tertúlias Rio Grande afora em defesa de nossas prendas dando um grito de Morocha não! Aprendeu e ensinou que um gaúcho não faz da sua prenda um capacho e que os deveres de um dito macho é proteger e amar. Ahh, o amor... O Jader amou este Rio Grande como poucos, amou o seu povo. Não esqueceu, todavia, daqueles Desgarrados do Pago que mesmo estando afastados nunca perderam sua identidade. Segundo ele, era o que mais tinha importância pois bem maior que o tamanho da distância é o tamanho da saudade. Leonardo emalou seu pala branco e partiu, não sem antes, banhar-se nas fontes e sentir horizontes com Deus. Sentiu em seu peito que as cantigas nativas continuavam vivas para os filhos seus. Ensinou-nos a jamais, repito jamais, perder a esperança das coisas deste Rio Grande. Viu os campos florindo e as crianças sorrindo felizes a cantar e mostrou mesmo para quem quiser ver qual é o verdadeiro lugar pra viver sem chorar. Subiu a serra e fez levantar o bugio que parecia lá em São Chico ter morrido de frio e estava sendo velado na beira do rio. Destapou o caixão e o danado sorriu, o bugio, um serrano ora, não morre de frio. Enfim o bugio não estava morto, roncou a cordeona e ele gritou bem alto: Levanta Bugio! Cantou com eficácia a saudade que sentia de Honeyde Bertussi, o cancioneiro das coxilhas.
Dá madrugada de domingo pra cá calou-se uma parte da nossa história. Perdemos parte do nosso brilho, do nosso encanto e já podemos dizer um: Que Saudade! A dor da perda, no entanto, se atenua quando em nossa mente surgem as boas lembranças de um gaúcho que ao longo de suas sete décadas de vida tratou de nos servir com seu talento, com sua genialidade e com sua perseverança. Um canto simples, puro e singelo que tratou de reunir fãs além fronteiras e que na boca desta gente não morrerá jamais. Se foi o Jader, mais o Leonardo continuará eternamente vivo nas páginas da história deste nosso Rio Grande. É nosso e do Leonardo este Rio Grande do Sul: Céu, Sol, Sul, Terra e Cor, onde tudo que se planta cresce e o que mais floresce é o amor. Leonardo daqui pra frente não estará mais junto a nós de corpo, mas sim, sempre de alma, canto, fé e esperança.
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_Bruno Costa 'Campeiro'

segunda-feira, 8 de março de 2010

Hoje é o dia

O texto a ser postado no dia de hoje já estava até escrito, porém, alguns acontecimentos relevantes acabaram de demover minha idéia inicial e cá estou eu a escrever mais um capítulo inédito deste blog. Dos dois assuntos, falarei sobre um hoje e o outro, em virtude da importância, ganhará uma postagem especial durante o transcorrer desta semana.
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É hoje o dia internacional da mulher. Tomando como base que não há um dia internacional do homem, creio estarmos, então, diante de uma data realmente importante afinal, o dia é internacionalmente conhecido e celebrado. Pergunto a todos, inclusive as mulheres leitoras deste blog, qual é a verdadeira importância da mulher? Sei que ela é a nossa genitora, a pessoa que nos carrega durante longos nove meses no interior de seu ventre. É aquela que exerce o papel de mãe. A mulher é aquela que mexe com os nosso brios, aquela que nos dá raiva, algo diminuto ao pensar que também nos dá carinho, amor e diz que nos ama. A mulher é importante assim como é importante esta palavra: mulher. Mas como classificar uma mulher já que ela é feita de tantas formas? Ousaria dizer que não podemos nem devemos classificar mulher alguma, pois cada uma é proprietária de uma personalidade única incapaz de se manifestar na que está ao lado. As mulheres são fortes e frágeis ao mesmo tempo. Irritantes e irritáveis ao mesmo tempo. Doces e extremamente bravas ao mesmo tempo. Enfim, como compreendê-las sem estendê-las? E como sabê-las sem convivê-las em seu mundinho. O fato é que eu vou admitir que sem elas eu não vivo, lhes gosto e lhes preciso, sempre. E quanto mais perto, melhor.
Se alguém vier pra mim dizendo que não gosta de mulher eu rasgo o contrato de amizade que tenho com esta pessoa. O vínculo que todos nós temos com este ser vem do berço maternal que nos gerou, criou e fez de nós pessoas capazes de entre outras coisas, entender o quão significante é sua importância. Alguém pode dizer que não gosta de sua mãe, o que eu acho improvável, mais jamais dizer que não gosta de mulher. A mulher é algo acima de tudo, de todos e a nós homens, resta entender que o que nos cabe é o que sobra, entendendo acima de tudo, que estamos neste mundo para amá-las, aturá-las compreendê-las e servi-las. Parabéns mulheres por este dia, vocês merecem. E nós também: merecemos tê-las sempre por perto.
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Uma luz se apagou na madrugada de domingo aqui pelas bandas do nosso Rio Grande. Com profundo pesar, noticio neste espaço o falecimento do cantor, poeta e magistral compositor Jader Moreci Teixeira, o Leonardo. Leonardo ficou imortalizado por uma das obras mais celebres da nossa música, chamada Céu, Sol, Sul, Terra e Cor. Ainda foi compositor de músicas fenomenais, tais como: O Homem do Pala Branco, Viva a Bombacha, Erechim: História e Canto e Tertúlia. Foi o vencedor do primeiro Ronco do Bugio lá de São Chico com Levanta Bugio e foi o autor da mais bela música em homenagem a Honeyde Bertussi: Que saudade!. Morreu na madrugada de domingo vítima de insuficiência renal. Foi enterrado ontem no município de Viamão. As cordeonas e guitarras deste Rio Grande hoje choram a sua ausência e a falta do seu canto marcante. Leonardo emalou o seu pala branco e se foi, contudo, sem deixar nenhum órfão desgarrado, pois afinal, seu legado musical ficará na história até mesmo para que não o conheceu.
Volto esta semana fazendo um texto especial em homenagem ao Leonardo. Vai em paz gaúcho velho, e muito obrigado por tudo.
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Um abraço a todos.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Do estranho amor

Para um índio velho como eu, taura de marca maior cria da cordilheira dos campos dobrados popularmente conhecida como São Chico, conhecido aos quatro ventos como Campeiro falar de amor é fácil e difícil ao mesmo tempo. Fácil, porque com uma vasta ficha corrida como a citada no início deste texto me dando sustentação, não tenho como apelar para a melosidade. Difícil, no entanto, pois um gaúcho de minha estirpe, tende a ter uma certa “dificuldade”, reconhecidamente comprovada, em tratar de tal tema tão amplo e complexo. Gauchão é qüera meio pelo duro, tosco, grosso e por vezes, até sem coração. Claro, não literalmente falando (hehehe). A amplitude do tema é tamanhã, que podemos tratar do assunto sem falar da palavra. É um universo abstrato, muitas vezes incompreendido e outras tantas sem compreensão. Ora, se tratar de amor e vivenciar o amor é uma das subjetividades da vida , porque então tentar compreendê-lo? A resposta, ao certo, eu não tenho. Diria que acredito ser impossível a pessoa viver sem o amor. Ser grosso ou xucro não é em nenhum dicionário sinônimo de solidão. E o desamor é algo que eu sinceramente não acredito que exista. Pode haver a indiferença, a falta de carinho e a raiva. Agora, desamor não existe já na sua fonte. A palavra é uma conjuntura muito mais sentimental do que sintática, enfim. Trato do tema hoje aqui neste blog creio que pela primeira vez. Não por um motivo específico e sim para tentar compreender, ainda que sinteticamente, um pouco do caminho que este estranho ser, este sentimento corriqueiro, pretende muitas vezes passar de lição para as nossas vidas.
Dentre as muitas faces em que se apresenta o amor, diria que a compreensão é umas das mais importantes. Saber aceitar e entender as diferenças do ser amado é o primeiro passo para levar adiante toda ou qualquer relação. Vejamos o meu caso: eu admito que sou uma pessoa de convivência difícil. Tenho um gênio forte, sou bravo demais e com a paciência que se esgota antes da terceira badalada do relógio. Ainda, como continuidade, sou um gaudério meio sem paradeiro em virtude de algumas situações dentre elas a música. Assim sendo, não é nada fácil gostar de mim. Por vezes acredito que eu sou até meio incompreensível. Mas será que minhas qualidades sobrepõe-se em face a estes “defeitos” assim classificados por mim mesmo? Talvez. Ou espero que sim, pelo menos. O que pode e deve ocorrer, na verdade, é uma espécie de adaptação as características do outro, pois, só assim a convivência poderá ser harmoniosa e a relação de afeto não terá prazo de validade. Outra coisa é agir frente aos problemas próprios. Se eu sei que as situações acima são defeitos meus, porque então não trabalhar para corrigi-los? Ou pelo menos atenua-los? Em suma, no final das contas a responsabilidade pelo sucesso ou derrocada de cada um de nós está dentro de nós mesmos, nas ações e omissões, enfim, nas nossas escolhas. Se eu escolher ser um chato de galocha, ninguém vai querer me aturar e inevitavelmente estou fadado a solidão. Sei que sentimento que trato no blog hoje é bem mais diversificado do que simplesmente a compreensão. Porém, resta-me aprendê-la ainda, para que, de fato, eu possa passar para o próximo passo.
Tempos atrás, havia uma propaganda de uma marca de chocolate na televisão que falava um suposto conceito de amor. Muito original esta. Aliás, em termos de publicidade e propaganda os profissionais brasileiros do ramo estão se superando cada vez mais. Basicamente a propaganda dizia que o amor surgia de componentes físicos da atração, seguido por aquela sensação de paixão, euforia, saudade contínua. Se passado um determinado tempo, todas estas situações permanecessem em sua vida, então você estaria diante do amor verdadeiro e ele, reciprocamente, diante de você. Conceito interessante. Nesta levada, a música também sabe expressar muito bem, e com qualidade o suposto significado de amor. Quem não sabe recitar os versos de “Carinhoso” poema musical celebre de Pixinguinha:
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“Meu coração, não sei por que
Bate feliz quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim
Foges de mim”
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O amor é realmente tão complexo, que até mesmo sobre versos apaixonados o autor coloca uma adversidade. Ainda que existam diversos conceitos dirimidos por aí, ou que se apresentem demasiados “ditos” entendidos para profetizar sobre o assunto, não creio o amor, estranho sentimento denominado amor, ter um significado real. Seu entendimento é particularmente obra de cada um de nós. E, na maioria das vezes, o conceito de amor é simplesmente amar.
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Um grande abraço a todos e um ótimo final de semana.

segunda-feira, 1 de março de 2010

A rotina e a esperança

Enfim, parece que o ano inicia-se em nosso país. Pelo menos a realidade volta a ser parecida com a do final do ano passado. Carros e mais carros nas ruas e rodovias, falta de paciência de motoristas duvidosamente competentes para tal ato, volta as aulas e trânsito burocratizado em frente as escolas e universidades. Cadeira de chefe do escritório com o chefe do escritório novamente sobre ela, pessoas com cara emburrada pela rua e empresas de volta a plenitude. Ou seja, de volta a mesmice de sempre. Para corroborar, também já acabou o horário de verão que fazia com que o dia se estendesse até as vinte uma horas até. Aliás, este não fará falta, pelo menos até meados de outubro ou novembro quando ele voltar. Ele voltará? Sim, ele sempre volta. Senhoras e senhores, amigos e amigas, cidadãos deste país: de hoje em diante, até a segunda quinzena de novembro voltamos a mesma rotina de todos os anos, esta que, terá uma pequena diferença em face a Copa do Mundo de Futebol e as eleições. De resto, tudo bem parecido como sempre. Dentro desta situação rotineira, recebi um e-mail muito interessante e resolvi reproduzí-lo aqui. Não é do meu feitio, nem costume, contudo, vem a calhar com duas situações: a primeira, fazendo referência a real necessidade de revermos os adventos de nossa educação, algo que venho batendo a horas; a segunda, vem a calhar com o retorno praticamente que completo dos alunos às salas de aula no dia de hoje, conforme já mensionado acima.
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"A EVOLUSSÃO DA EDUCASSÃO (DOEU)"
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A Evolução da Educação
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Antigamente se ensinava e cobrava tabuada, caligrafia, redação, datilografia...Havia aulas de Educação Física, Moral e Cívica, Práticas Agrícolas, Práticas Industriais e cantava-se o Hino Nacional, hasteando a Bandeira Nacional antes de iniciar as aulas...
Leiam relato de uma Professora de Matemática:
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Semana passada comprei um produto que custou R$15,80. Dei a balconista R$ 20,00 e peguei na minha bolsa 80 centavos, para evitar receberainda mais moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer.
Tentei explicar que ela tinha que me dar 5,00 reais de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la. Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender. Por que estou contando isso?
Porque me dei conta da evolução do ensino de matemática desde 1950, que foi assim:
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1.. Ensino de matemática em 1950:Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda. Qual é o lucro?
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2. Ensino de matemática em 1970:Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda ou R$80,00. Qual é o lucro?
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3. Ensino de matemática em 1980:Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$80,00. Qual é o lucro?
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4. Ensino de matemática em 1990:Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$80,00. Escolha a resposta certa, que indica o lucro:
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( )R$ 20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00
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5. Ensino de matemática em 2000:Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$80,00. O lucro é de R$ 20,00.
Está certo?( )SIM ( ) NÃO
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6. Ensino de matemática em 2009:Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é R$ 80,00.Se você souber ler coloque um X no R$ 20,00.( )R$ 20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00
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7. Em 2010 vai ser assim:Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é R$ 80,00. Se você souber ler coloque um X no R$ 20,00. (Se você é afro descendente, especial, indígena ou de qualquer outra minoria social não precisa responder)
( )R$ 20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00
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E se um moleque resolve pichar a sala de aula e a professora faz com que ele pinte a sala novamente, os pais ficam enfurecidos pois a professora provocou traumas na criança.
Em 1969 os Pais do aluno perguntavam ao "aluno": "Que notas são estas...???"
Em 2009 os Pais do aluno perguntam ao "professor": "Que notas são estas...???"
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Essa pergunta foi vencedora em um congresso sobre vida sustentável."Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos...Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?" Passe adiante! Precisamos começar JÁ! Uma criança que aprende o respeito e a honra dentro de casa e recebe o exemplo vindo de seus pais, torna-se um adulto comprometido em todos os aspectos, inclusive em respeitar o planeta onde vive...
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Não há duvida de que o texto supra citado representa um dos problemas mais sérios do nosso país. Há sim, uma inversão de valores principalmente quando passamos a taxar professores de insuficientes ao invés de nossos filhos incompetentes. Mas e a qualidade dos professores não é aquém? Sim, eu diria. Mas completo: E o salário e as condições de trabalho dos professores? Portanto, se vê que o problema é muito mais abrangente do que criticar um ou outro pelo combate ineficaz da raíz daninha do problema. Meu caros leitores, este é ano de eleições. Independente de cor de partido ou convicções políticas, que eu também tenho, saiba dissernir aqueles que realmente se preocupam em fazer alguma coisa de útil para o nosso país, frente aos maus polticos. Desconfie daqueles que prometem hipocrisias, e, de um voto de confiança àqueles que tratam da educação como sua principal bandeira de luta. Não deixe que este país e o nosso estado caiam na rotina da corrupção, da robalheira e da impunidade. A melhor forma de ajudar alguém neste Brasil, é fazendo deste alguém, uma pessoa instruída à tomar decisões corretas. Instrução é sinônimo de educação. E educação, é sinônimo de esperança. Eu tenho esperança, e você?
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Um grande abraço e um bom "começo" de semana e de ano a todos.