segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Estado de Férias

Eu quase que comecei este texto de hoje, o primeiro do corrente ano de dois mil e dez, dizendo que as pessoas ficam mais lentas nesta época do ano. Ocorre, contudo, que na verdade a cidade está mais parada em virtude do seu breve esvaziamento devido a temporada de férias de verão. Certamente o inverso deve estar ocorrendo nos municípios litorâneos neste exato momento. Ainda que eu tenha me criado nos campos de cima da serra, mais precisamente em São Francisco de Paula, uma cidade considerada calma e tranqüila, mudei-me ainda criança para Novo Hamburgo e acabei me acostumando com a rotina mais agitada duma cidade considerada, até certo ponto, grande. Ouso dizer que hoje eu não saberia mais viver em uma cidade muito calma, ainda que sonhando em voltar um dia pra São Chico. Talvez este “um dia”, demore um pouco mais do que eu esperava e esteja relacionado a uma série de circunstâncias as quais não vem ao caso neste momento. O que eu não seria hipócrita de dizer, no entanto, é que eu sou um aficcionado pela correria diária de uma cidade grande. Se acostumar é muito diferente de gostar. De algum modo, tento manter ambos os casos em perfeita harmonia e acho que tem dado certo. Mas enfim, vamos ao assunto do texto de hoje, que é claro, está relacionado ao que falei nesta parte introdutória.
Por dois bons anos eu vivi em nossa capital, a saber Porto Alegre (hehehe). Confesso que no início temia viver em uma cidade que eu não consegui atravessar a extensão territorial a pé. Na prática, porém, acabei me acostumando e passei a gostar de Porto Alegre. Aliás, a grande maioria das pessoas que deixa sua terra natal em direção a capital e fixa residência nesta, acaba por se acostumar com sua rotina e inevitavelmente a gostar da cidade. Comigo assim aconteceu. Falo de Porto Alegre, porque esta é o principal exemplo de esvaziamento durante este período litorâneo. Lembro-me muito bem da facilidade que transformou-se guiar um carro em pleno janeiro na capital. Do quão melhor ficou enfrentar a rótula da Plínio com Carlos Gomes, descendo a Vinte e quatro entrando na Goete e por fim na Ipiranga. Enfim, passei a levar metade do tempo para chegar em casa. Ao lembrar-me dessa situação toda, acabo por trazer a tona em minha mente, retransmitindo a todos vocês caros leitores e leitoras, essa máxima popular de que no Brasil o ano começa mesmo depois do carnaval, a saber este ano no dia dezesseis de fevereiro. Afinal, o ano já começou ou começará apenas no dia dezessete de fevereiro? Vale lembrar que logo depois já temos a páscoa e que este ano ainda temos Copa do Mundo de Futebol e Eleições para definirmos nossos novos governantes em âmbito federal e estadual, bem como nosso representantes no parlamento. Juro a vocês que já ouvi no rádio hoje alguém dizendo que este ano nem começará. Outros dizem que na Bahia nenhum ano termina porque nem começa. Hehehe. Mas que barbaridade! Pobre dos baianos...
O que me resta, por fim, é tentar neste prenúncio delineativo final, tratar de por em prática uma opinião plausível sobre esta questão toda. Nos tempos de outrora, trabalhadores das mais diversas classes quando estavam sob eminência de greve declaravam Estado de Greve. Na prática era uma greve maquiada em forma de aviso. Diria então que estamos em Estado de Férias. Nem todos estão sujeitos aos “benefícios” diretos dela, mas indiretamente são agraciados com as “benfeitorias” que lhe são apresentadas. Como no Estado de Greve, no Estado de Férias ainda há uma possibilidade de reversão fazendo de certa forma tudo voltar como era antes. Nesta época do ano o movimento de carros nas ruas das cidades diminui, o movimento de pessoas diminui e a paz parece que melhor flui. Possibilidade de reversão? Não contem comigo para este feito, afinal, time que está ganhando não se mexe. Time que está ganhando deve continuar ganhando. E sem essa de voltar como era antes. Que o litoral de um jeito de acomodar todo mundo (hehehe)...
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Abraço e um bom começo de ano a todos.

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