sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Ser simples me basta

Toda sexta-feira é a mesma coisa. Ou pelo menos, a maioria das sextas-feiras. Surge na minha cabeça um tema interessante para ser abordado aqui, contudo inevitavelmente polêmico. E polêmica na véspera do final de semana, e logo após um feriadão de carnaval, não é um bom tópico para ser trazido ao conhecimento do grande público, leitores deste blog. Aí, começa um dilema inspiracional que vocês não tem idéia o quão perturbado eu fico. Nestes meses de janeiro e fevereiro, em virtude da fraca agenda de eventos gaudérios da região e porque não, do estado, pouco tenho falado do tema principal deste espaço e que me fez cria-lo: o gauchismo. Também não surge nenhum tema que mereça ser levado em consideração. Curiosidades é claro que existem, mas creio não ser este o momento certo de explana-las.
Ontem me deu um mau jeito na região posterior lombar das costas. Tive que recorrer a remédios tamanha a dor que sentia. Neste momento muitos de vocês devem estar pensando: E eu com isso? Não vou ficar chateado se vocês pensarem assim, afinal, eu pelo menos teria esta atitude. Dizem os mais céticos que a gente só aprende quando sente dor, uma dor que nem sempre é objetiva. Como tudo na nossa vida, a subjetividade também pode estar presente na dor, e a dor na alma,pode ser tratada como um grande exemplo disso, certamente. Quero deixar claro que minha alma não está doendo (hehehe), é apenas um exemplo. Mas falar em dor em plena véspera do merecido descanso o qual todos tem direito também não é das melhores formas de preencher linhas formando os ditos parágrafos. Vamos falar de coisas alegres, que motivem, que nos deixe com vontade. Vontade de que?
Pois é, aí vai da cabeça de cada um, da inspiração de cada um. Eu por exemplo, estou louco de vontade de voltar aos palcos deste nosso Rio Grande. A música já faz tão parte da minha vida, que parece que eu não consigo mais viver longe dela. Sentir o nervosismo que bate sempre quando começo a cantar. Aliás, um nervosismo que não precisava mais existir, tamanha a minha ficha corrida de fandangos por estes pagos. Para vocês terem uma idéia, em virtude da minha saudade dos bailes, até dos ensaios eu estou gostando. Pois é, eu sempre detestei ensaiar mesmo sabendo que é de suma importância. Tem sido de suma importância pelo menos. Arestas sempre existem e só a repetição é capaz de corrigir erros banais que eventualmente surgem. Há distância dos palcos tem me dado motivação para compor. Há quanto tempo eu não fazia isso com a freqüência de agora e o resultado tem sido muito bom. Tenho pensado inclusive em voltar a compor pra festivais. Falando em festivais, uma ótima notícia: a partir deste ano minha querida São Francisco de Paula tem um calendário fixo de eventos, e dentre eles está o Ronco do Bugio, um dos festivais mais tradicionais deste nosso Rio Grande. Quem sabe esta aí a chance para o retorno, não é mesmo?
Já me sinto bem mais animado agora e os espaços já estão chegando ao seu esgotamento. Achei que não ia conseguir terminar este texto e no entanto, cá estou eu a resumir os finalmentes para poder falar tudo que quero. Achei que este seria o pior texto que eu escreveria na história deste blog, contudo não ficou tão ruim, apenas ruim (hehehe). Na verdade ele ficou simples, como a vida do gaúcho. Para um povo que teve que lutar a ferro e fogo para ser reconhecido como gente igual aos outros, o luxo nunca se faz necessário. Nada como a simplicidade de poder tomar um mate amargo no fim da tarde, seja recostado num pelego do galpão ou no aconchego do nosso rancho amigo. Ter luxo mesmo é viver em simplicidade. É o que basta e é isso que importa.
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Grande abraço e um bom final de semana a todos.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Ressaca de um carnaval inacabado

Este texto era para estar aqui ontem. Contudo nem com reza braba eu consegui fazer com que a internet funcionasse. Somos reféns da tecnologia. Leiam, por favor, como se hoje fosse ontem:
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Hoje, quarta-feira de cinzas. Pelo menos para os católicos é quarta-feira de cinzas. Espero que todos vocês estejam inteiros, que tenham seguido os meus “conselhos” à risca, divertindo-se de forma moderada e responsável. Dizem os católicos que hoje não se deve comer carne vermelha. Me incluo, assim, neste jejum obstinado. Mas daí pergunto-me, isso é realmente necessário? Ainda não tomei café da manhã e possivelmente não o farei, estou com muita fome e pensativo frente o almoço que surge na seqüência. Arderei no mármore do inferno comendo um suculento naco de picanha em alguma churrascaria da redondeza? O fato de ter ficado em casa durante os dias de carnaval, bem comportado, não me dá o direito de fazer a “folia” na quarta-feira de cinzas? Concordo plenamente quando dizem que sobre religião, time de futebol e mulher não se discute, alguém sempre perde violentamente, e portanto, respostas para minhas perguntas eu não tenho, e agradeço se alguém, sabendo, me der antes do meio-dia, por favor.
No entanto, nem sei se conseguirão vocês, caros amigos e amigas, ler este texto antes do horário do almoço. Digito este texto às escuras, sem internet. A constatação que faço agora é banal, mas infelizmente não podemos mais viver sem o advento mor do mundo globalizado. Se eu a tenho a desprezo, se a não tenho morro de saudade. E as tarefas vão ficando pendentes. Uma relação de amor e ódio entre eu e a internet. Fazendo uma analogia barata ao universo feminino: como tê-la sem compreendê-la? Há coisas na nossa vida que é melhor não tentarmos entender. Mas ela ta fazendo falta, e como. Espero que ela me perdoe por tantos xingamentos ao longo dos anos e volte pra mim, prometo uma trégua nem que seja por apenas cinco minutos. Depois? Depois voltamos certamente às turras de novo, afinal, sempre queremos mais um do outro.
Me esforcei para assistir os desfiles carnavalescos na televisão. Em vão é claro, pois fui traído pelo sono. Nem Porto Alegre, nem Rio de Janeiro, nem nada. Acho que estou ficando velho demais para a madrugada, velho demais. Prometi pra mim mesmo não me parar embodocado a frente da televisão para assistir qualquer lançamento cinematográfico temporal. Fui traído, neste quesito, pela falta de companhia no dia de ontem. Acabei terminando o dia tendo o dvd como parceiro. Tento não olhar filmes de cunho realista, que me fazem repensar minha vida, mas acabo na monotonia dos meus pensamentos as vezes infundados. Fazer o quê. Dos quatro títulos a minha disposição, escolhi justamente os dois que me fariam refletir mais tarde. Por onde ando? Para onde vou? Está na hora de chutar o balde e fazer tudo diferente? Pra variar sempre fico sem resposta, afinal, sempre vem um dia após do outro e eu esqueço de cobrar de mim mesmo a solução.
O título deste texto poderia ser: Crônicas de uma mente sem lembranças, ou algo do gênero. Só que a crônica (sim, o Campeiro escreve crônicas também. Aliás, L.F. Veríssimo e David Coimbra que se cuidem hehehe) que redigi até agora não é tão vaga. É apenas vaga e nada mais. Chamo isso de escrever a esmo após uma ressaca de um carnaval inacabado. Um carnaval que pra mim, diga-se de passagem, ainda nem começou.

Eu não disse que não tinha pra ninguém? IMPERADORES CAMPEÃ!

Forte abraço e bom “resto” de semana a todos.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Muito mais que um feriado

Era para ter outro texto aqui hoje. O redigi na última quarta-feira. Fazia uma crítica não ao carnaval, mas a forma como ele está sendo realizado na atualidade, financiado quase que exclusivamente com dinheiro público (pelo menos aqui no RS é assim) e ainda, a falta de coerência quando chega na hora de financiar a semana farroupilha, verdadeira tradição dos gaúchos, coisa nossa, a história deste povo. Infelizmente as disparidades são enfadonhas. Mas daí ontem eu comecei a achar que eu ia apanhar dos carnavalescos e foliões de plantão com as minhas palavras do texto original. Não que eu tenha medo de expor minhas idéias, bem pelo contrário, todos vocês sabem que eu defendo meu ponto de vista até as últimas conseqüências, no entanto, acho que eu estava sendo radical demais, afinal o que há de mal no divertimento do povo? Cabe salientar, contudo, que infelizmente muitos não sabem se divertir. Bebem além da conta e saem dirigindo e matando inocentes por aí, fumam todo o tipo de coisa e praticam sexo de qualquer jeito. Creio porém ser uma minoria esta classe de foliões, felizmente.
Hoje pela manhã, momentos antes de sair de casa, vi uma homenagem feita pelo programa Bom dia Brasil (Globo) ao intérprete Neguinho da Beija-Flor, uma figura histórica do carnaval carioca e brasileiro que esta sofrendo com um câncer no intestino. Confesso que nem gosto muito da Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis e muito menos de outra qualquer. Tenho sim, uma breve e modesta simpatia pela Estação Primeira de Mangueira e pela Acadêmicos do Salgueiro, mas breve e modesta mesmo. Aprendi com esta homenagem porque algumas pessoas gostam tanto do carnaval. O carnaval esta para o Neguinho da Beija-Flor assim como o tradicionalismo esta para Adelar Bertussi, Albino Manique, Gildinho, Edson Dutra,este Campeiro que vos escreve e tantos outros. O carnaval é toda sua vida, assim como a música gaúcha é toda vida destes nomes citados. São duas culturas unidas por um só amor: a música. E que me perdoem os que discordam, mas a música é certamente a primeira das sétimas artes que existem neste mundão sem fronteiras. Torço pela plena recuperação do Neguinho e de todas as pessoas que sofrem desta doença ou de qualquer outra desgraceira como esta. O Samba de raiz faz parte de história do Brasil e o Neguinho faz parte da história do Samba de raiz.
Este texto que estão lendo caminha para às suas derradeiras linhas com paz e tranqüilidade. Vamos ter este mesmo sentimento na hora de irmos para as ruas, clubes, enfim, para a festa de carnaval. Ninguém será menor que ninguém se não puder beber ou sair com “todas”. Lembre-se que o bem mais precisos que temos é a vida, a nossa e a dos outros. Portanto não cometa infrações que marcarão negativamente sua imagem para o resto da vida. Brinque, se divirta consigo mesmo e com seus amigos. Precisa mais? Claro que não. E não esqueça, o carnaval é bom mas festa não enche barriga de ninguém. Quarta-feira é dia de São Pega novamente (hehehe).

Ahhh, antes que eu esqueça: em Porto Alegre é IMPERADORES DO SAMBA e não tem pra ninguém.
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Grande abraço e um bom feriadão pra todos.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Arthur

Não tinha nada pra escrever hoje. Na minha cabeça, nada de interessante germinava até que me ocorreu uma situação bem chata instantes atrás. Ocorre que meu único irmão, o Arthur (que está lá em São Chico desfrutando de férias escolares), ganhou do meu primo um presente, um carrinho não sei das quantas lá. Acontece que em vez dele ficar feliz com o presente, ficou triste. Questionado pela minha avó o motivo, disse que dos outros ele ganhava presente, mas do irmão dele, eu no caso, não ganhava nada.
Pausa.
Gente amiga, isso me doeu no coração. Um remorso profundo toma conta de mim neste momento. E o pior é que ele tem razão, eu nunca dei nada de interessante pra ele mesmo. Talvez por ser muito mão de vaca, ou simplesmente por achar que não é com presentes que se conquista uma pessoa, mas sim com outros valores. Contudo, não passa pela minha cabeça dura que ele é uma criança ainda, as voltas de completar dez aninhos. O que eu considero correto e justo, nem sempre é o mesmo para ele.
Vou fazer um breve resumo da nossa relação: Arthur quando era pequeno tinha problemas de hiper-atividade. Era terrível o guri (hehehe). Aí, no ano de dois mil e três foi descoberto um problema ortopédico nele. Foram duas cirurgias nas pernas, meses engessado ou com um aparelho, um tempão usando muleta e anos de fisioterapia e hidroterapia. Tudo isso com quatro, cinco aninhos. Sofreu o Tuizinho (como o chamamos em casa). Contudo, nunca deixou de estampar um sorriso bonito no rosto. Agora, graças ao nosso bom Deus está tudo bem. Ele ama jogar futebol e é apaixonado pelo Inter (ahh se não fosse hehehe). Nos últimos tempos, anda gostando só de música gaúcha, porque “o mano gosta”. É um amor de pessoa. Ele me admira muito, segundo minha mãe, eu sou o ídolo dele. Confesso que não gosto muito disso. Tenho defeitos e não quero que ele cresça achando que eu sou um exemplo. Mas ele aprende com o tempo.
Bom, o texto hoje é curto. Estou chateado com toda esta situação. Vou melhorar, vou ser o irmão que ele espera, podem ter certeza. Podem ter certeza também que eu sou apaixonado pelo Arthur.
O mano te adora Arthur.

por Bruno


Abraço e uma boa semana a todos.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O Velho e o Rio

O Velho estava cansado. Nos últimos setenta anos tinha sido um peão de estância sem nenhum dia de folga ou férias, um único dia. Nem uma doença o atacava, o Velho não ficava doente, não podia ficar doente. Todas as manhãs encilhava o seu cavalo baio ruano e partia para mais uma campereada. Não sem antes é claro, apartar as vacas de leite. Teve também um tordilho negro e dois tubianos, mas o pingo baio ruano, a... Inesquecível. Nunca se queixou de sua lida na estância, mas naquele dia o Velho cansou. Alguma coisa não o tirou da cama forrada com pelego, algo estava diferente. O Velho estava completando oitenta anos naquele dia, que podia ser mais um dia igual aos tantos que já passou, com chuva, geada, neve, sol ou vento, ás vezes até uma mistura de tudo isso. Mas aquele, não era um dia igual aos outros. Não, não era. O Velho estava cansado.
Lembrou então o velho, sua memória estava intocável, do dia que completara dez anos de idade. Foi levado pelo pai até o povoado da capela de Santa Fé, não mais distante que sete ou oito horas da estância. Ficara maravilhado com todo aquele movimento, fora a missa e visitara bodegas e bolichos. Na ocasião ganhara de presente do pai um lenço colorado, o mesmo lenço que o acompanhara pelo resto da vida. Com dez anos de idade o Velho visitara pela primeira vez a civilização citadina. Fora também sua última, pois nunca mais saiu da estância, afinal, alguém tinha que fazer o serviço. O menino de dez anos de idade cresceu e acabou esquecendo do dia em que passeara com o pai. Mas naquela fatídica data, oitenta anos de idade, o velho lembrou. Mirou o prego fincado atrás da porta do quarto e avistou o mimo que o pai lhe dera. Judiado do tempo e do suor da lida, mas ainda assim intacto, bem como o amor e a admiração que o velho sentira pelo pai. O pai havia lutado ao lado de Bento Gonçalves na revolução farroupilha, a estância e uma junta de bois foram dados pelo próprio em agradecimento pela lealdade, fibra e coragem que o pai tivera ao lado do Presidente. O pai era um orgulho para o filho, não podia desaponta-lo jamais.
No entanto o Velho neste derradeiro dia sentiu algo diferente em si mesmo. Alguma coisa estava faltando. Vivia só, o velho, sem mulher nem filhos, afinal nunca teve tempo de procura-los mesmo, a lida não permitia. Custou a se levantar. Já de pé, olhou-se no espelho, coisa que a muito não fazia. Viu um rosto cansado coberto por uma barba que fazia uns cinqüenta anos que ali figurava. Então, pegou uma navalha velha que encontrara no fundo do armário, queria enxergar o homem que estava por trás daquilo. Saiu pro galpão sem a mesma agilidade dos últimos anos. Encilhou o pingo e montou com uma dificuldade que não existia até o dia anterior. O Velho estava cansado. Pegou o rumo do campo e passou a cavalgar a esmo, sem se preocupar com nada. Queria sentir o minuano batendo no rosto limpo, redobrando o chapéu e tremulando as franjas do pala.
Até que uma coisa fez o Velho parar abruptamente. Apeou do cavalo e ficou mirando aquilo de uma forma tão constante, que perdera a noção do tempo. Na sua frente estava o Rio. A o Rio. Quantas e quantas vezes tomara banho no Rio quando era criança. Ele conhecia aquele Rio, sua nascente, suas curvas, mas há setenta anos não se dava conta da existência daquele príncipe aguado. Bebia da sua água, a dava para os animais, irrigava o milho, o feijão e alguma outra coisa. Atravessava-o a cavalo quando o mesmo baixava, afinal tinha um capão de mato do outro lado. O pai estava lá descansando. Passava pelo Rio quase que diariamente mas sem vê-lo. Naquele dia contudo, foi diferente. Sentado numa pedra à sua margem, ouvindo o som sereno das águas correndo, o Velho se deu conta ali, que o Rio é igual a vida de qualquer um ser humano. Ele corre, encontra obstáculos, faz curvas, mas é também, calmo, ameno e sereno. Se deu conta então, o Velho, que durante setenta anos, viveu apenas metade da sua vida. Enxergou no leito do Rio, que qualquer um tem o direito de aproveitar um pouco da sua existência, que o trabalho engrandece um homem sim, mas que não é tudo. É preciso sonhar, amar, sentir medo e saudade. Só assim podemos ser completos.
O Velho estava cansado. E com fome também. Com fome de viver. Acreditem, nem mesmo os oitenta anos do velho foram capazes de impedi-lo de fazer o que queria nos seus últimos dias de vida. Nunca é tarde para se aprender a viver, mas quanto mais cedo a gente se dá conta, mais nossa alma estará completa.
O Velho e o Rio hoje andam juntos. E não há nada que possa impedi-los de serem felizes.
Únicos, o Velho e o Rio...



Abraço e um bom final de semana.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Gaúchos do litoral

Hoje não é um bom dia pra escrever e mesmo assim aqui me encontro. Sinceramente não tenho nada para falar, contudo prometi para mim mesmo que manteria uma regularidade neste espaço. Sendo assim, esforço-me para encontrar idéias úteis que possam transformar-se em palavras e sucessivamente frases. Enfim, um texto. Chego a conclusão neste instante, que era mais fácil fazer as redações dos tempos de Santa, quando a competentíssima professora de português sra. Vera Lúcia, nos fornecia o tema específico. Bastava estarmos antenados aos acontecimentos da sociedade. Poderia utilizar-me de qualquer problema da sociedade e vir aqui emitir uma opinião, mas estaria sendo vulgar demais. Bater em cachorro morto é fácil, é preciso inovação e não cópia descarada. Aliás, falando nos tempos de colégio, certa vez, já no fim do terceiro ano quase, a professora supra citada nos deu um tema quase livre, digo quase, porque tínhamos que falar sobre uma festa. Resolvi então falar sobre um baile. O título era sugestivo: Baile na Serra. Este merece ser reproduzido aqui. E será, certamente.
Para quem estava se queixando de falta de inspiração eu até que fiz um parágrafo inicial maior que de costume. Enquanto o escrevia lembrei-me de um assunto pertinente para esta época do ano: praia. Ainda não visitei o litoral neste corrente 2009. Talvez nem o faça neste verão, até porque as minhas férias já acabaram mesmo. A minha relação com a praia não é de amor, talvez no máximo de paixão. Sabe aquelas paixões avassaladoras que surgem do nada e só de vez enquando, que te deixam bobos por quatro, cinco dias e depois vão embora? Pois é, digamos que a minha relação com a praia é por aí. Prefiro serra, mais precisamente São Francisco de Paula. Talvez um dia eu até tenha uma casa na praia. Será em Garopaba, no nosso estado vizinho de Santa Catarina. Minha relação com Garopaba é diferente e eu não sei explicar. Tem coisas que são inexplicáveis mesmo.
O ponto que eu quero chegar me referindo ao litoral nesta postagem é quanto os moradores do mesmo. Digo moradores reais, não os que ficam sessenta dias durante o verão, ou os que vão um final de semana ou outro durante o ano. Habitantes dos municípios litorâneos. Vou ater-me aos do nosso estado, pois daria informações vagas quanto aos demais. Por aqui, existem de tudo um pouco. Funcionários públicos e do setor privado; ricos, remediados e pobres; brancos, morenos, mulatos, negros, índios... Enfim, pessoas comuns como em todo o lugar. Quando somos criança, sempre nos passa pela cabeça (pelo menos na minha passava) que a praia “funciona” só no verão. Depois se fecham portões imaginários e ninguém mais vai pra lá. Acredito que em algumas praias menores até pode acontecer caso semelhante a isso, mas na maioria o fluxo diário persiste ao longo de todo ano, claro, com maior número de pessoas na chamada alta temporada.Por incrível que pareça aos mais desavisados (bota desavisado nisso), existem no litoral também muitas fazendas, enormes criações de animais (gado, ovelha, cavalo), muitos CTG’s, rodeios e ginetes de renome. A este público que o enorme sucessos do grupo Os Tiranos se refere: Gaúchos do Litoral.
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Abraço e boa semana a todos.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Dois estilos no Rio Grande

Vai algum tempo que não principio uma discussão sobre os caminhos que o nosso regionalismo tem tomado. Talvez por comodidade, por falta de tempo, ou simplesmente para não querer ver o “circo” pegar fogo. Sim, porque como um bom gaudério que sou, tenho uma opinião formada a respeito, e certamente esta não agradará a todos vocês leitores. Contudo, na última terça-feira o tema voltou a tona em minha cabeça. Participando do programa Nosso Chão da Rádio Cinderela FM, comandado brilhantemente pelo meu amigo Diego Machado (também vocalista do Grupo Chão Gaúcho), surgiu como pauta os atuais “estilos” da nossa música gaúcha. Aí pergunto para vocês, meus digníssimos leitores: Quais os estilos da nossa música gaúcha?
Certa vez numa entrevista ao Segundo Caderno do jornal Zero Hora, o grande Gildinho dos Monarcas foi indagado sobre o que achava do dito Tchê Music, e o mesmo respondeu que respeitava os músicos que tinham seguido este caminho, pois afinal, “o sol nasceu pra todos”. Quando o meu amigo Diego me fez a mesma pergunta, não hesitei em dar a mesma resposta que o Gildinho. Isso porque eu realmente não tenho nada contra a estes colegas. Decidiram eles trilhar um caminho comercial ao cultural, e cabe a qualquer um de nós respeitar os seus motivos. Contudo, há uma diferença enfadonha de eu, por exemplo, respeitar os músicos do “estilo” tchê music e gostar dos serviços que os mesmos estão prestando à população, principalmente a nossa tradicionalista.
No complemento a resposta que dei ao Diego, salientei que a linha traçada pelo Grupo Fandangueiro era diferente. Venho de uma escola onde meus professores foram e ainda são, Irmãos Bertussi, Os Monarcas, Os Mirins, Os Serranos e tantos outros bons. Sou filho da cidade considerada a mais gaúcha de toda região serrana deste Rio Grande, São Francisco de Paula. Daí eu mesmo me pergunto: Com toda esta essência correndo em minhas veias eu poderia me bandear pro mexe-mexe e o bole-bole? A resposta é simples: Jamais! Sei que não faltarão argumentos tratando de me dizer que o mundo hoje é outro, que as coisa mudaram e que o jovem não gosta de música gaudéria autêntica. Será?
Vamos pegar novamente eu como exemplo. Ninguém precisou me ensinar a gostar do trancão dos Monarcas, a gostar de uma gaita, ou de um costado de violão. Tive meus momentos de descrença em face a musica gaúcha? Claro. Mas não posso bater muito nesta tecla porque foi um momento que eu estava descrente comigo mesmo. Hoje é diferente. Quando eu escuto o som fandangueiro, seja num baile, num show ou simplesmente num ensaio do Grupo Fandangueiro, um sentimento impar de alegria toma conta do meu ser e aquilo me motiva a cantar mais forte as coisas deste nosso estado. O regionalismo está no sangue de qualquer vivente nascido neste nosso estado, bastando as vezes, deixarmos que este viva no nosso cotidiano.
Mas por onde começar?
Esta na hora de fazermos um movimento de “re-fundação”(olha as frescuras da reforma ortográfica) do nosso tradicionalismo, começando pela a união das nossas entidades. Os CTG’s de hoje estão se perdendo na mesmice e assim, o público vai abandonando os seus galpões. Unidos, os CTG’s podem fazer promoções em conjunto, trabalhando muito menos e tendo uma resposta muito mais imediata. Está na hora de recuperarmos o público que perdemos pros bailões. Foi a fraqueza administrativa dos CTG’s que disseminou os bailões. Foram os bailões que abriram as portas pro tchê music. Portanto, meus caros amigos apreciadores deste blog, a culpa pelo surgimento dos “tchês” é nossa. Me incluo sim nesta culpa, não é hora de achar um verdadeiro culpado do tombo e sim trabalhar pelo levante de novo. Temos que ter consciência que evoluir é preciso, no entanto não podemos pautarmo-nos pelo modismo. Acompanhar os adventos da modernidade certamente não é fazer o que a mídia quer que façamos, pois afinal, o nosso caráter tradicionalista está acima de tudo.

E a resposta da pergunta sobre quais os estilos da música gaúcha?

Aprendi ao longo de minha vida que no nosso gauchismo tínhamos dois estilos: a música fandangueira ( musica autêntica, para dançar) e a música nativista. Na minha concepção continuam e sempre continuarão sendo estes dois os únicos estilos de nossa música. E aí um teatino grita: E a tal vaneira universitária? .... (hehe)... Bom, esta eu não conheço. Deve ser um estilo de música nordestina certamente. E o mesmo ainda pergunta? Mas e o Tchê Music? Bom, este, na modesta opinião deste que vos escreve, é mais um “estilo” fadado à sina do início, meio e fim. Aliás, o termo tchê é uma coisa tão nossa que não deveria ser usada em vão por aí.
Mas, e sempre tem um mas em tudo, não sejamos tão radicais, pois como disseste o Gildinho: O sol nasceu pra todos.
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Um forte abraço e bom final de semana a todos.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Coisa latente

Eu acho que eu já tinha ouvido falar no Velho Marconi, compositor gaúcho desta nossa região, contudo nunca me liguei muito para sua pessoa. Mas este mundo é cheio de coincidências. Na sexta-feira, no programa Prosa de Galpão da rádio Cinderela FM, tive a oportunidade de conhecer o tal do Velho Marconi que também se apresentou no programa. Indaguei meus companheiros de Grupo Fandangueiro querendo saber um sucesso feito pelo compositor e cantor e um deles me soprou: o Branco dos teu cabelo, aquela gravada pelos Garotos de Ouro. Aí me acendeu uma luz, pois afinal eu conhecia certamente uma música dos Garotos de Ouro com este título, contudo não conseguia lembrar-me da mesma. Pedi pra me soprarem um pedaço, e aí o meu grande amigo e gaiteiro Jackson, o São Borja, cantou o refrão com toda sua "afinação" entonante (hehehe).
Fiquei com aquela canção na cabeça, mas nada que me perturbasse. De repente, sábado no baile do Tchê Moçada, o Velho Marconi (Sim, ele estava lá) foi convidado assim como eu, para subir ao palco e cantar o seu sucesso, o Branco do teu cabelo. Desde então, latentemente esta música não sai de minha cabeça. Felizmente ela é boa, pelo menos. E é por isso, que lhes trago a letra nesta manhã nublada de fevereiro:

O Branco do Teu Cabelo - Velho Marconi

O que se planta germina sendo bem regado cresce
É como o verde do pampa e a natureza enobrece
Canção simples e modesta do pouco é que avisto muito
Mesmo assim não vejo tudo mas de nada me aborrece

O branco do teu cabelo não é, motivo pra ironia
Espelham conhecimento, experiência e sabedoria

Dos versos que hoje transmito do fundo do peito sai
Grito mais alto que posso eco não sei donde vai
E o vento forte assobia vai repontando lembranças
Traz aromas do meu pampa e faz ondas nos meus trigais

O branco do teu cabelo não é, motivo pra ironia
Espelham conhecimento, experiência e sabedoria


A nossa honra tem preço nada pode valer mais
São heranças dos meus troncos dos meus avós e meus pais
Digo isso com orgulho e quando meus filhos cresçam
Que eles também digam o mesmo sou igualzito ao meu pai

Resta-me agora, encaixá-la no repertório do GRUPO FANDANGUEIRO. De repente, cantada por mim mesmo.

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Grande fandango sábado a noite na Sociedade Gaúcha de Lomba Grande. Parabéns Luiz Cláudio "Cadinho" Reis, pela posse. São Chico de Paula orgulha-se de ti. Ahh, e obrigado Tchê Moçada pelo convite para palhinha (hehehe).

Um abraço a todos e uma boa semana.